RIO BRANCO (AC) . Chocados com os relatos ouvidos de moradores e seringueiros da reserva extrativista Chico Mendes, de lideranças empresariais e políticos locais, no final da segunda diligência no Acre, os senadores integrantes da CPI das ONGs anunciaram que , na próxima quarta-feira vão protocolar no Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, um pedido de investigação das denúncias de maus tratos e abusos de agentes do Instituto Chico Mendes (ICMbio) que administram a reserva que engloba terras de centenas de famílias de pequenos agricultores.
O presidente da CPI, senador Plínio Valério (PSDB-AM) vai documentar os depoimentos coletados na reserva e hoje no segundo dia da diligência, na assembleia legislativa do estado, em Rio Branco, para levar ao MPF e ao Ministério da Educação.
“Expulsando pequenos produtores na ponta do fuzil que até ontem eram donos de seus pedaços de terra, de repente essas pessoas se tornam marginais , queimam tudo, botam metralhadora na cabeça de idosos e essas pessoas não tem a quem recorrer porque esses agentes do ICMbio se consideram com o poder divino de decretar como essas pessoas vão viver, vestir , comer. Essa hostilidade que as ONGs provocam precisam ser combatidas e e mostrar para você brasileiro , que é quem vai tomar a decisão : quem são os bandidos e quem são os vilões. Todos que deram os depoimentos, além das denúncias de abusos como a queima de pontes usadas por alunos para chegar a escola, agressões físicas e tortura de idosos com fuzis apontados em suas cabeças, também saudaram a realização das CPI das ONGs como uma oportunidade para dar voz ás vítimas de uma política ambiental cruel. Os empresários pediram ajuda para destravar o prolongamento da BR-364 que liga a segunda maior cidade do Acre, Cruzeiro do Sul ao Peru, para escoar a produção, ativar o turismo e atendimento médico.”
O senador Alan Rick (UB-AC) disse que os moradores da resex Chico Mendes e pequenos produtores do Norte do País são seres humanos, mas estão sendo tratados como animais.
“Não vou sobreviver no campo comendo capim, eu não sou herbívoro”, protestou o deputado estadual Adailton Cruz (PSB) , pedindo ajuda e agradecendo a vinda da CPI ao Acre.
O deputado Tanízio de Sá (MDB-AC) relatou o pavor vivido pelos moradores do campo. Em um dos vídeos mostrados da ação truculenta de policiais da força nacional sob o comando do Ibama, uma criança tentando ajudar o pai agredido aparece gritando “sai daí, sai daí”.
“Quando desce o helicóptero as crianças correm tudo para o meio do mato”, contou o deputado.
“Nós vamos assistir passivamente famílias serem escorraçadas ? “, questionou o escritor e mestre em economia rural Walter Lúcio Campelo.
Um dos depoimentos mais contundentes e revoltado foi da deputada Antônia Sales (MDB), peruana radicada no Brasil e que atende comunidades ribeirinhas. Numa provocação, pediu que todos se juntem para combater a situação na Amazônia.
“Nós mulheres temos peito e todos sabem para que servem. O homens tem peito mas não servem para nada”, comparou a deputada.
O senador Plínio não a deixou sem resposta:
“Nosso peito tem servido para enfrentar essa gente”, brincou.
*com informações da assessoria