Os gestores municipais podem ser aliados ou adversários quando o assunto é aprovar pautas voltadas para o agronegócio
O primeiro turno das eleições municipais acontece amanhã dia 15 de novembro e, você, produtor, sabe dizer como a escolha destes representantes pode influenciar o seu dia-a-dia de trabalho?
Ao ver os noticiários, é comum ter a impressão de que as regras e o futuro do agronegócio são decididos a partir de Brasília. Seja no ministério da agricultura, no Congresso Nacional ou na Presidência da República, mas não se engane: os debates começam na rotina das cidades e demandam atenção de prefeitos e vereadores.
Para o representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Armando Rolemberg “É o poder público municipal que consegue resolver a maioria dos problemas próximos ao produtor rural. Vou dar um exemplo claro: um gestor público municipal tem que estar muito bem relacionado tanto entre os parlamentares, quanto no governo estadual e federal para conseguir recursos e maquinários para manter as estradas vicinais em condições para que o produtor possa escoar a produção”, disse
Segundo ele, outro exemplo prático está na área de inspeção. “A gente teve recentemente a aprovação do Selo Arte no governo federal. Governo estadual regulamentou, mas cabe ao poder público municipal fazer a parte operacional no município e fazer com que o produtor consiga sair da clandestinidade para colocar seus produtos no mercado formal, fazendo com isso uma geração de riqueza no município e no estado, consequentemente”, completou.
Agente transformador
Na visão do cientista político Leonardo Barreto, se o produtor rural tem interesse em uma determinada agenda, mesmo uma grande como a reforma tributária, ele pode fazer contato com o prefeito para que o prefeito se comunique com um deputado federal para consolidar a posição do setor sobre esse tema. E são esses agentes transformadores que serão eleitos a partir do próximo dia 15.
No Amazonas, 10.020 candidatos vão disputar as eleições este ano. São 282 candidatos a prefeito e 9.738 postulastes ao cargo de vereador nos 62 municípios amazonenses, segundo números do Tribunal Supremo Eleitoral.
As 41 vagas da Câmara Municipal de Manaus serão disputadas por 1361 candidatos. Em Itacoatiara são 386 políticos querendo uma vaga de vereador e sete querendo ser prefeito. Em Manacapuru são 324 candidatos a vereador e cinco disputando a Prefeitura. Em presidente Figueiredo são 310 postulantes a vereador e 10 a prefeito. O número de candidatos a vereador em Iranduba é 11 candidatos a prefeito. E em Parintins são 289 disputando cargo de vereador e três concorrendo a Prefeitura
Escolha consciente
Conforme o cientista político, Leonardo “Quando a gente vai fazer uma escolha eleitoral, o grande desafio é procurar e encontrar as informações que são necessárias para uma escolha consciente. Se a pessoa quer um político mais ligado aos seus valores, mais liberal ou mais conservador, aí deve procurar na vida pregressa como esse político tem se posicionado em relação às questões. Aí entra muita investigação de vida privada”, disse
Segundo ele, caso a escolha seja por um candidato capaz de influenciar em Brasília, é preciso saber quais conexões ele possui com deputados estaduais e federais e qual a convivência dele dentro do partido.
“Se você vai escolher um candidato novo, de primeira viagem, que entrou agora no partido, ele provavelmente não é alguém muito entrosado em Brasília, então a partir daí você consegue tomar as suas decisões”.
Se você procura um gestor que queira apenas tocar a vida da cidade, ai você tem que buscar qual experiência profissional ele tem. Então ele já foi administrador de empresas? Ele já foi gestor?”, explicou.
De olho no controle da gestão
Conforme o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, é preciso prestar atenção no controle da gestão pública. “A maior parte das gestões são muito centralizadas. Os vereadores não fiscalizam direito porque participam, às vezes por maioria, com o prefeito e relaxam no seu papel principal que é de fiscalizador”.
A Contag tem feito todo esse debate mostrando para sociedade escolher vereador e vereadoras que tenham condições de exercer o mandato como fiscal da prefeitura, do recurso público, disse.
Para Santos, independente de estar alinhado com a prefeitura, é preciso fiscalizar. “Os conselhos são importantes. E o cidadão que participa desses conselhos precisa fazer sua parte de gestão do controle social para saber se o dinheiro público está bem aplicado. Com maior participação popular, nós vamos ter gestões mais democráticas, mais eficientes e muito mais cuidadosas com a implementação de gastos do dinheiro público”.
Texto Dulce Maria Rodriguez com informação do Canal Rural
Fotos: Reprodução