Estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), identifica a ocorrência e distribuição de isolados do fungo fitopatogênico Corynespora cassiicola, causador da doença conhecida como mancha-alvo, e sua resistência aos fungicidas Tebuconazol, Azoxistrobina, Carbendazin e Boscalida, em testes in vitro e em plantas de tomate.
Intitulado “Resistência de Corynesposa cassiicola à fungicidas no Amazonas”, a pesquisa finalizada em abril de 2023, foi realizada no âmbito do Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, realizou a coleta de isolados do fungo, a partir de plantas de tomate, mamão e pepino, nos municípios de Manaus, Iranduba (distante a 27 km da capital), Presidente Figueiredo (117 km) e Rio Preto da Eva (57 km).
Apesar de já ter sido encontrada fonte de resistência genética ao fungo em outros países. No Brasil, os dados são limitados, sendo somente em pepino japonês, com resistência total e em soja, com resistência parcial.
A mancha-alvo é um fungo fitopatógeno (microrganismo que causa doenças das plantas) responsável por afetar diversas culturas agrícolas, principalmente a de tomate, mas que pode prejudicar outras culturas como, por exemplo, mamão, pepino e berinjela.
Por ser de ocorrência endêmica no Amazonas, as doenças causadas pelo fungo requerem manejo ao longo de todo o ano, pois podem causar prejuízos aos produtores, principalmente no tomateiro. É considerada a principal doença de parte aérea da cultura no Norte e Nordeste do país, sendo aquela que afeta folhas, ramos e até frutos.
A coordenadora da pesquisa e doutora em agronomia (fitopatologia), Jânia Lília da Silva Bentes Lima, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), detectou que o maior número de isolados resistentes foi encontrado para a Azoxistrobina.
“Essa informação é relevante para que novas medidas de controle sejam adotas de forma integrada, reduzindo o uso destes pesticidas, que podem não ter a eficiência esperada no campo, devido a presença de isolados resistentes do fungo”, explicou Jânia Lima.
Ela complementou ainda que o teste foi realizado em laboratório, com diferentes concentrações dos fungicidas, em que foram testados para determinar a ocorrência de resistência in vitro. Além disso, os testes em tomateiros foram realizados para confirmar a resistência aos produtos em condições in vivo.
A pesquisa contou com parcerias da University of Tennessee e da Embrapa Amazônia Ocidental, gerou uma tese de doutorado que, atualmente, está em fase de publicação de artigo, e possibilitou a apresentação de trabalhos em congressos científicos.
Apoio da Fapeam
“O apoio da Fapeam foi fundamental para a execução do projeto, que demandou recursos para aquisição de reagentes, material de consumo e permanente. Sem o aporte financeiro da Fapeam, a proposta não poderia ter sido executada”, enfatizou Jânia Lima.
Sobre o Universal Amazonas
O Programa financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento do Estado do Amazonas.As propostas submetidas ao Programa Universal Amazonas devem estar alinhadas às áreas estratégicas definidas para o Estado, bem como proporcionar benefícios diretos, voltados para o desenvolvimento econômico ou social de municípios do interior do estado.
Fotos: Nathalie Brasil/Fapeam