As altas registradas no milho e no farelo de soja, além da energia elétrica, esmagam as margens dos produtores de suínos e aves
As cotações do milho continuam em elevação no mercado interno, apontam dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas/SP) fechou a R$ 85,41/sc de 60 kg com alta de 1,26% entre 19 e 26 de fevereiro. No dia 25, o Indicador fechou a R$ 85,59/sc, recorde nominal da série do Cepea.
Produtores estão atentos à colheita da safra verão no Sul e Sudeste do país e à semeadura da segunda safra, principalmente no Centro-Oeste e em algumas regiões paranaenses, com baixo interesse nas negociações.
Compradores com necessidades imediatas, por sua vez, acabam cedendo a valores maiores. No geral, o ritmo de comercialização está lento, com apenas negócios pontuais. Além dos atuais patamares elevados de preços, agentes seguem enfrentando dificuldades logísticas.
Custo da saca de milho preocupa criadores
Entidades do setor de proteína animal em Santa Catarina demonstram preocupação com o encarecimento dos custos de produção, principalmente por conta dos grãos, para a avicultura e a suinocultura.
Na avaliação do presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e diretor do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, “a agroindústria enfrentará muitos desafios em 2021.”
Dos custos, o que mais chama atenção são os insumos para alimentação animal. Ribas comenta que a saca de milho se valorizou 61% desde fevereiro de 2020, enquanto a tonelada de farelo de soja subiu 113% no mesmo período.
“Esse encarecimento anula todos os ganhos dos suinocultores e avicultores, ao mesmo tempo em que afeta ou até inviabiliza a produção industrial. Muitos frigoríficos de pequeno porte não conseguirão manter suas operações com os grãos nesses níveis de preços”, disse.
Além disso, houve alta nos gastos com energia elétrica e materiais de construção, utilizados para melhorias nas granjas de suínos e de aves.
Retração do consumo
“As iniciativas de importação e aumento da produção de cereais de inverno – especialmente nos estados do Sul – ajudarão, mas não serão suficientes sob a ótica de custos. No longo prazo, precisamos de ações estruturantes de logística de grãos para as regiões de produção de proteína e o setor operar de maneira efetiva no mercado futuro”, defende o presidente das entidades.
Em nota, ele comenta também que a retração do consumo no mercado doméstico e o aumento da competição no mercado internacional são dois fatores que contribuem para uma conjuntura mais desafiadora neste ano.
De acordo com Ribas, participantes do mercado devem ficar atentos, ainda, às oscilações cambiais, à manutenção da demanda da China por proteína animal brasileira e ao andamento das reformas estruturais do governo.
Com informação do Cepea e do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne
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