Indígenas da etnia Baniwa investem em conhecimento para produção no setor primário

No mês em que se comemora a valorização dos povos indígenas brasileiros, representantes da Comunidade Castelo Braco, que também fazem parte da etnia Baniwa, se destacam ocupando cadeiras em uma das mais importantes Universidades do país. É o caso de Valdecir Fontes da Silva, da etnia Baniwa.

Desde 2019 ele estuda geologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – SP) e afirma que os conhecimentos conquistados ao longo dos anos vão ser multiplicados com outros indígenas do município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus-AM).

A esposa de Valdecir, Maria Divaldina Ferreira Nogueira, também é da etnia Baniwa e é estudante do mesmo curso na Unicamp. O desejo para se aprofundarem nos conhecimentos geológicos surgiu após descobrirem as riquezas minerais existentes na localidade. Ambos são da Comunidade Castelo Branco, que fica no alto Rio Negro. Para chegar lá são necessários três dias de barco partindo de São Gabriel da Cachoeira.

Em 2016 eles enviaram uma carta ao Serviço Geológico do Brasil -CPRM para obter o levantamento geológico da região com finalidade de estudar as riquezas dos minérios e tipos de rochas existentes na região. A região é rica em nióbio e tantalita, de acordo com estudos. Daí, surgiu o objetivo de ampliar conhecimentos para montar na comunidade projetos de cultivo e extração mineral sustentável.

“A partir do conhecimento que vamos levar para a comunidade, a população vai entender e valorizar a biodiversidade. Vão começar a descobrir as riquezas que existem no subsolo. Tanto as questões minerais quanto as questões hídricas que existem na região”, afirmou Valdecir.

Valdecir também afirmou que os comunitários desejam escoar o que é produzido na região. Os moradores da comunidade cultivam plantação de abacaxi, batata, cana, açaí, cupuaçu, pimenta, farinha de mandioca, dentre outros produtos.

“A gente só anda de canoa, feita de madeira de pequeno porte. Onde é possível levar até três pessoas e poucas coisas. Solicitamos a um parlamentar para que conseguíssemos um barco para auxiliar o escoamento e ajudar a produção”, disse.

Uma emenda parlamentar de R$ 350 mil foi destinada pelo senador Plínio Valério (PSDB) à comunidade para a compra de uma embarcação. O barco deve ser comprado pela Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) e entregue aos comunitários.

Avicultura

A comunidade, de acordo com Valdecir, também tem investido na produção de aves. Eles tem criado galinhas caipiras, em média escala e pretende iniciar um trabalho voltado para esse mercado.

“Queremos produzir dentro na nossa comunidade para sair da dependência. Há décadas nós queremos trabalhar, mas nunca conseguimos, por conta das ONGs que atuam na nossa região. Estamos buscando alternativas para dar passos adiante”, afirmou.

“Na verdade, nós nunca dependemos das ONGs. Na mídia eles falam que estão trabalhando em prol dos povos indígenas. Mas quem vai para o interior pode verificar a realidade das etnias”, concluiu.

Post Author: Izaias Godinho

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *