A cidade de Manaus (AM) deu início à primeira edição do Inova Amazônia nesta quinta-feira (9), com uma atmosfera de celebração da cultura e das riquezas da região. O evento, que ocorre no Centro de Convenções da Amazônia – Vasco Vasques, atraiu mais de cinco mil inscritos para dois dias de atividades gratuitas.
A abertura oficial contou com a presença de autoridades, representantes do Sistema Sebrae e parceiros, onde o público presente fez um minuto de silêncio em solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Durante a abertura do evento Inova Amazônia, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Amazonas, Antônio Carlos da Silva, enfatizou o papel fundamental dos pequenos negócios no desenvolvimento regional. Em seu discurso de boas-vindas aos participantes, Silva ressaltou que os pequenos empreendimentos desempenham um papel crucial na economia local, impulsionando o crescimento e gerando empregos.
“O Inova Amazônia surge neste atual cenário como uma estratégia direcionada para pequenos negócios, startups e empreendimentos inovadores aliada à bioeconomia”, avaliou Silva.
Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional, aproveitou a ocasião para destacar a importância de um novo olhar sobre a Amazônia, enfatizando a união da inovação com a sustentabilidade como um motor de desenvolvimento econômico que gera emprego e renda. Ele ressaltou o papel fundamental da bioeconomia e dos pequenos negócios na economia brasileira.
“É preciso compreender que não podemos mais imaginar, no mundo atual, um processo econômico que não contemple a sustentabilidade e a inovação. Esses dois conceitos estão revolucionando a economia tradicional, principalmente em regiões com uma biodiversidade tão rica como a Amazônia”, falou.
Adriana Melo, representante do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, afirmou que o governo federal vê na bioeconomia um modelo de desenvolvimento viável para a Amazônia, integrando inclusão socioprodutiva, inovação e conhecimento tradicional.
“A bioeconomia consegue integrar muito facilmente as diretrizes de inclusão socioprodutiva e a inovação, a partir do conhecimento tradicional e da potencialidade econômica”, explicou.
O vice-governador do estado, Tadeu de Souza, também prestigiou o evento, destacando o esforço conjunto do setor público e privado para impulsionar um desenvolvimento sustentável que transforme a vida das pessoas da região.
“Recebemos em Manaus empreendedores e pesquisadores, de dentro e fora do país, que pensam a Amazônia do amanhã”, comentou.
Ananda Pessoa, diretora superintendente do Sebrae Amazonas, ressaltou a oportunidade do evento para mostrar a riqueza, beleza e qualidade dos produtos produzidos na Amazônia, incluindo aqueles com Indicações Geográficas.
“Não é à toa que a Amazônia é lembrada por todos. Vocês vão ver aqui o que já fazemos e entregamos para o Brasil e para o mundo. São produtos de alto nível feitos a partir da floresta, com a chancela do INPI, como Indicações Geográficas”, enfatizou.
O Inova Amazônia conta com o apoio do Governo do Amazonas e de parceiros como Vale, AL-Invest Verde, Finep e Rede Amazônica. Durante os dois dias do evento, os visitantes terão a chance de conhecer 80 negócios focados na conservação da biodiversidade e no desenvolvimento econômico sustentável, além de participar de mentorias, rodadas de negócios, palestras e do 1º workshop de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Amazonas.
Expositores
A startup ZARPAR está revolucionando a forma como as pessoas compram passagens de barco em Belém-PA. Com seu aplicativo inovador, a empresa conecta passageiros diretamente às empresas de navegação, proporcionando uma maneira fácil, rápida e segura de adquirir bilhetes sem sair de casa.
Samuel Novaes, CEO da ZARPAR, explica que o objetivo da startup é desbloquear a burocracia e os inconvenientes enfrentados pelos passageiros ao comprar passagens de barco. “Nós conectamos os passageiros com empresas de navegação, facilitando esse processo principalmente para aqueles que não podem ir até o porto, enfrentar horários inadequados ou enfrentar filas na hora da compra”, destaca.
