Com temperaturas abaixo de 0°c, os gaúchos sentem o legítimo “ frio de renguear cusco”

Nesta semana também tivemos geada e nos atingiu um ciclone extratropical

 Amanheceu muito frio na terra dos gaúchos, no Rio Grande do Sul foram registradas temperaturas abaixo de 0°C, nosso mês de julho vai ter muita chuva e frio. Já passou por aqui até um ciclone extratropical afetando o leste do RS (praias) que devastou muitas cidades e ainda temos a possibilidade de outro ciclone desses semana que vem.

O frio foi tanto que a maioria das regiões registraram temperaturas abaixo dos 6°C.

-Quaraí  -1,6°C

-Canela  -2,3°C

-São Francisco de Paula  -2,3°C

-Alegrete  -2°C

Como se não bastasse o frio, também tivemos geada, deixando os campos branquinhos de gelo.

A geada é a formação de uma camada de cristais de gelo na superfície exposta, devido a queda de temperatura. Ela ocorre quando a superfície terrestre perde muita energia para o espaço devido ausência de nuvens.

 Ciclone extratropical no RS

O ciclone extratropical que atingiu o RS, é formado em latitudes médias, distantes dos trópicos, mas mais intenso. Aconteceu entre segunda(29) e terça feira. Depois se afastou para o oceano. 

Tivemos chuvas volumosas e ventos acima de 100Km/h, causando estragos enormes. O município de Capão da Canoa, no litoral do RS, foi extremamente atingido, causando a maior destruição na cidade.

Nosso quente e aconchegante fogo de chão!

Aqui no RS temos um adágio muito usado que é “frio de renguear cusco”, cusco é a maneira carinhosa que o gaúcho chama seu cão. O frio está muito intenso, para amenizar este frio todo vestimos casacos, poncho, boina, touca, bota, manta no pescoço, luvas, tudo que possa passar esse frio que sentimos. É uma sensação de frio que chega a tremer o nosso campo. Também tomamos chimarrão o dia inteiro, a água quente do nosso amargo ajuda a aquecer nosso corpo. Também colocamos muito fogo nas lareiras e no fogão a lenha.

Nas estâncias, nos galpões os peões deixam o fogo aceso o dia inteiro, sempre com a água do chimarrão bem quente o dia inteiro, para amenizar um pouco esse frio intenso e para os peões poderem campear, que são seus trabalhos: verificar o gado, andar no cavalo, recorrer as cercas, dar comida para os animais… Os peões saem “quebrando geada”, como se fala aqui no sul, por isso precisamos do fogo de chão para ficarmos aquecidos.

O tradicional fogo de chão dos gaúchos

As longas e frias noites de inverno, nas primitivas tribos indígenas, levaram os nativos a descobrirem o fogo de chão. As brasas incandescentes eram um verdadeiro convite para o doce aconchego, quando o frio parecia congelar tudo e todos. Ao redor do fogo de chão os homens contavam às crianças suas aventuras. 

O fogo de chão aquecia o sentimento nativo do mestiço, projetando-se no ideal campeiro do gaúcho. Passaram a contar histórias dos primeiros passos da formação do nosso pago como: o cavalo, o gado, as domas, as tropeadas, as carretas, os aramados, as marcações…tudo isso regado com o nosso chimarrão passando de mão em mão e com as alucinações e a bravura de um povo heroico.

 Os mais nativos usos e costumes foram aquecidos pelo fogo de chão, foi passado de geração para geração, germinando o nosso folclore gaúcho. A chama acesa confunde-se com a própria história do homem. No fogo de chão aquecemos nosso corpo, nossos corações, a água do chimarrão, fizemos comida e o nosso tradicional churrasco.

Texto Marcia Ximenes Nunes

Edição: Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Reprodução

Post Author: Agro Floresta

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