Enquanto muitos setores encolhem, desde antes da crise causada pela pandemia, o setor floricultor vai na contramão e continua faturando. Para Edmilson e sua família viver da venda de plantas é um sonho realizado
Oscilane, esposa de Edmilson de Nelly (75), gosta muito de plantas e tinha o quintal de sua casa no bairro Jorge Teixeira na zona leste de Manaus, lotado com uma grande variedade.
Um dia uma amiga chegou de visita na casa deles e disse “Tanta planta, porque vocês não vendem”. Oscilane e Edmilson ficaram se olhando e decidiram empreender.
Edmilson começou como feirante na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) trabalhando com sua esposa e seu filho Breno que agora tem 23 anos. Naquela época, ele saia de uma doença e viver das plantas era um sonho. Seis anos depois virou realidade.
Esse ramo de negócio tem crescido e ganhado espaço no mercado agrícola, em vista disso, produzir mudas de plantas ornamentais e medicinais tem se mostrado uma alternativa lucrativa de negócio.
Segundo o produtor “nesta quinta-feira 28 de abril a Feira de Produtos Regionais da faculdade Nilton Lins foi um sucesso. Levei 190 mudas de plantas ornamentais e medicinais e vendi 120, graças a Deus, é dessas plantas que nós estamos nos sustentado”, contou.
Ele e sua família agora vendem suas mudas na Feira de Produtos Regionais da Nilton Lins as quarta e sexta-feira das 12H às 20h. Segundo o feirante o número de visitante na feira aumentou mais de 50%. “A pandemia vai passando e vai melhorando a quantidade de clientes. Na sexta-feira sempre foi boa de venda agora está ficando melhor ainda”.
Plantas terapêuticas e para o bem-estar
Eles vendem plantas ornamentais, flores e crótons, como rosas, palmeiras, a árvore da felicidade, pimentas e cactos, entre outros. Os preços estão entre R$ 10,00 e R$ 70,00.
Também tem variedade de plantas medicinais: hortelã, arruda, erva cidreira, capim santo, alecrim e babosa. A partir de R$ 10. Com o coronavírus passaram a vender mastruz que ajuda o sistema imunológico. “O mastruz tem que se deixar de molho e depois fazer o chá. Então bata no liquidificador e tome”, assim é como ele fala para os clientes.
Edmilson refere que as plantas são muito boas para a casa e todo mundo deve ter alguma ou várias. As plantas melhoram a qualidade do ar, elas são umidificadoras naturais. Se você quer um ambiente mais limpo e melhor para respirar, aposte na espécie hera. Em vez de usar um umidificador mecânico, coloque algumas samambaias espalhadas pela casa. Durante a transpiração, as gotículas de água hidratam o ar do ambiente.
Afirmou que as plantas ajudam na redução dos níveis de estresse e ele está certo. “A proximidade com as plantas reduz os níveis de estresse, ajudando a controlar a ansiedade. A cor é tranquilizante e ajuda a diminuir as doses de adrenalina do corpo. Como resultado, os níveis de energia crescem e o cérebro recebe mais oxigênio, o que ajuda a relaxar”, dizem os especialistas.
Também aumentam a produtividade. Plantas inspiram a mente e ajudam a aumentar os níveis de concentração.
Outras espécies, as medicinais têm poderes curativos. Uma pesquisa do National Institutes of Health, a babosa (aloe vera) era chamada pelos egípcios de a “planta da imortalidade”. Eles utilizavam a espécie para curar diversas doenças. Hoje em dia, é comum ver pessoas usando o gel que a planta solta em queimaduras solares e outras feridas para aliviar as dores.
Setor floricultor
Enquanto muitos setores encolhem, desde antes da crise causada pela pandemia, o setor floricultor vai na contramão e continua faturando não milhões, mas bilhões de reais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o setor movimentou incríveis 8 bilhões de reais em 2019.
Em relação à produção para 2020 os números apontavam um crescimento de 12% nas de plantas verdes em vasos, seguido das com flores com ou sem vasos de 7%. Já as espécies para jardinagem o aumento seria de 4% e as flores de corte avançariam 2%. Obviamente a crise generalizada causada pela pandemia afetou um pouco o setor, mas não foi suficiente para abalar o crescimento que, mesmo mais tímido do que o projetado, ainda se manteve na casa dos 10%.
Para Edmilson e sua família não foi diferente. Eles não pararam de trabalhar. Continuaram a venda das suas plantas em casa e acrescentaram o plantio para aumentar a produção, porque os compradores de mudas são exigentes quanto à qualidade.
A pandemia revelou também um triste cenário. Com o aumento de mortes causadas pela Covid-19, aumentaram as vendas de flores para homenagens dos entes queridos, um cenário triste, mas que recuperou o setor tendo em vista o cancelamento de casamentos, festas e outros acontecimentos em que as flores seriam usadas para decoração.
Enquanto o Brasil enfrenta uma taxa de desemprego em torno de 13%, o que significa algo em torno de 12,8 milhões de pessoas parada no país, o setor de floricultura vai na contramão desses dados. Em 2019, foram criados 209 mil postos de trabalho, sendo que 54% dessas vagas são no varejo, 39% na produção, 4% no atacado e 3% em outras funções, ainda de acordo com dados da Ibraflor. Apesar da crise o cenário em 2020 não mudou muito.
Novidades
De acordo com o feirante no Dia das Mães vai ter muita novidade, muitas plantas, muitas flores, arranjos e buques nas feiras da Agromix.
Outra novidade neste mês foi a inauguração da Feira de Produtos Regionais na quadra poliesportiva João do Peso, na rua General Glicério ao lado da UBS 32 na Cachoeirinha que aconteceu nesta quinta-feira 29/04. A feira da Cachoerinha acontecerá toda quinta-feira das 11h às 20h e Edmilson estará lá comercializando suas plantas.
Por Dulce Maria Rodriguez
Fotos: Edmilson de Nelly e divulgação