A criação da “feira flutuante” é uma ação inédita em Manaus, que substitui a antiga medida que transferia os feirantes para a rua
Na mata nativa da Amazônia, as enchentes provocam cenários deslumbrantes com as famosas florestas inundadas, conhecidas como ”igapós”, mas em uma cidade como Manaus, onde o saneamento básico é um problema crônico, a cheia do Rio Negro deixa a rotina de moradores e trabalhadores ainda mais árdua.
Por isso, cerca de 200 feirantes do setor de carne e peixe da Manaus Moderna serão realocados provisoriamente para uma balsa durante o período de cheia do Rio Negro.
Em 2021, a cheia deve superar os 30 metros, sendo uma enchente recorde no Amazonas, de acordo com a previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). A maior cheia já registrada ocorreu em 2012, quando a cota do rio atingiu 29,97 metros.
Já nesta segunda-feira (10/5), a cota atingiu 29,47 metros e os efeitos começaram a atingir o Centro – uma das regiões mais afetadas na capital amazonense pela subida do rio.
Movimento
A Manaus Moderna é uma das feiras tradicionais da cidade, que anualmente é afetada pela subida dos rios. Com a transferência para uma balsa, o objetivo é diminuir os impactos econômicos causados aos comerciantes e que já podem ser observados.
Comparado ao movimento habitual, o cenário do início de enchente afastou clientes. O feirante Elton Rodrigues, de 42 anos, avaliou a situação. “Vai ser melhor para nós, que não vamos ficar debaixo d’água. Mas o movimento não vai ser o mesmo, desde o início da pandemia que as vendas não são as mesmas”, lamentou o homem que trabalha há 10 anos no setor de carne e peixe.
Apesar das vendas caírem devido toda a situação, o trabalhador avalia que a realocação será algo benéfico. “O que a gente não pode, é parar de trabalhar. Então graças a Deus vamos ter esse outro local, pois como a gente pode ver, aqui já está enchendo de água”.
A autônoma Maria dos Anjos, de 45 anos, afirmou que mesmo com a transferência de local, será dificultoso acessar a balsa. “Já está sendo difícil agora. Não sei bem como será com a cheia, mas tenho certeza que vai ser bem mais difícil chegar até a feira quando a enchente avançar”, estimou.
Segundo a mulher, a alternativa será procurar outros comércios para realizar as compras que ela precisa para o restaurante que possui. “Até porque o cheiro aqui já está sendo algo que incomoda, e mesmo com as pontes, vai ser muita dor de cabeça chegar aqui”, disse.
Feira flutuante
A criação da “feira flutuante” é uma ação inédita em Manaus, que substitui a antiga medida que transferia os feirantes para a rua, algo que criava um ambiente insalubre e desconfortável a quem utilizava a feira.
“Estamos aqui empreendendo uma ação inédita, determinada pelo prefeito David Almeida, que, além de garantir um espaço mais agradável para permissionários e clientes, também assegura a segurança de todos os frequentadores desta feira, que é, talvez, a mais importante da nossa cidade e já sofre os impactos da cheia”, afirmou Marcos Rotta, que também é presidente do Comitê Especial de Enfrentamento das Cheias Fluviais do Município e vistoriou a balsa onde a prefeitura vai realocar os feirantes.
Pontes
Além da feira provisória para o setor de peixe e carne, a subida do rio também obrigou a construção de mais de 400 metros de pontes na área da Manaus Moderna para acesso ao local.
Até o momento, cinco pontes já foram construídas na rua dos Barés, beco Porto 7 e Manaus Moderna, no Centro; beco das Flores, na Aparecida; beco Ana Nogueira, José de Inocêncio e Ajuricaba, no Educandos. A Casa Militar, coordenando a Defesa Civil do Município, está acompanhando as construções.
Apesar da drástica mudança na paisagem urbana da região central de Manaus, para quem precisa ganhar a vida vendendo lanches para o público que passa diariamente pelo mercado, decks improvisados com pallets de madeira são apenas um detalhe.
Com informação da Prefeitura de Manaus e Em Tempo
Fotos: Em tempo