A travessia do rio era determinante para o agronegócio pois encurtava 100 Km entre Alegrete e Itaqui; sem a balsa tinham que percorrer 250 Km por terra
Balsa é uma embarcação de fundo chato, com pequeno calado, para poder operar próximo às margens e em águas rasas, e grande ‘boca’, muitas vezes utilizadas para transporte de veículos.
No Rio Grande do Sul, na divisa dos municípios de Alegrete e Itaqui, eles são separados pelo rio Ibicuí e a travessia é realizada por uma balsa puxada por um pequeno rebocador. Por ali passam carros, motos, ônibus, caminhões carregados de gado e grãos.
Durante esse trajeto, que leva aproximadamente 10 min, dá pra ver a beleza do rio e suas lindas paisagens. Nas margens temos uma areia fina e branca, a mata verde destaca a natureza local.
No ano de 2013, a balsa parou de funcionar, pois estava velha e com desgastes do tempo. A Marinha do Brasil atestou que não tinha mais condições de navegar, por representar perigos. A balsa era administrada pela Associação de Moradores do Mariano Pinto e Rincão da Chácara. A interrupção do tráfego da balsa causou prejuízos aos produtores e moradores da localidade, porque a balsa era responsável pelo escoamento da produção, fluxo de pessoas e veículos.
Passou muito tempo dessa caminhada em busca de resolver os problemas da balsa e da comunidade envolvida. Foi criada a Associação para o Desenvolvimento da Balsa do Mariano Pinto e dos municípios de Alegrete, Maçambará e Itaqui (Ammai).
Reuniram-se produtores e moradores da região e fundaram essa entidade, para administrar a balsa e procurar mais desenvolvimento para essa região.
As comunidades precisavam muito da balsa, por onde passa a produção agropastoril, tratam da compra de gados, cavalos, trigo, aveia, arroz, além da integração social. Mas, principalmente, o comércio ‘passa’ em cima da balsa. A embarcação tem 30 m de comprimento e 6 m de profundidade.
A travessia do rio era determinante para o agronegócio, também o frigorífico de Alegrete, arroz, trigo dependiam do serviço, pois encurtava 100 Km entre Alegrete e Itaqui; sem a balsa tinham que percorrer 250 Km por terra.
A balsa Mariano Pinto, percorreu 500 Km pela rodovia até chegar em Alegrete, pesa 51 toneladas, veio do Vale do rio Jacuí até a fronteira oeste do RS. Ela veio de reboque, 96 pneus, puxados por um potente caminhão. Quando chegou a localidade de Mariano Pinto (subdistrito de Alegrete) foi lançada no rio Ibicuí, fazendo a travessia Alegrete e Itaqui, com capacidade de 120 toneladas. Com a inauguração da balsa, compareceram os políticos da época e ligou os municípios de Alegrete, Itaqui e Maçambará.
O rio Ibicuí é um afluente do rio Uruguai, e o significado da palavra “Ibicuí” é “terra de areia”, na língua Tupi Guarani. Ele tem 673 Km de extensão.
A balsa seguiu o seu rumo e voltou a funcionar em 2016. Hoje, ela se tornou indispensável. A sua travessia liga Universidades Federais, estaduais e privadas, por onde passam alunos e professores da UNIPAMPA, URCAMP, UERGS, Instituto Federal Farroupilha, UNOPAR, UNINTER e outras.
Também passam por ela produtores, comerciantes, vendedores, caminhoneiros, pacientes para os hospitais, enfermeiros e a comunidade em geral. A embarcação também liga o Brasil com a Argentina. Agora temos a balsa Mariano Pinto fazendo a sua travessia ,diariamente, e contribuindo pelo crescimento da população.
E como diz na música: “Balseiros do rio Uruguai” de Barbosa Lessa.
“Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço pra gente.
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu…
Edição: Dulce Maria Rodriguez
Fotos: Reprodução