Saiba como a descoberta pode reduzir em até 30% o custo na produção do biocombustível

A utilização do lodo proveniente de estações de tratamento de esgoto (ETEs) como um catalisador para a produção de biocombustível mostrou-se possível a partir de uma pesquisa chefiada pelo Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) em parceria com outros institutos de pesquisa. O artigo foi publicado este mês na revista científica Energy, periódico internacional multidisciplinar em engenharia e pesquisa de energia de grande notoriedade mundial.
A pesquisa foi chefiada pelo pesquisador do CBA, Flávio Freitas, pós-doutor em Química, e contou, ainda, com o biólogo Edson Silva, pós-doutor em Ciências de Alimentos, também integrante da equipe do CBA, além de pesquisadores do Instituto Federal de Educação Tecnológica (Ifam), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Edith Cowan University, da Austrália.
De uma forma bem simplificada, para produzir um biocombustível é necessária uma reação entre o álcool e a gordura que somente ocorre na presença de um catalisador. “O que fizemos na pesquisa foi modificar o lodo, que é um rejeito, para utilizá-lo como catalisador na reação”, explicou o chefe da pesquisa, Dr. Flávio Freitas. Para chegar ao resultado, os testes de laboratório e validação da pesquisa foram realizados nas dependências do CBA e das instituições parcerias.
A pesquiça
A pesquisa concluiu que utilização do catalisador a partir do lodo pode reduzir em até 30% o custo na produção do biocombustível, além de se mostrar um catalisador reutilizável e com possibilidade de regeneração. “Como produzimos a partir de um rejeito (lodo), há uma diminuição nos custos finais do biocombustível.
Também observamos que o catalisador a partir do lodo pode ser reutilizado e regenerado, diferente dos catalisadores disponíveis no mercado, que podem ser reutilizados, mas em uma proporção menor e também não possuem a capacidade de regeneração”, explicou Freitas.

Segundo dados do artigo, as estações de tratamento de água de Manaus produzem cerca de 20 toneladas de lodo diariamente. “O Plano Nacional de Saneamento Básico já prevê a questão do tratamento do esgoto e as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), em sua maioria, precisam terceirizar o tratamento dos rejeitos, enquanto, a partir da pesquisa, observa-se que esse mesmo lodo poderia até ser comercializado para uma empresa de produção de biocombustível, por exemplo”, observou o Dr. Edson Silva.
Os pesquisadores explicam que o protótipo da pesquisa abre diferentes nichos de mercado, com a possibilidade do uso do catalisador a partir do lodo nas empresas que já trabalham com biocombustível, a criação de novas empresas, ou ainda da própria produção de biocombustível na fábrica para abastecer a frota interna de veículos, por exemplo. “Essa pesquisa vai ao encontro da proposta do CBA, de transformar o que antes era um rejeito, em um produto de alto valor agregado (biocombustível), trazendo, ainda, uma solução ambiental, economicamente rentável para as empresas do Polo e gerando empregos na região”, disse Silva.
O artigo científico publicado está disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360544220319319.
Texto com informação da Assessoria
Fotos: Divulgação