A RenovaCalc foi adotada pelas usinas do Programa de biocombustíveis do governo federal, o RenovaBio
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Uma metodologia desenvolvida pela Embrapa e parceiros para contabilizar a intensidade de carbono dos biocombustíveis, a RenovaCalc, foi um dos destaques no Balanço Social da Empresa, o que reforça os impactos sociais e econômicos das entregas da pesquisa junto à sociedade.
A RenovaCalc não só contribuiu na consolidação do mercado de carbono no Brasil em 2020, mas também foi a ferramenta com que as 238 usinas cadastradas no Programa Nacional de Biocombustíveis – o RenovaBio, usaram para gerar os títulos certificados de descarbonização, os CBIOs, e obterem uma receita extra no ano de 2020.
O RenovaBio é uma política federal que visa estimular a expansão da produção de biocombustíveis no país em formatos mais sustentáveis. Na prática, cria e ordena o acesso a uma condição singular de mercado aos biocombustíveis com menor intensidade de carbono. A diferença dos índices de intensidade de carbono entre o biocombustível e o seu equivalente fóssil – etanol/gasolina ou biodiesel/diesel – é a rota de acesso aos CBios, passíveis de serem negociados na bolsa de valores.
O montante de negócios com esse tipo de título somente no ano passado ultrapassou os 14 milhões de CBios comercializados, gerando uma receita adicional de quase R$ 700 milhões na cadeia de biocombustíveis no Brasil.
O chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, explica que os resultados obtidos pela RenovaCalc estão em perfeita consonância com a responsabilidade social da Embrapa.
Ele lembra que é uma tecnologia que foi construída com baixo aporte de recursos financeiros diretos, mas utilizando muito conhecimento acumulado pelas equipes técnicas em anos de pesquisa.
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“Quando consideramos o investimento direto (recurso financeiro aplicados no desenvolvimento da tecnologia) e o indireto (custos de salário e encargos dos técnicos), vemos que a RenovaCalc teve uma taxa interna de retorno de mais de 400% em 2020″
Ainda Marcelo “a relação benefício/custo foi de 49,28%, considerando os custos de pessoal, pesquisa, administração e transferência da tecnologia. Morandi acrescenta que “além do retorno financeiro, é importante frisar o retorno ambiental, com quase 15 milhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa evitados no ano de 2020.” E conclui: “isso mostra o quanto vale a pena investir em ciência e tecnologia”.
Como nasceu a RenovaCalc
No ano de 2017, a Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (SPG/MME) demandou à Embrapa a construção de uma proposta metodológica de cálculo da intensidade de carbono de biocombustíveis para o então nascente Programa Renovabio.
Como recorda a pesquisadora da Embrapa, Marília Folegatti, que liderou o processo de gestão técnica na construção da ferramenta na empresa, foi criado o Grupo de Trabalho de Avaliação do Ciclo de Vida do Renovabio (GT-ACV).
O GT foi incialmente composto por 12 pesquisadores especialistas nas diversas áreas de conhecimento, como sistemas de produção agro-energéticos, modelagem de processos de produção de biocombustíveis, geoprocessamento, modelagem para mudança de uso da terra e avaliação de ciclo de vida (ACV). Um time de cientistas de entidades parceiras oriundos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Agroicone, além da Embrapa.
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Marília destaca que na construção da metodologia houve amplo debate com todos os segmentos da sociedade envolvidos no tema, além de consultas públicas que ressaltaram o caráter democrático e científico que compõe a identidade da RenovaCalc. Segundo ela, “a proposta da RenovaCalc foi amplamente debatida em diversas oportunidades com órgãos de governo e com o setor produtivo, sempre no sentido de trazer todas as visões e reforçar o caráter científico das decisões tomadas. ”
A pesquisadora destaca que foi um processo detidamente pautado na transparência e no mais amplo diálogo com os diferentes atores envolvidos, direta ou indiretamente com RenovaBio, e isso “foi muito importante para agilizar também todo o processo de construção do arcabouço legal do Programa. ”
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Com informação da Assessoria da Embrapa
Fotos: Divulgação