Um dos principais diferenciais da ZARPAR é oferecer comodidade e segurança aos passageiros. Além de permitir a compra de passagens pelo aplicativo, a empresa disponibiliza informações sobre o transporte mundial e um sistema de gerenciamento de bilhetes e financeiro para as empresas de navegação.
Originária do Maranhão, uma região que faz parte da Amazônia Legal, a equipe por trás do Gin do Luar está transformando a cena de destilados com sua abordagem única que combina tradição e inovação.
Inicialmente, a empresa começou com uma produção modesta de gin, seguindo a receita tradicional com zimbro e especiarias. No entanto, ao participar do Inova Amazônia em 2022 e 2023, eles viram a oportunidade de explorar os recursos naturais da Amazônia em sua produção.
“Foi lá que desenvolvemos um produto com ingredientes autênticos da Amazônia”, explica a supervisora da fábrica, Mônica Loiola. “Usamos coco babaçu, capim limão, acerola, abacaxi e pimenta-do-reino, todos provenientes da nossa região”, complementou..
Além da inovação nos ingredientes, o Gin do Luar também incorpora uma forte responsabilidade social em sua produção. As especiarias são adquiridas de comunidades quilombolas locais, proporcionando um meio de sustento para essas comunidades.
“Na fábrica, apenas mulheres trabalham”, acrescenta a supervisora. “Estamos orgulhosas de promover a inclusão e empoderamento feminino em nossa equipe.
Gabriela Gouvea, presidente da Associação de Produtoras de Leite e Queijo de Marajó, destaca a importância histórica e cultural do queijo produzido na Ilha do Marajó, no extremo norte do Pará. Com o maior rebanho de búfalos das Américas, a ilha tem produzido queijo há mais de 250 anos, inicialmente com leite de gado bovino.
“O queijo do Marajó é considerado uma comida ancestral, mantendo a mesma receita tradicional ao longo dos séculos. Conseguimos regulamentar essa produção para garantir sua qualidade e segurança, mantendo a receita original feita com leite cru”, explica Gouvea.
A conquista da Indicação Geográfica foi fundamental para reconhecer e proteger esse patrimônio cultural. “A Indicação Geográfica tem o poder de desenvolver o território através de um produto ou sabedoria”, destaca Gabriela. “O queijo do Marajó é mais do que um alimento; é um elo para a gastronomia, turismo e preservação do campo e da floresta”, reforça.
Altair Petrus, CTO da empresa Péd’açaí, apresenta a primeira plataforma de compra e venda de açaí no mundo, uma iniciativa que visa unir quem produz o fruto com quem o consome, proporcionando negócios vantajosos para todos os envolvidos.
O açaí, além de ser delicioso e nutritivo, é um símbolo da Amazônia e de seu povo. A missão da Péd’açaí é levar tecnologia e agilidade ao mercado do açaí, tanto para produtores quanto para consumidores, sempre mantendo valores éticos, inovação, segurança digital, desenvolvimento social e sustentabilidade ambiental.
“Nosso objetivo é facilitar o acesso ao açaí de qualidade, promovendo o desenvolvimento sustentável da região e valorizando seus produtores. Queremos proporcionar visibilidade para as marcas e agilidade nas vendas através de nossa plataforma”, destaca Petrus.
Alex Pascoal, CEO da empresa Carvão de Açaí, está liderando uma iniciativa inovadora que produz carvão a partir de materiais descartados, como o caroço de açaí e o fino de carvão vegetal, um resíduo da produção tradicional de carvão.
“A nossa missão é transformar toda a produção de carvão vegetal, que atualmente emite gases poluentes e contribui para o desmatamento, em uma produção totalmente ecológica, limpa e sustentável”, explica Pascoal.
Comparado ao carvão vegetal tradicional, o carvão de açaí da empresa apresenta diversos diferenciais significativos, incluindo maior durabilidade, maior poder de queima e menos emissão de fumaça.
“Estamos muito felizes em participar deste evento, que está sendo de grande importância para nós, possibilitando várias trocas e até mesmo vendas do nosso carvão”, acrescenta Pascoal.
Texto e Fotos: Beatriz Costa.