Jornalista faleceu hoje, aos 82 anos, de leucemia, em São Paulo
Antonio Ximenes
Diretor de Redação
José Maria Mayrink foi o melhor repórter que conheci. Trabalhamos juntos no Jornal do Brasil na avenida Paulista. Era um ser iluminado. Amava o que fazia e sua sabedoria e humildade nos mostravam o caminho da rua para buscar as reportagens. Aprendi muito com ele. Fomos repórteres juntos e quando ocupei a posição de diretor de redação do JB tinha nele um farol que mostrava o caminho certo a seguir.
Generoso, Mayrink tinha sempre uma palavra amiga para auxiliar os colegas. Agia com a naturalidade dos grandes repórteres e entendia, como poucos, os seres humanos. Uma de suas muitas qualidades era ouvir mais do que falar e escrevia com o refinamento dos estetas da palavra. Estava no mesmo nível que Gay Talese, Jonh Reed, Clóvis Rossi, José Hamilton Ribeiro, Joel Silveira, Bob Woodward e Carl Bernstein.
Com ele aprendi a ser repórter e lembro sempre de uma de suas máximas.” O repórter é invisível o quem tem que aparecer é a notícia”. Mineiro, sabia como abordar seus entrevistados de maneira suave e contundente. Não levantava a voz e se fazia ouvir e entender pela educação. Homem de fé temia a Deus e escreveu as melhores matérias da imprensa brasileira sobre a religião católica.
Franzino e com os cabelos brancos, onde ele chegava os repórteres sabiam estar ali um mestre. Tive a felicidade de conhecer sua família e de frequentar sua casa algumas vezes. Na intimidade, era um pai amado pelas quatro filhas e os oito netos e sua esposa Maria José, foi sua paixão eterna. Foram casados por 55 anos.
Adeus amigo. Adeus repórter genial.