Banco francês BNP Paribas deixará de financiar empresas que desmatam Amazônia

A nova política, estabelece condições para produtores, frigoríficos e comerciantes que produzem ou compram carne bovina e soja das regiões da Amazônia e do Cerrado. O banco segue recomendações apresentadas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil  que denuncia empresas que desmatam Amazônia e Cerrado

O banco francês BNP Paribas, um dos maiores do continente europeu, anunciou que só fornecerá produtos ou serviços financeiros para empresas comprometidas com estratégias para atingir, até 2025, o desmatamento zero em cadeias de produção e fornecimento.

A nova política, implementada na semana passada, estabelece condições para produtores, frigoríficos e comerciantes que produzem ou compram carne bovina e soja das regiões da Amazônia e do Cerrado.

Com o novo posicionamento, o banco segue recomendações apresentadas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) em 2019, quando as lideranças da organização entregaram uma carta e um relatório ao BNP Paribas durante ato da jornada internacional “Sangue indígena, nenhuma gota a mais”.

No documento, feito em colaboração com a Amazon Watch, a Apib denuncia como as empresas de soja, açúcar, carne, couro, madeira e empresas importadoras são protagonistas da destruição da Amazônia e do Cerrado brasileiro e, principalmente, como contam com o apoio de instituições financeiras na Europa e nos Estados Unidos.

Expansão do agronegócio em florestas tropicais

O relatório analisou transações comerciais que ocorreram entre 2017 e 2019 em empresas envolvidas diretamente com o aumento do desmatamento ilegal, assim como os fluxos de investimentos financeiros dos grupos.

A partir dessa pesquisa, a Apib confirmou que as empresas internacionais estão envolvidas diretamente na expansão do agronegócio nas florestas tropicais por meio de credores e investidores em ações.

O próprio BNP Paribas, por exemplo, já aplicou US$ 3,2 milhões por meio de financiamentos, participações e empréstimos para empresas envolvidas com queimadas ilegais nos biomas brasileiros.

Diretora de Apib, Sonia Guajajara Gua

Rastreabilidade dos canais de seus clientes

Além do não financiamento de clientes que produzam ou comprem carne e soja em terras desmatadas e convertidas após 2008 na Amazônia e no Cerrado após janeiro de 2020, o banco exigirá total rastreabilidade dos canais de seus clientes;

“As empresas que não podem fazer isso devem ser excluídas de qualquer financiamento, pois não há como garantir que não estejam envolvidas no desmatamento. Além disso, qualquer política sobre a Amazônia e Cerrado deve abordar as formas como as questões de desmatamento se sobrepõem aos direitos dos povos indígenas e tradicionais”, diz nota da instituição.

O texto frisa que propriedades que estão próximas ou impactam comunidades tradicionais não serão financiadas.

A Apib avalia que a adesão a uma política restritiva do banco é uma conquista simbólica e ressanla que se trata da primeira grande ação do tipo por parte de uma instituição financeira internacional.

No entanto, reforça que “continuará no combate e atentamente acompanhando se a nova política se efetivará ou é apenas um ‘marketing’ por parte da instituição”. 

Com informação da Assessoria BNP Paribas

Fotos: Divulgação

Post Author: Agro Floresta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *