Conheça as soluções tecnológicas desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental

Práticas de manejo para produção vegetal ou animal, geração de renda para os produtores rurais com a oportunidade de estabelecer os plantios com cultivos de alta produtividade e resistência a doenças, são algumas das contribuições das pesquisas 

Com tecnologia e pesquisa, o Brasil vai conquistar mais destaque na garantia de alimentos para uma população mundial crescente. Mas a inovação é fundamental para que o agronegócio mantenha o país na liderança entre os produtores de alimentos, dizem especialistas.

Em função desse panorama, que exige mais empenho e alterações de direcionamento da produção científica, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a partir de fevereiro de 2018, reformulou o seu modelo de pesquisa, passando do produtivista para o de inovação.

Nesse sentido, se destaca o trabalho da Embrapa Amazônia Ocidental, uma das 43 Unidades Descentralizadas da estatal, atuando no Amazonas desde 1974.

O Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Ocidental, Everton Rabelo Cordeiro chama a atenção para algumas soluções tecnológicas, a seguir:

Guaraná

Sistema de Produção do Guaraná

Conjunto de soluções tecnológicas geradas para cultura do guaranazeiro que permitem melhorar o desempenho da cultura, preservando o meio ambiente e aumentando a renda do produtor rural.

São práticas agropecuárias como a propagação do guaranazeiro, produção de mudas, implantação, recomendação de clones, tratos culturais, podas, colheita, despolpamento e torrefação, ou seja, todo o sistema para produção do guaraná no estado do Amazonas.

Sistema mecanizado de processamento pós-colheita de guaraná

O sistema mecanizado de processamento pós-colheita de guaraná consiste em maquinário para despolpamento do guaraná sem a necessidade de fermentação. Foi desenvolvido por meio de uma tríplice parceria envolvendo as instituições Embrapa, Pinhalense e Agropecuária Jayoro Ltda, visando otimizar o processo.

Guaraná – BRS Marabitana

A cultivar BRS Marabitana tem como principais características: produtividade e resistência a doenças. Portanto, é recomendada para o plantio em todo o estado do Amazonas. Suas principais vantagens são a alta produção, cacho com alta densidade de frutos de forma oval e coloração amarelada variando de 1 kg a 1,5 kg de sementes secas por planta ao ano, o que representa uma produtividade de 400 kg/ha a 600 kg/ha de sementes secas, 500% a 600% maior do que a produtividade atual obtida no Amazonas.

A reação à antracnose, principal doença do guaranazeiro, foi realizada em condições de campo, no Município de Maués (área de grande pressão de inóculo). A resistência da nova cultivar a torna ideal para compor o plantio multiclonal, contribuindo para aumentar a barreira natural contra a doença.

Guaraná – BRS Andirá

 A Embrapa desenvolveu 18 cultivares (clones), atualmente disponíveis no mercado com alta produtividade e resistência a antracnose. A utilização desses clones pode elevar em pelo menos 500% a produtividade média do guaraná no Amazonas.

Na região, o cultivo tradicional do guaranazeiro, com mudas oriundas de sementes, apresenta baixa produtividade em virtude da ocorrência de antracnose, que atinge até 80% das plantas.

A cultivar de guaraná BRS Andirá é aqui apontada como uma das 5 mais recomendadas entre as 18 desenvolvidas, por apresentar produção de 1,40 kg de sementes secas/planta/ano, o que representa média de produtividade de 560 kg/ha/ano de sementes secas e potencial produtivo de 875 kg/ha/ano. Essa cultivar se destaca ainda pelo elevado teor de cafeína na semente (4,2%).

O desenvolvimento de clones de alta produção (maior ou igual a 1 kg de sementes secas por ramete/ano), tolerantes à antracnose pode elevar em pelo menos 500% a produtividade média do guaraná no Amazonas.

Guaraná – BRS Cereçaporanga

A cultivar de guaraná BRS Cereçaporanga é aqui apontada como uma das 5 mais recomendadas entre as 18 desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental, por apresentar produção de 1,30 kg de sementes secas por planta/ano, que representa uma produtividade de 520 kg/ha de sementes secas podendo atingir 812 kg/ha, ou seja, de 160% a 306% a mais de produtividade em relação à média de produção atual no Amazonas.

