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As adequações dos professores e dos alunos por causa da pandemia

Para que o ano letivo não seja perdido em 2020, alunos aprendem a mexer na plataforma do governo, mas outra turma não tem acesso a internet. Professores não dominam os equipamentos e assim como os alunos aproveitam a aprendizagem digital, só que é muita coisa

Mais alguns depoimentos de aluna e professora sobre as dificuldades de poder passar ensinamentos aos alunos. Alunos que estão desistindo dos cursos, por falta de computador, celulares, internet, enfim por causa dessa pandemia toda, muitos irão perder um ano de ensinamentos, outros passarão de ano sem saber nada, muitos desistiram e nem sabem se retornam mais a estudar.

Helena Valente Comassetto

16 anos – 2º ano do ensino médio

Colégio Raymundo Carvalho – Alegrete

 

 “…Estudo em colégio particular e desde que entramos em quarentena, eu fiquei só um mês sem aulas, o colégio em seguida se organizou com o material e as aulas. Tenho aulas todas as manhãs das 7.45hs até 12.10hs como era nas aulas presenciais. Às vezes tenho aulas aos sábados, como no período normal do ano letivo.

Nó início tive dificuldades pra aprender a mexer na plataforma (google meet), mas agora já aprendemos. Tivemos recesso de uma semana agora no mês de julho. Retomamos as aulas e nessa volta as câmeras dos alunos precisam estar ligadas, antes não precisava.

Eu preferia as aulas presenciais, é melhor para podermos tirar nossas dúvidas com os professores, além de eu conseguir focar mais na aula, sendo que isso depende de uma pessoa para a outra adaptar-se ou não. Eu vou copiando as aulas, passo para os cadernos e assim vou aprendendo a lição.

Agora com as câmeras ligadas ficaram melhores as aulas, porque nos envolvemos mais com as aulas e nos obriga estar ali e com a câmera desligada, os alunos não prestavam atenção nas aulas e ficavam mexendo no celular. Agora as aulas já estão melhores do que antes…”

Ana Luiza Pias

Professora estadual – noturno

 Colégio Estadual Emílio Zuñeda

“…Sou professora de 4 turmas e de 4 matérias, dos Cursos Técnicos de Contabilidade e Administração. O que eu posso dizer é que tem muita confusão, porque uma hora dão um caminho para nós e depois mudam. Eu e meus colegas, estamos com dificuldades de dinheiro, muitos não tem computadores para fazerem tudo que nos pedem.

Agora estão exigindo que demos uma aula teórica, com vídeos, slides, eu optei para me comunicar com os alunos, não somente através da plataforma, até porque tenho turma que ninguém entrou na plataforma ainda e outras turmas com 16 e 18 alunos na turma, enviando e recebendo trabalhos pela plataforma do governo estadual. 

Tenho turma que devolveu o material por escrito, porque não tem acesso a plataforma digital.

Os métodos que foram passados para nós, tivemos que ensinar aos alunos, aprendemos através da parte pedagógica é tudo tão diferente, num período que nós professores não estávamos preparados para isso.

Nós professores não dominamos os equipamentos, tem o letramento, que são cursos de aproveitamentos digital, de aprendizagem digital para os professores, só que é tanta coisa, são tantas tarefas que acabamos peneirando o que é mais prático e rápido, para aprendermos e repassar para os alunos.

Nos cursos técnicos, os alunos trabalham o dia inteiro, em comércios, escritórios e outros, chegam de noite em casa e não possuem mais ânimo de estar pesquisando, os celulares também não ajudam muito, não tem armazenamento suficientes.

Outra preocupação grande é a avaliação dos alunos, pois a ideia é de que ninguém vai repetir o ano, mas temos que recuperar de todas as formas possíveis. Inúmeros alunos que trabalham estão sumidos das aulas, deram a desculpa que iriam parar este ano, porque nem conheceram os professores direito.

Disseram que não conseguem acompanhar as aulas, muitos não tem celulares, computadores ou internet, enfim não estão aprendendo nada deste ano letivo. Falo isso em termos de alunos adultos e pessoas que possuem uma outra vida em casa, quando chegam dos trabalhos, tem filhos, tem marido, tem comida pra fazer, arrumar a casa, falta vontade e tempo para estudar.

Andei gravando aulas no celular, estou fazendo exercícios e vou comentando com os alunos, vou filmando e mando pelo WhatsApp para eles. Tento ajudar o máximo possível, mas na verdade quem está acompanhando as aulas são aqueles alunos que vão se formar este ano. O colégio está ligando para os alunos, chamando para voltarem as suas aulas novamente. É triste mas é essa a realidade do ensino noturno…”

Texto Márcia Ximenes Nunes

Edição: Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Arquivo e Reprodução  

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