Tomei a liberdade de calibrar as habilidades do futuro sugeridas por Murilo Gun a partir das mudanças que a pandemia trouxe
Como será o mundo no futuro? De que maneira os profissionais encontrarão espaço no mercado de trabalho? Quais as habilidades serão necessárias a esses profissionais?
Tais questões têm permeado com constância as discussões entre os mais diversos grupos e profissionais. Passar pela pandemia não é uma questão de opção, mas a grande pergunta deve ser: de que maneira nós sairemos dela.
Neste sentido, antes de sugerir ou conjecturar sobre quaisquer cenários, existem questões importantes para serem levadas em consideração neste mundo em mudança.
As mudanças profundas no macroambiente nos dão alguns indicadores, entre elas a compreensão de que há algo acontecendo no mundo e que está invertendo os valores do conceito sobre um profissional “bem-sucedido”.
Neste novo cenário, estar sempre ocupado pode não ser mais sinônimo de felicidade (qualidade de vida). Trata-se de um paradigma que muda. O profissional pós-coronavírus precisa, antes de tudo, compreender as mudanças ao seu redor. No mundo VUCA (VOLÁTIL, INCERTO, COMPLEXO e AMBÍGUO), olhar para o mundo com atenção é a principal habilidade para adequar-se à essas necessidades.
O surto da magnitude do covid-19 causou mudanças profundas na sociedade. Afetaram negócios, governos e sociedade, criando condições necessárias para a disrupção. Cada vez mais haverá maior valorização para serviços especializados, adequados e diferenciados para as necessidades dos clientes.
No contexto da distribuição de renda, por exemplo, a crise econômica impactou profundamente os negócios de todos os cenários, em especial os microempresários. Muitos MEIS (Micro Empreendedores Individuais) perderam renda de um dia para o outro. No entanto, essa mudança pode ser propícia para modelos de negócios que atendam outras necessidades.
O quesito infraestrutura, por exemplo, mais do que nunca a crise do coronavírus mostrou a importância de uma infraestrutura de internet como base dos processos educativos e também comerciais. A mobilidade passou a mudar de status na cadeia de suprimentos. A situação de hospitais e estradas também, acenderam sinal amarelo para a uma atenção que talvez, em algum momento, tenha deixado de ser priorizada.
Empresas que viviam alguma fragilidade não suportaram as mudanças profundas em todos os cenários e, simplesmente, quebraram.
Com um mundo inteiro em transformação, não seria diferente para os profissionais que buscam colocação ou recolocação no mercado de trabalho.
Com base nesses questionamentos, o palestrante Murilo Gun, professor de criatividade e fundador da Keep Learning School, vem ao longo dos anos refinando as principais habilidades desejadas do “profissional do futuro”.
A partir do meu entendimento dos estudos dele, e com base na minha experiência ao longo dos anos auxiliando empresas e empresários pelo mundo, tomei a liberdade de revisar / calibrar /combinar as “habilidades do futuro” com as mudanças que são necessárias para sobrevivermos a era pós-coronavírus. Vamos lá!
Primeira Habilidade – Inteligência intrapessoal
Precisamos aprender a lidar com nossas emoções. E isso pressupõe a capacidade de se conectar consigo mesmo, gerindo as emoções e controlando nossos medos para que ele não nos domine.
Calibrando a primeira habilidade: fazer meditação tornou-se necessário, é preciso viver o momento presente. Além disso, é preciso treinar nossas habilidades de: escutar, ter empatia, ter paciência (estamos cada vez mais impacientes), compreensão, resiliência.
Segunda habilidade – Inteligência interpessoal
É preciso rever a capacidade de relacionar-se com o outro, e para isso é essencial compreender sonhos e desejos do outro, dialogar, comunicando pensamentos e emoções.
Calibrando a segunda habilidade: Valores como cuidar, respeitar, colaborar, cooperar nunca foram tão essenciais, As equipes nas empresas precisam estar bem distribuídas, com profissionais de lideranças criativas, que se utilizem da comunicação não-violenta como premissa para as relações no ambiente de trabalho. O momento pede uma comunicação estabelecida com base nas relações horizontais, totalmente na contramão de um modelo de comunicação baseado no medo ou na barganha. É preciso valorizar mais e melhores feedbacks, a autogestão, e os métodos ágeis para desenvolvimento de novos projetos.
Terceira Habilidade – Inteligência criativa
Ser criativo é não se contentar com a primeira resposta certa!
É preciso aprimorar nossa capacidade de chegar em coisas novas, sendo melhor no que se faz. O profissional disruptivos é aquele que consegue “sair da caixinha”, rompendo padrões e gerando valor de forma percebida.
Calibrando a terceira habilidade: Vários países têm dado exemplos de novas ideias conectadas com o momento: raves, drive-thru, tapetes sinalizando distanciamento social, entre outros, nos mostram a emergência de modelos de negócios criativos e inovadores.
Quarta Habilidade – Inteligência inter artificial
É muito importante que se analise o papel da tecnologia nas nossas vidas e rotinas diárias. Quem domina quem? Você é o que você quer ou o que consegue com a tecnologia?
Relacionar-se com a tecnologia prevê o domínio sobre ela, com uso saudável, aproveitando todas as suas potencialidades. Usar, e não ser usado por ela.
Calibrando a quarta habilidade – A utilização de plataformas como zoom, meet, teams, são uma realidade. Todo mundo precisou se adaptar. Empresas precisaram implantar deliverys com entregas “empáticas” e mais carinhosas. Drones, robôs, chatbots, e novos aplicativos vão sendo, pouco a pouco, implantados nas rotinas diárias. A telemedicina com consultas e atendimentos à distância, por exemplo, já são um exemplo disso.
Quinta Habilidade – Inteligência inaprendedora/educadora
O novo cenário nos desafia a repensar nossa capacidade de aprender a aprender. É preciso mudar com a mudança do mundo, assumindo responsabilidades, entre elas, a de aprender com prazer.
Calibrando a quinta habilidade: O conceito de propósito tornou-se simplesmente, essencial para os tempos que vivemos. Por isso é tão importante que se encontre o ikigai, conceito japonês que estimula o equilíbrio entre o que se gosta de fazer com o que se sabe fazer, com o que mundo precisa e com o que se é pago para fazer. Quando encontramos o nosso Ikigai, o nosso fluxo criativo flui.
Conceitos como e-learning, gamificação e microlearning, já são práticas necessárias no mundo que vivemos. Este último consiste em aproveitar os minutos do dia para pílulas de conhecimento, simplesmente uma postura proativa de aprendizagem permanente.
Atributos dos negócios pós-coronavirus
As conclusões a que chegamos é que tudo se torna virtual. Os hábitos de relacionamento social, as ocupações, o trabalho, tudo depende da tecnologia.
Há impactos profundos nas relações de confiança ao que se refere ao consumo de produtos e serviços com segurança, por exemplo.
A infoxicação também se tornou algo relevante. Para se manter equilibrado, é preciso escolher que tipo de informação se consome em meio a tantas notícias de pânico. Valor é sinônimo de estar seguro.
Em meio aos desafios das demandas e adaptações, é preciso adequar-se também às necessidades individuais de cada profissional. Ao invés de ficar sonhando com a recolocação naquele grande cargo almejado, se o momento pede adaptação e aprendizado, é atrás disso que o profissional deve ir em busca.
Nenhum tipo de trabalho é degradador. O momento pede conexão com as pessoas, estar atento às oportunidades que possam ser algo que agregue valor para alguém. Há caminhos.
É preciso calcular a rota de forma constante. O profissional sobrevivendo, mais do que nunca, é aquele se adapta rapidamente.
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