A falta de infraestrutura e energia elétrica, a situação da estrutura portuária e das estradas que dificultam a logística, são freios para o desenvolvimento da Agroindústria no Estado. Principalmente naqueles municípios mais distantes da capital
É difícil quantificar o número de agroindústrias existentes no estado Amazonas, pois variam desde os pequenos empreendimentos familiares, que possuem processos de produção artesanais, aos mais complexos, disse o gerente de apoio à Agroindústria do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Willis Vieira Meriguete.
A agroindústria é o ambiente físico equipado e preparado onde um conjunto de atividades relacionadas à transformação de matérias-primas agropecuárias provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura são realizadas de forma sistemática.
Têm a finalidade de transformar as matérias-primas, prolongando sua disponibilidade, aumentando seu prazo de validade, diminuindo a sua sazonalidade além de agregar valor aos alimentos in natura, procurando manter as características originais dos alimentos.
A agroindustrialização da produção realizada pelos agricultores familiares se constitui em uma importante alternativa de geração de emprego e renda no meio rural. É uma alternativa econômica para a fixação dos agricultores familiares no campo e para a construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável na cadeia agrícola, salienta o Instituto de Desenvolvimento Rural, (Ruraltins).
Nesses empreendimentos, os agricultores são protagonistas do processo, atuando ao longo de toda a cadeia produtiva: produção, industrialização e comercialização. Além disso, ofertam alimentos saudáveis, seguros e saborosos. Além de preservar a identidade culinária e cultural dos locais de origem.
Presente: Por enquanto
Segundo o gerente do Idam, Willis Vieira Meriguete, os principais desafios para o desenvolvimento da Agroindústria no Amazonas estão relacionados à infraestrutura, logística, energia elétrica, estrutura portuária e estradas. Principalmente naqueles municípios mais distantes da capital.
Salientou que o Governo do Amazonas para apoiar o desenvolvimento da agroindústria no estado, implementa incentivos fiscais através da redução e isenção da carga tributárias do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), linhas de crédito através da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM) e o Banco da Amazônia (BASA). Além disso fomenta, por meio de editais públicos, direcionados às organizações da sociedade civil, sejam cooperativas ou associações.
Além de investimentos e auxílio diretos aos agricultores familiares, o Governo do Estado tem impulsionado a produção por meio de apoios à agroindústria, viabilizados por meio de políticas públicas e assistência técnica aos empreendedores.
No entanto, diversidade de produtos Amazônicos está sendo industrializados. Destacam-se a castanha do Brasil, açaí, guaraná, cupuaçu, taperebá e abacaxi, entre outros, disse Willis.
A Castanha-do Brasil
A castanha-do-Brasil é uma espécie de exploração extrativa da Amazônia. Para coletar seus frutos não é necessário o licenciamento ambiental, ação que não gera impacto à floresta, conservando assim o ambiente e contribuindo com o equilíbrio ecológico.
Sua produção vem sendo fomentada pelo Idam, por meio do Projeto Prioritário da Castanha-do-Brasil. O resultado desse trabalho foi um aumento significativo da produção no estado, que chegou no ano passado a mais de 16 mil toneladas, segundo dados do Idam.
Conforme dados do Relatório de Atividades do Idam, os municípios que mais se destacaram na produção de castanha-do-brasil cultivada no Amazonas, em 2019, foram Fonte Boa, Amaturá, Beruri, Urucará e o distrito de Novo Remanso, em Itacoatiara.
Juntos, os cinco municípios abrangem cerca de 3 mil agricultores familiares produtores de castanha, que contribuíram com uma produção superior a 5,2 mil toneladas.
Já no extrativismo tradicional, os principais municípios foram Coari, Tapauá, Boca do Acre, Canutama e Humaitá, com 1,3 mil extrativistas e uma produção de 11,8 mil toneladas.
A castanha-do-brasil se destaca como uma fonte de renda alternativa para os agricultores familiares, com o benefício de que sua coleta não requer nenhum dano à floresta.
Tempo longo para amadurecer
Segundo a chefe do departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal (Datef) do Idam, Nadiele Pereira Pacheco, a castanha-do-Brasil é um fruto que leva um tempo razoavelmente longo para amadurecer, 18 meses.
“Por esse motivo, e aliado às questões de mudanças climáticas, existe uma irregularidade na produção entre as safras. Em regra geral, é um ano de alta seguido de um ano de baixa produção. Em 2020, consideramos que foi um ano de produção razoável, e a perspectiva é de 2021 ser um ano de baixa produção”.
De acordo com Nadiele, o Projeto Prioritário da Castanha-do-Brasil, e, consequentemente, a adoção das boas práticas de manejo por parte dos beneficiários do projeto, estão entre os caminhos para não só aumentar a produção como também qualificá-la, através de medidas para o manejo que proporcionem a conservação da espécie, a geração de emprego e renda para as populações tradicionais, e o fornecimento de um produto alimentício saudável.
Atualmente, cerca de 6,5 mil produtores fazem parte do processo produtivo da castanha-do-brasil no estado, dentre os quais aproximadamente 2,8 mil tiveram o apoio de visitas técnicas do Idam em 2019, informou o Instituto.
Iniciativa privada
Ainda em agosto deste ano, o Idam, junto à Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), acompanhou a inauguração da fábrica de beneficiamento da castanha-do-brasil de Tapauá (a 449 quilômetros de Manaus) a Agroindústria Abufari que anuncio a geração de 350 empregos diretos e indiretos.
