A pesquisa visa difundir a cultura entre os agricultores da região e transferir conhecimentos em cafeicultura
A primeira colheita do experimento de café do projeto “Seleção de clones de Coffea canephora para o Estado do Amazonas” foi realizada nesta semana, na fazenda da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O projeto está sendo desenvolvido por meio de uma parceria da Universidade, Embrapa Rondônia e Embrapa Amazônia Ocidental e objetiva avaliar três ensaios de clones de Coffea canephora no estado do Amazonas, nos municípios de Manaus, Itacoatiara e Humaitá e selecionar as plantas (clones) superiores para o plantio.
A pesquisa também visa difundir a cultura entre os agricultores da região e transferir conhecimentos em cafeicultura. Durante o evento, que contou com a presença do chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, pesquisador Everton Rabelo Cordeiro, do reitor da Ufam, professor Sylvio Puga e representantes de instituições públicas, os pesquisadores que desenvolvem os experimentos destacaram os aspectos da cultura e da colheita.
A coordenadora do projeto, professora da Ufam, Maria Teresa Lopes, explicou que até o presente momento, dois anos após a execução do projeto, foram transferidos conhecimentos sobre a instalação da cultura do cafeeiro e sua condução para agricultores interessados em produzir café.
“Hoje existem no Amazonas mais profissionais dentro da Ufam (Manaus, Itacoatiara e Humaitá) e Embrapa Amazônia Ocidental que vivenciaram o desenvolvimento da cultura e que são capazes de apoiar a expansão da cafeicultura no Amazonas. Com o resultado da colheita já teremos a informação sobre a adaptação e avaliação dos clones no ambiente do Amazonas’’, explica.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Edson Barcelos, que também atua no projeto de pesquisa para cafeicultura no Amazonas, fez um breve relato a respeito do primeiro experimento com clones de café, implantado em 2015 pela Embrapa no município de Silves.
Segundo ele, o material avaliado tem demonstrado resultados impressionantes, por que não se pensava em produzir café com solos em um clima desfavorável como o do Amazonas.
Ele destacou que o café é uma cultura muito apropriada para a agricultura familiar, por existir potencial de mercado e os agricultores poderem aproveitar áreas já desmatadas existentes no estado, para produzir e gerar renda.
“Estamos querendo entregar à sociedade do Amazonas uma opção de produção sustentável de café de qualidade para atender inicialmente a nossa demanda interna”. Salientou que o café plantado tem por característica ser muito forte e tem por finalidade fazer cafeína industrial.
Café Coffea canephora
As mudas do café Coffea canephora, que estão sendo plantados são clones produzidos pela Embrapa Rondônia a partir de galhos de outra planta, por meio de estaquia e não por sementes. Em 2012, a Embrapa lançou uma variedade chamada BRS Ouro Preto e em 2019, foram lançadas mais 10 variedades.
O material que veio para os testes no Amazonas reúne parte dos materiais da primeira variedade (BRS Ouro Preto) e mais os 10 novos materiais produzidos recentemente.
A Embrapa Rondônia trabalha com desenvolvimento de cultivares, mas também na área de manejo (poda, espaçamento, produção de mudas), técnicas de colheita e pós-colheita para a melhoria da qualidade da bebida e controle de pragas e doenças.
São mais de 40 anos trabalhando e participando ativamente do processo de desenvolvimento do café na região. Todas as informações estão sendo repassadas aos pesquisadores do Amazonas.
Produção de café no Amazonas
Os 15 clones, desenvolvidos em Rondônia, chegaram em Manaus, Itacoatiara e Humaitá. De acordo com o engenheiro agrônomo da Ufam e um dos responsáveis pelo café produzido em Manaus, Hugo Tadeu, o ineditismo do Projeto está em realizar uma competição de clones, simultaneamente, em unidades de pesquisa de várias regiões do estado.
“Nós colocamos 15 clones de café, testando a adaptabilidade e produtividade, em diferentes regiões do Amazonas. Na Fazenda Experimental há cerca de 2500 metros quadrados de plantação, com 640 mudas e a colheita será feita de forma escalonada já que há um diferencial de tempo de maturação. Nós objetivamos qualidade e a nossa ideia é colher frutos selecionados. Os grãos, depois de colhido, servirão para avaliar a adaptabilidade e produtividade dos diferentes clones”, explicou.
Presente ao evento, a engenheira agrônoma Ana Cecília Nina Lobato, da Gerência de Produção Vegetal do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), informou que o Governo do Estado está empenhado no estabelecimento do café na região.
Segundo ela, há 13 municípios que estão contemplados com o Projeto Prioritário no qual serão construídos viveiros, haverá a implantação de 200 hectares de café no interior do Estado e será construído um centro de capacitação para os agricultores para que possam acompanhar o estágio de desenvolvimento do café e com isso se estabelecer a cultura do café com o manejo adequado e com as técnicas aplicadas.
Também estiveram presentes ao evento os representantes da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Fábio Calderaro; da Agênica de Fomento do Estado (Afeam), Rosalva Martins; da Secretaria de Produção Rural, Heitor Liberato Junior, professores e estudantes da Ufam e todos seguiram as normas de segurança usando máscaras e distanciamento social, como determina as normas de segurança contra a disseminação da Covid-19.em projeto da parceria Embrapa e Ufam
Com informação da assessoria da Embrapa Amazonia Ocidental
Fotos: Divulgação