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Amazonas é o maior produtor de castanha e o segundo em cultivo de açaí

O valor total da produção da extração vegetal no Amazonas cresceu 9,8% no ano passado e somou R$ 300,8 milhões, mesmo com a produção mantendo estabilidade. O diferencial veio do valor do açaí, que cresceu 27,3%, em ritmo superior ao da produção (+3,3%). Apesar disso, Rondônia e Maranhão, que contam com maior cesta de produtos voltados para a exportação, tiveram índices de crescimento maiores. Em âmbito nacional, o valor da produção florestal teve desempenho ainda melhor e atingiu o recorde de R$ 30,1 bilhões com alta de 27,1% e produção em 4.884 municípios. 

O Amazonas é o maior produtor brasileiro de castanha-do-pará –ou castanha-do-brasil –e o segundo maior de açaí. Foi responsável por 35,1% da oferta nacional de castanha com a produção somando 11.737 toneladas e contabilizou R$ 38,5 milhões. Mas, perdeu para o Acre em termos de valores (R$ 57,2 milhões), embora a safra do vizinho (9.800 toneladas) tenha sido menor. Na cultura do açaí, o Estado (45.208 toneladas e R$ 94,9 milhões) só perde para o Pará (154.433 toneladas e R$ 617,3 milhões) que respondeu por 68% do total colhido no Brasil (227.200 toneladas e R$ 771,2 milhões). 

Em termos de silvicultura, o Estado se destaca em madeira em tora. A produção (875.662 metros cúbicos) subiu 3,67% e foi a quarta maior em todo o país, sendo puxada por Itapiranga (167.982), Manicoré (145.000) e Lábrea (120.000). Mas, o valor arrecadado (R$ 136,3 milhões) encolheu 8,40%. Na média nacional, a silvicultura manteve a trajetória de crescimento retomada em 2020 (+21,3%), com aumento de 26,1% e R$ 23,8 bilhões em 2021. Os dados são da pesquisa sobre PEVS (Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura) 2021, realizada e divulgada pelo o IBGE.

O valor de produção da extração vegetal do Brasil saltou de R$ 4,7 bilhões para R$ 6,2 bilhões, entre 2020 e 2021. A região Norte avançou 26,67%, com R$ 3 bilhões (2021) contra R$ 2,2 bilhões (2020). Todas as unidades federativas obtiveram ganhos, principalmente Rondônia (+268,13% e R$ 544,1 milhões). O Amazonas (+9,8% e R$ 300,8 milhões) caiu do quarto para o sexto lugar do ranking nacional de extração vegetal, em termos de valores, sendo ultrapassado por Rondônia e Maranhão. O maior número veio do Pará (R$ 1,9 bilhões). O grupo de produtos alimentícios foi o único a experimentar alta no Estado (+23,48% e R$ 139,9 milhões), graças principalmente à valorização do açaí.

Codajás e Humaitá

No grupo dos alimentícios, o açaí continuou registrando a maior participação (31,5%) na produção vegetal do Amazonas em termos de valores (R$ 94,9 milhões), com alta de 27,3% sobre 2020. A safra (45.208 toneladas), entretanto, foi apenas 3,3% maior. Ficou atrás do Pará (154,4 mil toneladas e R$ 617,34 milhões) e à frente do Maranhão (18,1 mil toneladas e R$ 40,5 milhões). O fruto é coletado de uma palmeira nativa da região amazônica, tendo 91,9% de sua extração concentrada na região Norte (209,1 mil toneladas e R$ 730,7 milhões), que teve altas respectivas de 3,2% e 9,8%. 

O município amazonense com maior produção de açaí é Codajás (12 mil toneladas) –que aparece também na terceira posição do ranking nacional. Na sequência estão Humaitá (4.700 toneladas) e Lábrea (4.600 toneladas). Já os três municípios com maiores valores foram Codajás (R$ 20,4 milhões), Itacoatiara (R$ 15,7 milhões) e Lábrea (R$ 8,1 milhões). 