A utilização dessa cultivar possibilita aumentar a produção sem aumentar a extensão das áreas de plantio. Com isso também se evita o desmatamento de novas áreas. A nova cultivar apresenta resistência completa a Hipertrofia de gema floral; resistência completa a Hipertrofia da gema vegetativa e resistência moderada e estável a Antracnose.

O desenvolvimento de clones de alta produção (maior ou igual a 1 kg de sementes secas por ramete/ano), tolerantes à antracnose pode elevar em pelo menos 500% a produtividade média do guaraná no Amazonas.

Os principais beneficiários dessa tecnologia são os seguintes segmentos: a) Segmento dos fornecedores – Os produtores/fornecedores de mudas de guaraná e os fornecedores de insumos, ferramentas, máquinas e implementos agrícolas; b) Segmento produtivo – Os agricultores (familiares e empresariais); c) Processamento e armazenamento – As indústrias de refrigerantes; d) Segmento de distribuição e comercialização – As indústrias de refrigerantes, supermercados, etc.; d) Segmento de consumo – O consumidor que adquire o guaraná industrializado em forma de refrigerantes, guaraná em pó, bastão, grãos, xaropes e essências.

Abacaxi

Sistema de Cultivo de Abacaxi

Sistema de cultivo do abacaxizeiro para o estado do Amazonas no qual são apresentadas desde as características da planta, exigências edafoclimáticas, ciclos da planta, principais variedades, tipos de mudas, preparo da área, adubação de plantio, cura, plantio, adubação de cobertura, controle de plantas invasoras, pragas e doenças, indução floral, colheita e pós-colheita.

Banana

Controle da sigatoka-negra na bananeira

A solução tecnológica consiste no uso de um equipamento e técnica para aplicação de fungicida na axila da segunda folha da bananeira.

Para uso dessa técnica, foi elaborado um equipamento adaptado a partir de uma seringa veterinária, mangueira de silicone ou látex e um cano com uma das pontas curvadas. O equipamento permite colocar gotas do fungicida no local específico, com uma dose recomendada, dependendo do fungicida utilizado de um a dois mililitros por planta. Isso evita a dispersão do produto no ambiente e torna possível controlar a doença com apenas três aplicações por ciclo produtivo, que seria em torno de dez a 12 meses.

Banana BRS Japira

A banana ‘BRS Japira’ é um novo híbrido da banana Pacova. Além do sabor e frutos de qualidade, a principal característica da banana Japira é a resistência à Sigatoka-amarela, à Sigatoka-negra, ao mal-do-Panamá e à antracnose em pós-colheita, principais doenças que afetam os bananais.

Pelas boas características, a Embrapa está recomendando a nova variedade para a região da Zona da Mata pernambucana. A produtividade da banana ‘BRS Japira’ também é muito boa na região, em torno de 20 toneladas de banana por hectare.

A ‘BRS Japira’ atinge boa produtividade, em torno de 20 t/ha ou mais, a depender da utilização das práticas de manejo recomendadas para a cultura.

A tecnologia fortalece o resgate e/ou manutenção dos índices de produção, receita bruta e estabilidade da produção; contribui com a diminuição no fluxo migratório campo-cidade e a manutenção da segurança alimentar das populações cujo consumo de banana é parte significativa de sua base alimentar. 

Ademais, cerca de 80% dos produtores de banana são familiares de pequeno porte. Atualmente a bananicultura na Região Norte retomou sua viabilidade e importância histórica, sobretudo com base em cultivares como a BRS Japira.

Incremento médio na produtividade: em torno de 50%, considerando as perdas causadas pelas Sigatokas-amarela e negra e mal-do-Panamá nas variedades caboclas e tradicionais.

Pastagens

Técnicas de Recuperação de Pastagens Degradadas

Com o objetivo de desenvolver inovações tecnológicas para recuperação de pastagens degradadas na Amazônia brasileira, esse projeto envolve todas as unidades da Embrapa na região Norte, além de outras unidades da região Centro-Oeste.

