A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e as entidades do setor se uniram para debater as ações necessárias para mitigar os danos causados pela cigarrinha (Dalbulus maidis) do milho. O assunto foi um dos temas da reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas, na terça (16).
“A Comissão irá organizar ações nacionais entre entidades para aumentar o esclarecimento do produtor rural com relação aos híbridos mais sensíveis ao enfezamento, que é a doença transmitida pela cigarrinha e causa sérios danos à cultura do milho”, afirmou o presidente da Comissão, Ricardo Arioli.
Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo apresentaram os materiais já disponíveis relacionadas à praga e doença do milho. “Enfezamentos são ameaças muito sérias e têm grande potencial de frustrar a produção e a produtividade do milho”, disse Frederico Durães, chefe da Embrapa Milho e Sorgo.
Segundo o pesquisador Luciano Viana, existem dois tipos de enfezamentos que são perceptíveis por meio das folhas do milharal: o pálido (amarelamento) e o vermelho. “A doença causa desequilíbrio hormonal, encurtamento entrenós, a redução na altura das plantas e as espigas ficam menores e improdutivas, algumas vezes com grãos menores ou sem grãos”.
O manejo da praga é feito por meio do tratamento de sementes, defensivos químicos e biológicos, cultivares menos sensíveis ao enfezamento, além do controle da cultura pós-colheita. Porém, os pesquisadores ressaltaram que não existe uma medida curativa e os métodos isolados têm pouco efeito.
“A cigarrinha só se reproduz no milho. Ela faz migração constante de lavouras velhas para novas e a longas distâncias também. Elas sobrevivem em sorgo, milheto e até em braquiárias, porque tudo que precisa é de um hospedeiro alternativo até aparecer milho para ela se reproduzir”, afirmou o pesquisador Ivênio Rubens de Oliveira.
Paulo Galerani, da Embrapa Sede, explicou que a empresa está em negociação com a Crop Life Brasil e o Ministério da Agricultura para elaboração de um termo de cooperação para mitigação dos efeitos da praga e a CNA pode auxiliar nesse processo.
A comissão da CNA discutiu ainda o cumprimento dos contratos de comercialização futura da soja. A entidade reuniu compradores e associações de produtores para tratar do cumprimento desses contratos na safra 2020/2021 e propor melhorias para os contratos da próxima safra, como o equilíbrio entre produtores e as tradings.
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, falou sobre a ferramenta que a entidade está desenvolvendo para acompanhar o cumprimento dos contratos antecipados da soja.
A CNA vai acompanhar a implantação da ferramenta e a aplicação da Lei de Proteção de Dados dos produtores rurais.
O assessor jurídico da Confederação, Rodrigo Hugueney, apresentou as atualizações na Norma Regulamentadora n.º 31. Ele afirmou que as mudanças da norma trarão mais segurança jurídica aos produtores rurais de grãos principalmente em relação aos silos e máquinas agrícolas.
Os membros da Comissão também trataram do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) do milho 2ª safra. A CNA e outras entidades solicitaram ao Mapa a extensão do prazo para plantio do milho 2ª safra, mas o órgão negou o pedido e apresentou uma série de outras ações para a questão.
“Sabíamos que seria complicado mudar o período de plantio devido aos contratos de seguro que já tinham sido assinados pelos produtores. No entanto, foi muito importante a união das entidades nesse processo para entendermos que o mecanismo de seguro precisa ser aperfeiçoado”, disse Ricardo Arioli, presidente da Comissão.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa
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