O cultivo de cacau no Brasil é possível por causa dos 65 anos de trabalho de excelência desenvolvido pela Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira).
Reconhecida como Instituição de Ciência e Tecnologia, a Ceplac, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realiza pesquisas e desenvolve tecnologias para a conservação de recursos genéticos e melhoramento do cacaueiro, incluindo a prevenção fitossanitária.
“A nova revolução cacaueira passa pela modernização dos modelos de produção e mecanização dos processos. Assim, escreveremos a nova história do cacau no Brasil”, destaca o diretor Ceplac, Waldeck Araújo, em comemoração ao aniversário da instituição, celebrado no dia 20 de fevereiro.
Recuperação
Apesar da recente expansão da cacauicultura para áreas não tradicionais, ainda existe no Brasil um déficit na produção de amêndoas de cacau para suprir a capacidade das indústrias processadoras aqui instaladas.
O país, que, em meados da década de 1980, era o segundo maior produtor de cacau do mundo, foi rebaixado à condição de importador, após os cacauais (predominantemente do sul da Bahia) serem afetados pelo fungo vassoura-de-bruxa no auge de sua produção.
Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), a capacidade de moagem das indústrias na Bahia é de 275 mil toneladas de amêndoas ao ano, e no Brasil soma mais de 300 mil toneladas. Mas, a brusca queda de produção tornou as plantas industriais ociosas e a importação se tornou opção para que a cadeia não fosse ainda mais afetada.
O desafio de enfrentar a praga e retomar as posições pedidas no ranking mundial fez com que a Ceplac desenvolvesse clones (de plantas de cacau) com resistência à vassoura-de-bruxa e alto potencial de produtividade.
São 4.767 acessos clonais e seminais na coleção de germoplasma de cacau, criada pela Comissão e considerada uma das maiores do mundo. Isso tudo para assegurar a conservação das bases genéticas que permitiram criar um programa de melhoramento genético para o cacau.
Além do controle genético, a vassoura-de-bruxa encontrou seu inimigo natural em outro fungo, o Trichoderma stromaticum, que está presente no primeiro bioinsumo desenvolvido para o controle da praga. O bioinsumo foi disponibilizado aos agricultores pela Ceplac e Mapa, agora, recebe a autorização para produção pela indústria e comercialização.
“Temos um agente antagônico disponibilizado aos produtores que representa 97% de eficiência no controle da vassoura-de-bruxa”, explica Waldeck Araújo.
As tecnologias de melhoramento do cacaueiro, de prevenção fitossanitária, juntamente com a expansão de novas áreas plantadas corroboram para a retomada da autossuficiência nacional.
A meta estabelecida pela Ceplac é atingir a autossuficiência do país na produção de cacau até 2025 com 300 mil toneladas por ano, e alcançar 400 mil toneladas até 2030, o que permitirá ampliar as exportações de cacau, derivados e chocolate, com potencial de elevar o Brasil para a terceira posição entre os maiores produtores de cacau no mundo.
Fotos: Arquivo Ceplac