Com a fronteira com a Venezuela fechada há 2 meses, as ações estão focadas em garantir atenção à saúde e fortalecendo a interiorização dos imigrantes do vizinho país, a meta é acolher profissionalmente no Brasil 36.000 venezuelanos este ano
Novo Hospital de Campanha de Boa Vista, área de proteção e cuidados
Desde 2018, a Operação Acolhida oferece assistência emergencial aos imigrantes venezuelanos que entram no Brasil pela fronteira com Roraima. Desde o início da crise migratória, estima-se que 264.865 venezuelanos solicitaram regularização migratória no país, segundo última atualização da Polícia Federal, no dia 11 de maio 2020.
Com a pandemia do Coronavirus, há 2 meses a fronteira está fechada e não pode receber ninguém, nem tem processos novos em andamento. “Hoje é um grande desafio manter a operação com a pandemia do Covid-19. É uma crise dentro de outra crise. A crise de saúde dentro da crise humanitária”, informou o Comandante da Força-Tarefa Logística Humanitária, General de Divisão Antonio Manoel de Barros.
Atualmente, 640 militares realizam a força-tarefa humanitária e implementaram um protocolo rígido, para que a pandemia não passe para os abrigos, com 3 ações fundamentais: monitorar, Isolar e tratar, conforme o seu Plano Emergencial de Contingenciamento para o Covid-19. “Já estamos conseguindo uma curva achatada com os venezuelanos, porque além das medidas protetivas, temos muito controle com as medidas de isolamento”, explicou o General, um dos mais experientes sobre a realidade amazônica.
Assim que chegaram no Brasil, os imigrantes venezuelanos foram acolhidos em um dos 13 abrigos de Roraima, divididos em Família / Solteiros/Indígenas. Atualmente, em 11 abrigos estão 5.500 pessoas vulneráveis e outros 500, no abrigo Indígena.
O general Barros disse que nem todos os imigrantes são acolhidos. Há aqueles vulneráveis e os desassistidos. Ele citou qual é o critério de diferenciação. “Por exemplo, um homem de 30 anos sem dinheiro é desassistido, mas se tem filhos e está doente, então é vulnerável. Uma mulher solteira sem dinheiro é desassistida, porém se tem filhos é vulnerável. Só entram nos abrigos as pessoas vulneráveis”.
Com tantas pessoas para atender, os resultados dos protocolos da operação contra o Covid-19 são positivos.
Dos venezuelanos nos abrigos de Boa Vista, Pacaraima e Manaus, tem 161 em isolamento (sendo 6 em Pacaraima), 145 suspeitos (sendo 5 em Pacaraima), 44 positivados (sendo 27 recuperados) e, unicamente, 1 óbito.
Expostos ao risco de contaminação, foi previsível que alguns militares contraíssem o vírus, mas o contágio entre militares da Operação está controlado, graças aos procedimentos de testes e isolamento em qualquer caso suspeito da doença.
Hospital novo
Barros relatou que tiraram o hospital de campanha de Pacaraima e levaram para Boa Vista, para ampliar o atendimento a uma maior quantidade de pessoas necessitadas nesta época de pandemia. Em parceria com o Governo do Estado de Roraima e a Prefeitura de Boa Vista e Universidade Federal local montaram o hospital de campanha.
Foi criada a área de proteção, para isolar os suspeitos de coronavirus, possui 220 unidades habitacionais fornecidas pelo ACNUR, Agência da ONU para refugiados, e a área de cuidados, com 80 leitos já prontos. Foram iniciados os trabalhos para ampliação para mais 702 leitos, totalizando 782 leitos que prestaram assistência a todos os contagiados moradores da região, sejam os venezuelanos acolhidos ou brasileiros.
Nos abrigos da Operação Acolhida, os venezuelanos recebem “proteção social e alimentação”, disse o General. Entre as ações estão: 3 refeições por dia; distribuição de fraldas e kits de higiene pessoal; de limpeza da área; aulas de português; atividades para crianças; culturais; lúdicas; e recreativas. Também há fornecimento de matéria-prima para artesanato aos indígenas Warao; provisão telefônica para comunicação com parentes na Venezuela; e proteção e defesa dos direitos; e segurança permanente.
A interiorização como solução
Para o Comandante a solução humanitária para os imigrantes venezuelanos não é oferecer abrigo e sim a interiorização, ou seja, o deslocamento voluntário de Roraima para outros estados brasileiros, com objetivo de inclusão socioeconômica. Além de diminuir a pressão sobre os serviços públicos do estado de Roraima.
Desde o início da estratégia , entre abril de 2018 até o dia 11 de maio de 2020, já foram interiorizadas 35.567 pessoas para mais de 376 cidades brasileiras em 24 Unidades da Federação. Esse número soma os esforços realizados pelo Governo Federal, Agências das Nações Unidas e organizações da sociedade civil.
“Apenas os imigrantes regularizados no país, imunizados, avaliados clinicamente e com termo de voluntariedade assinado, podem participar das ações de interiorização. Existem diferentes modalidades, que incluem: saída de abrigos em Roraima para abrigos em uma das cidades de destino; reunificação familiar; reunião social; e com vaga de trabalho sinalizada”, disse o General.
Os abrigos podem ser estaduais, municipais, da sociedade civil ou federais mistos, com moradia fornecida por entidade da sociedade civil ou organização religiosa.
A meta para 2020 é a interiorização de 36 mil pessoas, 3 mil mês, e foi cumprida em janeiro e fevereiro. Já para março com a pandemia foi reduzida a 1.200. Agora, o objetivo é 1.000 mês. Os venezuelanos estão começando um processo de capacitação intensa para estarem prontos para partir.
IMIGRAÇÃO VENEZUELANA EM NÚMEROS
264.865 venezuelanos solicitaram regularização migratória
889.859 atendimentos realizados na fronteira
388.010 doses de vacina administradas
129.558 solicitantes de residência
216.738 Atendimentos Sociais
251.670 CPFs emitidos
89.173 carteiras de trabalho
Atualizado em 11/05/2020
Fonte: Exército Brasileiro ‘Operação Acolhida’
Texto: Dulce Maria Rodriguez
Fotos e vídeo: Assessoria de Comunicação Operação Acolhida