“Solidariedade latino-americana em primeiro lugar” disse Maduro ao enviar oxigênio para Manaus

Carregamento deve chegar ao Amazonas nesta segunda-feira à noite

Quatorze mil cilindros individuais de oxigênio hospitalar, equivalentes a 136.000 litros, saíram neste domingo 17/1 da sede da Siderúrgica del Orinoco Alfredo Maneiro (Sidor), localizada no estado Bolívar, na Venezuela (distante a 1.600 quilômetros de Manaus (AM)) para ajudar no colapso dos hospitais amazonenses.

Para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro “Solidariedade latino-americana está em primeiro lugar”. Neste domingo ele anunciou que a remessa está a caminho “composta por seis tanques com um total de 136 mil litros de oxigênio, o equivalente a 14 mil cilindros ou cilindros individuais”, disse, ao ler em seu celular mensagem do governador do estado Bolívar, fronteira com o Brasil, Justo Noguera.

O apoio é prestado enquanto várias ONGs e a oposição venezuelana denunciam a escassez de suprimentos médicos e remédios nos hospitais públicos da Venezuela, que vivem uma grave crise há mais de cinco anos.

O anúncio da remessa ao Brasil gerou indignação entre os que trabalham para conter a crise humanitária que atravessa o país muito antes da pandemia e que provocou a migração forçada de venezuelanos. Manaus foi um dos destinos dos refugiados e imigrantes venezuelanos.

A grande maioria dos centros de saúde na Venezuela nem mesmo tem acesso a água potável regularmente e os profissionais de saúde exigiram durante a pandemia suprimentos adequados e suficientes de equipamentos de proteção, uma vez que são obrigados a reutilizar máscaras faciais. Os bombeiros de Caracas não dispõem de oxigênio para realizar transferências de pacientes com dificuldades respiratórias. Mais de 300 profissionais de saúde morreram de covid-19, um dos números mais altos da região, informou El Pais.

O mundo vira as costas para o Amazonas

A preservação da Amazônia é item de grande preocupação para o mundo. O combate ao desmatamento ilegal na maior floresta tropical do mundo é prioridade na pauta dos países da Europa e os Estados Unidos, mas nenhum deles se importa com a população que mora nela, infelizmente.

“Com exceção desse contato da Venezuela, nenhum outro país ofereceu qualquer ajuda nesse sentido. Porque todas as vezes que há qualquer situação relacionada à Amazônia, relacionada ao meio ambiente, há uma comoção mundial de pessoas que vivem lá nos Estados Unidos, na Alemanha ou onde quer que seja, colocando postagem em rede social e criminalizando o cidadão que mora nessa região”, afirmou o governador do Amazonas Wilson Lima, em entrevista à TV Bandeirantes.

Apoio necessário na passagem do carregamento

Segundo nota do governo do Amazonas, está previsto para chegar a Manaus, nesta segunda-feira (18/01), um total de 107 mil m³ de oxigênio doados pelo governo do estado venezuelano  Bolívar. As carretas, cada uma transportando cerca de 25 mil metros cúbicos, atravessaram a fronteira do Brasil com a Venezuela na tarde deste domingo (17/01).

Wilson Lima, entrou em contato com o governador de Roraima, Antonio Denarium, para dar o apoio necessário na passagem do carregamento pelo estado vizinho.

“Esta é uma das cargas significativas de oxigênio chegando aqui no estado do Amazonas. Deve chegar até terça-feira vindo do Distrito de Bolívar, na Venezuela, e é uma doação que está sendo feita pelo governador daquele estado, que também está vindo ao Amazonas para fazer essa entrega aqui. Isso vai contribuir significativamente para que haja uma estabilidade na nossa rede hospitalar, tanto na capital quanto no interior”, afirmou o governador Lima.

Hoje, o consumo diário no Amazonas é de 76.000m³ e a doação espontânea do estado de Bolívar vai ajudar a atender essa demanda. A capacidade de entrega das empresas tem sido somente de 28.200 m³/dia e o déficit é de 48.300m³/dia.

 

Texto Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Divulgação

Post Author: Agro Floresta

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