Produzido por agricultores familiares do sul do Amazonas, a produção ocorre em sistemas agroflorestais com árvores nativas da Amazônia e sem a utilização de agroquímicos.
A história do Café no Brasil começou pela Amazônia, por volta de 1760 com pés de cafés trazidos por Marques de Pombal e com cultivares iniciados nas terras de várzea do baixo rio Amazonas. As terras são muito férteis, mas para o café de grãos arábica a sazonalidade dos rios que enchem a várzea no inverno amazônico e a exposição às temperaturas muito elevadas quase ao nível do mar não agradou os pés de café que foram migrando até encontrarem as “terras roxas” da região sudeste.
A partir dos anos 2000, na região sul do estado do Amazonas, mais precisamente no município de Apuí, os agricultores locais e colonos trazidos do sul do país iniciaram cultivares tradicionais de café, mas em 2012 estavam abandonando esses roçados pela sua baixa produtividade.
Pesquisadores do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), sediado em Manaus, desenvolveram programas de recuperação de áreas degradadas das florestas naquela região, identificaram que a qualidade do café que estava prestes a ser abandonado era superior à dos cafés produzidos em regimes tradicionais em outras regiões e também frente às variedades encontradas no mercado.
A partir de então surgiu a ideia de retomar o cultivo daquela variedade de café, conhecido como grãos Conilon do gênero Robusta, plantando-o no sombreado da floresta, inicialmente como coadjuvante da recuperação da degradação florestal.
Quando o Idesam lançou o projeto, a produção dos agricultores da região rendia em média 8 sacas por hectare, muito inferior ao potencial do município. Atualmente, a colheita média dos produtores é de 15 sacas, podendo chegar a 25 por hectare.
O sombreado da floresta e as técnicas de manejo era o que os cafezais esperavam, a floresta se recompôs e com o material que ela mesma produz alimenta os pés de café intercalados às árvores nativas. O sistema agroflorestal para o café estava implantado.
“O processo envolve cerca de 30 famílias que fazem todo o processo, plantio, manejo, colheita, seleção, torra e empacotamento, cabendo ao Idesam o apoio técnico para manter a qualidade contínua do processo, o crescimento da floresta e da produção. Aos agentes parceiros como a Amigos da Floresta Gastronomia e Turismo, cabem as funções de distribuição, vendas, promoção, desenvolvimento de receitas e logo terá mais roteiros turístico-gastronômicos para aproveitar o todo, da floresta à xícara. Outros agentes como a Rede Maniwa deram apoio para a certificação Orgânica do café. A profissionalização da entidade de produtores ficou a cargo da organização das famílias. Parceria com o Fundo Vale e muito trabalho foram necessários para que as famílias se beneficiassem de outros valores do processo, não só do café”, disse Fábio Silva do Amigos da Floresta.
A colheita no período certo, manual, a secagem em “jiraus” terreiros suspensos para evitar o conteúdo complexo e a umidade do solo, a torra no ponto certo, processos bem laboriosos que trazem à xícara corpo e sabor diferenciados de café de excelente qualidade, fazem parte do processo.
“A Amigos da Floresta compartilha o mesmo princípio de sustentabilidade que o Café Apuí Agroflorestal Orgânico carrega, por isso temos tanto prazer em promover e consumir, preto na xícara ou em receitas variadas que desenvolvemos. Uma delas foi apresentada à Abrasel-AM, e recebeu da entidade uma comenda no Festival Brasil Sabor 2013, onde contamos a história da peregrinação do homem com o alimento na nossa região. Um filé de Jacaré ao molho de Café com Leite de Castanhas. O alimento primitivo, o primeiro ingrediente introduzido com fins comerciais no país e o mais nobre de nossos produtos naturais”, concluiu Fábio.
São várias as opções de consumo, como shakes gelados, bolos, sal de café, coquetéis quentes e nas bancas do Amigos da Floresta, um cafezinho quente e puro para quem para e troca uma prosa.