Como resultado, espera-se que sejam disponibilizadas soluções tecnológicas que envolvam métodos de plantio de forrageiras, com plantio direto, consórcio de forrageiras com culturas anuais, e alternativas para driblar problemas como infestação de plantas daninhas, de insetos-pragas e da baixa fertilidade do solo.

Além disso, será feito um grande esforço para organizar a informação produzida sobre o tema nos últimos 40 anos na região.

A degradação de pastagens cultivadas é considerada o maior problema da atividade pecuária no Brasil, atinge uma área de cerca de 70 milhões de hectares nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

A recuperação de pastagens degradadas tem sido apontada como a principal ação de modernização da pecuária bovina na Amazônia, porque permite a reutilização das áreas já desmatadas e que atualmente se encontram abandonadas ou subutilizadas, e dessa forma, promove ganhos de produtividade, reduz desmatamentos, aumenta o sequestro de carbono no solo, diminuí as emissões de gases de efeito estufa e torna a atividade mais sustentável.

O momento atual é muito oportuno para a recuperação desse enorme passivo de pastagens improdutivas e degradadas da Amazônia, devido aos diversos programas governamentais que estão em andamento (Mais Alimentos, Programa ABC, FNO, etc.) que estão proporcionando as condições necessárias para apoiar os investimentos em recuperação de pastagens degradadas na Amazônia, com financiamentos com taxas de juros reduzidas e maiores prazos para amortização.

Seringueira

Seringueira em Sistemas Agroflorestais

Sistemas agroflorestais, as quais foram geradas ou adaptadas pela Embrapa e por outras instituições de pesquisa, bem como pelo setor produtivo. A publicação destaca as principais vantagens dos sistemas agroflorestais e oferece informações detalhadas para implantação e condução do seringal em consórcio temporário com culturas de ciclo curto (milho, sorgo, arroz, feijão, caupi, soja, amendoim, girassol, mandioca, mamona, algodão, batata doce, melancia, abacaxi, maracujá, mamão e banana e outras).

Durante três ou quatro anos após o plantio do mesmo, bem como os diferentes sistemas de consórcio com culturas perenes (cafeeiro, cacaueiro, pimenteira-do-reino, guaranazeiro, gravioleira, cupuaçuzeiro, palmiteiro, pupunheira, açaizeiro, citros e outras).

Tambaqui

Criação de Tambaqui em tanque escavado

O crescente avanço da piscicultura em viveiro demanda sistemas de produção que atendam as diversas fases do cultivo (cria, recria e engorda) e que permitam o giro rápido do capital envolvido na atividade, não somente pelos riscos que envolvem qualquer atividade zootécnica, mas também para mantê-la saudável financeiramente.

O sistema de criação de tambaqui em tanque escavado – sem troca de água durante o cultivo, quando comparado com o cultivo em barragens – com volumes de troca de água determinados pela vazão das nascentes e de águas pluviais que são canalizadas para este tipo de instalação, se mostrou mais adequado por permitir maior controle dos parâmetros físico-químicos da água e consequentemente a obtenção de melhores índices zootécnicos nos cultivos. O tambaqui é uma espécie de baixa tolerância a mudanças bruscas de algumas características da água, principalmente temperatura.

Produção de tambaqui em tanques escavados com aeração

O Sistema de Produção Intensiva de Tambaqui em Tanques Escavados com Aeração foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar a oferta de pescado a preço estabilizado e sem sazonalidade. A adoção do sistema permite ao produtor aumentar a densidade de peixes nos tanques elevando a produtividade de 6 t/ha por ano em sistemas tradicionais, para 18 t/ha por ano.

A sua utilização, seguindo as orientações técnicas da Embrapa, permite otimizar a mão de obra e aumentar a rentabilidade por hectare, sem necessidade de desmatamento. Os tanques escavados com aeração para produção de tambaqui não geram resíduos no processo, não necessitando de tanque extra para tratamento de efluente.

Texto Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Embrapa

Post Author: Agro Floresta

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