A região do Rio Abufari apresenta a segunda maior produção de castanha do município de Tapauá, especificamente nas comunidades Fazenda do Abafuri e São Sebastião, Novo Paraíso, Bom intento e Guajau.
“Cerca de 98% da castanha oriunda do extrativismo era levada para a usina do estado do Pará. Essa situação gerava emprego e renda lá e não no Amazonas. Trouxemos a parceria com o Idam e promovemos curso de boas práticas de manejo da castanha para os castanheiros que vão fornecer as castanhas para a fábrica, para que consigamos gerar renda, receita e emprego para as pessoas de Tapauá”, explicou o presidente da Abufari, Leonardo Baldissera.
Em 2019, a produção de castanha chegou a 6.650 toneladas. A meta do Idam é promover o aumento da produção estadual para 15.000 toneladas até 2022.
Atualmente o Amazonas possui agora 12 agroindústrias de beneficiamento da castanha-do-Brasil. Desse total, seis são formadas por Organizações da Sociedade Civil nos municípios de Amaturá, Boca do Acre, Beruri, Barcelos, Manicoré e Lábrea. As demais são da iniciativa privada estabelecidas em Manaus e nos municípios de Humaitá, Coari, Tefé, Itacoatiara e atualmente em Tapauá.
Renda a partir da Castanha
Antes da pandemia pelo Covid-19, Artemir Guerra de Oliveira Souza (30) e sua mãe Dona Marlene Guerra de Oliveira (61) vendiam suas Castanhas nas feiras dos shoppings, estacionamentos e panificadoras.
Ele lembrou que vendiam na média, 100 quilos de castanhas na semana, mas com o fechamento dos centros comerciais pelo decreto do isolamento social para o combate da pandemia pelo coronavirus, a forma de distribuir seus produtos mudou.
O carro chefe na distribuição do empreendimento “Marlene produtos regionais” foi o delivery em condomínios. “Tivemos que nos virar para continuar no negócio. Nosso foco maior está no delivery de Castanhas. Vendemos 50 quilos de castanha e produtos regionais, em média na semana. 90% dos deliveries, são para condomínios localizados na Ponta Negra, Dom Pedro, V8 e Parque 10. Para as empresas panificadoras apenas vendemos 30 quilos por semana”, disse Artemir.
Na banca de Dona Marlene a Castanha é a estrela. Tinha castanha do Brasil natural a R$ 40,00 Kg, moída R$ 40,00, torrada R$ 43,90, moída assada R$ 40,00 Kg, filetada assada R$ 40,00, também oferecem castanha de caju inteira sem sal R$ 70,00 Kg, em bandas sem sal R$ 55,00 e caramelizada R$ 55,00
Segundo Artemir seus clientes são a maioria idosos e ainda estão temerosos de frequentar as feiras dos shoppings, pela pandemia. Por isso, ele continua levando suas castanhas até os domicílios. A castanha é a fonte de renda dele e da sua família.
Beneficios da Castanha-do-Brasil
É rica em selênio
Cada 28 gramas de sementes de Castanha contêm 774% da ingestão diária recomendada (IDR) de selênio. O selênio é um mineral que é extremamente vital para o corpo, pois tem um forte poder antioxidante, combate os radicais livres e diminui a inflamação, fazendo bem para a saúde em geral.
Faz bem para o coração
O consumo de castanhas ajuda a reduzir o colesterol “ruim” em mais de 25%. A castanha-do-pará tem um teor surpreendentemente alto de gorduras insaturadas saudáveis, comumente conhecidas como HDL ácidos graxos ômegas 3. Isso inclui ácido oleico e ácido palmitoleico. Essas variedades de gorduras insaturadas, magnésio, vitamina E, e selênio contidos na castanha estão relacionadas ao equilíbrio do perfil de colesterol e à melhoria da saúde do coração.
Tem ação anti-inflamatória
Os altos níveis de ácido elágico e selênio da castanha-do-Brasil a tornam um excelente alimento anti-inflamatório. O ácido elágico também tem propriedades neuroprotetoras. E zinco reduz inflamações e ajuda a eliminar toxinas.
Aumenta os níveis de testosterona
O selênio dietético pode ajudar a melhorar a qualidade, a motilidade e o volume dos espermatozoides, de acordo com um estudo publicado no Journal of Urology. Os níveis de testosterona nos homens e a quantidade de espermatozoides estão correlacionados, quanto maior a testosterona, maior a contagem de espermatozoides. A L-arginina presente na castanha também é um tratamento eficaz para a disfunção erétil.
Tem ação antioxidante
Os abundantes antioxidantes da castanha-do-Brasil ajudam na prevenção de muitas doenças crônicas. Um estudo realizado no Departamento de Cirurgia Oncológica, Roswell Park Cancer Institute, em Buffalo, Nova York, mostrou que a glutationa ativada pela presença de selênio é um antioxidante enzimático que elimina os radicais livres em todas as partes do corpo.
Melhora o humor
Baixos níveis de selênio estão ligados à ansiedade, estresse e cansaço, de acordo com uma pesquisa citada na revista Biological Psychiatry. Assim, a ingestão regular de castanha-do-Brasil, que é rica em selênio, pode ajudar a aliviar os vários problemas como depressão, humor, fadiga e estresse.
Numa próxima edição tocaremos outros produtos Amazônicos.
Texto Dulce Maria Rodriguez
Fonte: Idam, Ruraltins, WWF e Organic Facts
Fotos: Divulgação