No caso da castanha-do-pará, o IBGE informa que a produção local (11.737 toneladas) se manteve estável e representou, embora seu valor adicionado (R$ 38,5 milhões) tenha subido 10,8%, representando uma fatia de 12,8% da extração vegetal do Estado. Líder nacional na cultura, o Estado respondeu por 35,1% da oferta. Em todo o país, a safra da castanha-do-pará sofreu variação positiva de 0,8%, alcançando 33,4 mil toneladas. Entretanto, o descolamento do valor da produção (R$ 142,4 milhões) foi ainda maior, com incremento de 44,5%, no mesmo período. O ranking nacional e estadual é encabeçado por Humaitá (4.500 toneladas), Boca do Acre (895 toneladas) e Codajás (730 toneladas).

A produção de madeira em tora (875,6 mil metros cúbicos) do Amazonas também apresentou desempenho contraditório com os valores alcançados no mercado (R$ 136,3 milhões) –que foram menores em 2021. Ocupando a quarta posição do ranking, o Estado foi precedido apenas por Mato Grosso (4,5 milhões de metros cúbicos e R$ 783,5 milhões), Pará (3,9 milhões de metros cúbicos e R$ 1,1 bilhão) e Rondônia (3 milhões de metros cúbicos e R$ 532,5 milhões).

No total, 33 municípios do Amazonas produziram madeira em tora, em 2021, com destaque para Itapiranga (167.982 metros cúbicos), Manicoré (145.000) e Lábrea (120.000). De 2020 para 2021, houve redução de 52% em Silves (72.000) –que ficou em sexto lugar – e aumento de 300% em Itapiranga. Em termos de valores de produção, os maiores números se concentraram em Itacoatiara (R$ 33,6 milhões), Lábrea (R$ 25,2 milhões), e Silves (R$ 19,4 milhões).

Qualidade e mercado

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, enfatizou à reportagem do Jornal do Commercio que a madeira em tora é o produto com maior destaque em termos de valor de produção, enquanto os produtos vegetais do grupo alimentício ocupam a segunda posição. Sem entrar em detalhes, o pesquisador observa que o Estado segue com potencial não plenamente explorado nas atividades em questão. 

“Mesmo com um grande potencial extrativo, o Estado continua ocupando posições de retaguarda em se tratando de valor de produção da extração vegetal e até mesmo em quantidades. Produtos como a castanha-do-pará e o açaí possuem potencial muito grande para gerar divisas importantes para o Amazonas. Mesmo assim, municípios como Codajás, com o açaí, e Humaitá, com a castanha-do-pará, conseguem se destacar entre os maiores produtores nacionais”, ponderou.

Indagado sobre os motivos de os valores de algumas commodities do Estado não acompanharem a dinâmica de sua produção, Adjalma Nogueira Jaques toma como exemplo a castanha e lembra que este é um produto sazonal e com variedade e qualidade diferenciada, dispondo de produtores de diversos portes. Ao mesmo tempo, o destino de produção pode ser interno ou externo, e a forma de comercializar (em casca, in natura, industrializado, etc) também pode fazer a diferença. “Assim, é possível que produtores do Acre tenham um produto de melhor qualidade e exportem, enquanto no Amazonas, a qualidade não foi tão boa, e toda ou parte da produção foi para consumo local”, concluiu.

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o gerente de Agropecuária do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, destaca que os produtos florestais tiveram valorização significativa em 2021, o que ajuda a explicar os resultados. “Esse aumento está relacionado à alta do dólar e à volta da produção das indústrias. A alta mais expressiva ocorreu no valor de produção florestal (+27,1%). Desse valor, grande parte (79,3%) vem da silvicultura, ou florestas plantadas, enquanto a extração vegetal responde por 20,7%”, concluiu, acrescentando que a participação da silvicultura vem crescendo a cada ano, em detrimento do extrativismo vegetal.

Fonte: Jornal do Comércio

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