O primeiro presidente americano a visitar Manaus, Joe Biden, afirmou, neste domingo (17), que a marca do mandato dele “são as lutas contra as mudanças climáticas”.
“Minha administração foi a primeira a retornar ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Lançamos o Compromisso Global pelo Metano, que já conta com 150 nações. Entregamos um financiamento climático recorde para países em desenvolvimento e nos comprometemos a fornecer 11 bilhões de dólares por ano até 2024”, afirmou.
O discurso de Biden feito na Reserva Florestal Adolpho Ducke, situada no Museu da Amazônia (Musa) cujo cenário é de floresta primária em plena área urbana, enfatizou que “a Amazônia é o coração e a alma do mundo”.
O presidente dos EUA divulgou o aporte de US$ 50 milhões ao Fundo Amazônia e pontuou a “base forte na área ambiental” que deixa ao sucessor dele, o presidente eleito Donald Trump, que deve assumir o cargo daqui dois meses.
“As contribuições dos EUA subiram para US$ 100 milhões, com valor ainda sujeito a aprovação do Congresso. A ideia é aplicar os recursos para conservar terras e águas, proteger a biodiversidade e enfrentar a crise climática.
Joe Biden fez questão de falar do orgulho em ser o primeiro presidente dos EUA em exercício a visitar a floresta amazônica e relembrou sua trajetória política no final dos anos 80, quando ele “era senador e trabalhando com um grande senador republicano chamado Dick Lugar, de Indiana, se esforçaram para aprovar uma nova lei: “os EUA perdoariam dívidas de outros países com nosso governo caso eles se comprometessem a proteger suas próprias florestas. Essas trocas de dívida por natureza já protegeram quase 70 milhões de alqueire de florestas em todo o mundo.
“Chico Mendes, um seringueiro brasileiro que se tornou ativista ambiental, disse o seguinte, e cito: ‘A princípio, pensei que estava lutando para salvar as seringueiras. Depois, pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica. Agora percebo que estava lutando pela humanidade’. As soluções mais poderosas que temos para combater as mudanças climáticas estão ao nosso redor: as florestas do mundo. As árvores absorvem dióxido de carbono da atmosfera. E, no entanto, a cada minuto, o mundo desmata o equivalente a 10 campos de futebol.
Por isso, lideramos internacionalmente a luta para acabar e reverter o desmatamento até 2030,” assegurou.
Investimento no Fundo Amazônia
Ao anunciar um investimento de US$ 50 milhões no Fundo Amazônia, Joe Biden ressaltou que “é do interesse de todos. E que os EUA se beneficiam disso tanto quanto qualquer outro país, incluindo o Brasil. “Também tenho muito orgulho de apoiar a legislação bipartidária para lançar uma nova fundação, para a conservação internacional, que alavancará fundos públicos para mobilizar bilhões adicionais em capital privado, para apoiar a conservação da natureza em todo o mundo, porque a luta para proteger nosso planeta é literalmente uma luta pela humanidade e pelas gerações futuras. Pode ser a única ameaça existencial para todas as nossas nações e para toda a humanidade”, enfatizou.
Biden ainda desafiou: agora qual governo ficará no caminho e qual aproveitará a enorme oportunidade econômica?
“É verdade que alguns podem tentar negar ou atrasar a revolução da energia limpa que está em andamento nos EUA, mas ninguém, ninguém pode revertê-la. Ninguém. Não quando tantas pessoas, independentemente de partido ou política, estão aproveitando seus benefícios. Não, quando países ao redor do mundo estão aproveitando a revolução da energia limpa para avançar também”.
Para encerrar o discurso, Biden sugeriu: “A história está literalmente nos observando agora. Então, vamos preservar este lugar sagrado, para o nosso tempo e para sempre, em benefício de toda a humanidade”, encerrou.
Joe Biden desembarcou em Manaus neste domingo (17). Ele sobrevoou a floresta amazônica, em meio ao cenário da vegetação tropical, após visita ao Museu da Amazônia (Musa).
O presidente dos Estados Unidos chegou ao Musa por volta das 14h (horário de Manaus), deste domingo. Ele foi recebido pelo diretor-geral da entidade, Filippo Stampanoni, já a visita no museu foi guiada pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Henrique dos Santos Pereira.
Após a visita de Joe Biden a Manaus, ele seguiu para a reunião da cúpula do G20, que terá início nesta segunda-feira (18). Desde dezembro de 2023, o Brasil está na presidência do grupo. Entre as principais pautas da reunião está o enfrentamento à crise climática.
Texto: Conceição Melquíades
Fotos: Aline Rocha/flickr.com/photos/embaixadaeua-brasil