O Banco Central (BC) elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 para 3,5%, acima dos 3,2% estimados anteriormente. A revisão foi anunciada no Relatório de Inflação trimestral divulgado nesta terça-feira (19). O documento atribui a mudança à “surpresa positiva” dos dados do terceiro trimestre e a indicadores do quarto trimestre já disponíveis.
O resultado do terceiro trimestre, divulgado pelo IBGE, mostrou um crescimento de 0,9% na economia brasileira em relação ao trimestre anterior, acumulando alta de 3,3% entre janeiro e setembro. Em 2023, o PIB cresceu 3,2%.
Apesar do otimismo com o desempenho econômico, o BC destaca uma perspectiva de desaceleração para os próximos anos. Fatores como o aperto monetário, o menor impulso fiscal e as condições globais contribuem para uma previsão de crescimento mais moderado de 2,1% em 2025.
Setores e consumo
A revisão para 2024 reflete principalmente o avanço no setor de serviços, com projeção de crescimento ajustada de 3,2% para 3,8%. Por outro lado, a agropecuária enfrenta uma previsão negativa de -2%, devido à revisão das estimativas de produção agrícola.
Na demanda interna, o consumo das famílias foi destaque, com projeção ajustada de 4,5% para 5,3%, enquanto os investimentos das empresas subiram de 5,5% para 7,3%. Em contrapartida, o consumo do governo foi revisado para baixo, de 2,7% para 1,9%.
Inflação em alta e impacto da Selic
O BC também revisou a projeção da inflação para 2024, que subiu de 4,3% para 4,9%, superando o teto da meta de 4,5%. Para controlar o aumento dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) prevê novas elevações na taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano.
“O aumento da projeção de inflação resulta da atividade econômica mais forte que o esperado, da depreciação cambial e do aumento das expectativas inflacionárias”, explicou o BC.
Desafios futuros
Embora o relatório reconheça avanços econômicos, ele ressalta que o cenário permanece desafiador, com pressões inflacionárias e menor espaço para estímulos fiscais. Em 2025, a inflação está estimada em 4,5%, ainda próxima ao limite superior da meta.
Com um cenário global de crescimento limitado e medidas domésticas mais restritivas, o BC reforça que o equilíbrio entre crescimento econômico e controle da inflação será crucial nos próximos anos.
Texto: Sandrine Moraes
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil