Com alta da inflação, preço do arroz dispara mas deve ser contido nos próximos meses

No Amazonas, o arroz acumula alta de 19,25% e o feijão já tem inflação acima dos 30%. 

Essencial na mesa dos brasileiros, um pacote de cinco quilos de arroz, que normalmente chegava a custar R$ 15, agora está sendo vendido por até R$ 40 em alguns Estados. Os elevados patamares de preço internacional anteriores à crise do novo Coronavírus, a desvalorização do real perante o dólar, a expressiva exportação de janeiro até agosto de 2020, a menor disponibilidade de importação dos parceiros do MERCOSUL, a redução de área do grão no Brasil nas últimas duas safras, o resultado das baixas rentabilidades identificadas nos últimos anos e o aumento da demanda pós-pandemia, são, de acordo com a Superintendência de Gestão da Oferta – Sugof – da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as principais causas para o aumento do preço do produto nos supermercados.

Esse foi o assunto da semana em Brasília. Muitos cogitaram até a falta de arroz na mesa dos brasileiros. O que foi desmentido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O arroz não vai faltar. Agora ele está alto, mas nós vamos fazer ele baixar. Se Deus quiser vamos ter uma supersafra ano que vem”, afirmou a ministra Tereza Cristina em reunião no Palácio do Planalto na terça-feira (8).

A Conab também garante que não há risco de desabastecimento. “Os preços estão mais caros mas há produto tanto no mercado interno quanto no mercado externo para suprir a demanda dos brasileiros. Porém, grande parte do produto disponível encontra-se nas mãos de produtores bem capitalizados, que têm escalonado suas vendas em busca de preços mais remuneradores no atual período de entressafra (o núcleo da colheita do produto se concentra entre os meses de março e maio)”, ressaltou a Companhia.

Esse foi o tema de reunião entre o presidente Bolsonaro e representantes da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) ontem (9). Após o encontro, o presidente disse que não irá interferir no mercado para baixar os preços de itens essenciais, como o arroz, e que não existe “canetada” para resolver o problema da economia. Bolsonaro ressaltou ainda que os representantes de supermercados estão se empenhando para baixar os preços.

“Na ponta da linha, o preço chega pra eles, e eles estão se empenhando para reduzir o preço da cesta básica, que dado o auxílio emergencial houve um pequeno aumento no consumo. Houve mais exportações por causa do dólar também, sabemos disso aí. Os rizicultores, os plantadores de arroz, estavam com prejuízo há mais de 10 anos, mas está sendo normalizado isso aí”, garantiu.

Presidente Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução

Inflação

 A inflação oficial no país até julho é de 0,46%. Pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou que o custo da cesta básica já subiu bem mais do que a inflação em 16 capitais brasileiras. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia da Universidade de São Paulo, a saca de 50kg do arroz foi comercializada a R$ 102,93 no último dia 4 de setembro. Na mesma data do ano passado, o preço da saca era de R$ 45,02, uma alta de 128%.

No Amazonas, o arroz acumula alta de 19,25% e o feijão já tem inflação acima dos 30%. Um saco de 1 quilo, que antes custava cerca de R$ 3 em Manaus, agora está sendo vendido por quase R$ 8.

Imposto Zero

 Ainda ontem, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar a alíquota do imposto de importação para o arroz em casca e beneficiado até 31 de dezembro deste ano. A redução, segundo nota do Mapa, está restrita a 400 mil toneladas do produto.

“A redução temporária está restrita à quota de 400 mil toneladas, incidente nos produtos abarcados pelos códigos 1006.10.92 (arroz com casca não parboilizado) e 1006.30.21 (arroz semibranqueado ou branqueado, não parboilizado) da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM)”, informou o Ministério.

 Safra 2020/21

Para a safra 2020/21, que começa a ser comercializada em março de 2021, é esperada uma produção maior e queda do preço final ao consumidor.  De acordo com a Conab, a produção de arroz estimada para a próxima safra é de 12 milhões de toneladas, um aumento de 7,2% em relação à safra anterior.

“A nova safra começa a ser colhida em janeiro, porém, em volumes significativos apenas a partir de março. É esperado que os excelentes preços atuais estimulem uma forte recuperação de área e, com isso, com uma produção maior, seguramente os preços arrefecerão no próximo ano”, assegurou a Companhia Nacional de Abastecimento

Priscilla Torres

Correspondente de Política em Brasília

2 thoughts on “Com alta da inflação, preço do arroz dispara mas deve ser contido nos próximos meses

    Renato Costa Rodrigues da Silva

    (setembro 10, 2020 - 1:19 pm)

    Nesse momento complicado, é bom ter um artigo com um bom esclarecimento..
    Ótima matéria.

    Elias silva

    (setembro 13, 2020 - 1:52 pm)

    boa reportagem do preço do arroz

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