Neste 19 de abril, quando se celebra o Dia do Exército Brasileiro, é essencial reconhecer as raízes profundas que essa instituição tem na história dos povos originários do país. Muito antes da consolidação de uma força armada nacional, guerreiros indígenas já desempenhavam um papel crucial na proteção do território, enfrentando invasões e contribuindo para a formação da identidade nacional.
Um dos maiores símbolos dessa contribuição é Felipe Camarão, líder indígena da etnia potiguara, que teve atuação decisiva durante as invasões holandesas no século XVII. Ao lado de outros heróis da resistência luso-brasileira, Felipe Camarão comandou tropas com bravura, inteligência estratégica e um profundo senso de pertencimento à terra que defendia. Seu legado representa o espírito guerreiro, a coragem e o senso de justiça que marcam a trajetória dos povos indígenas no Brasil.
Essa tradição segue viva. Em muitas comunidades indígenas, os valores de defesa da Pátria, honra e proteção dos territórios continuam sendo passados de geração em geração. Jovens indígenas, descendentes de guerreiros ancestrais, hoje integram as fileiras do Exército Brasileiro, especialmente em regiões estratégicas como a Amazônia, levando consigo não apenas disciplina e técnica, mas também a sabedoria e a força cultural de seus povos.
A 2ª Brigada de Infantaria de Selva, por exemplo, reconhecida como a protetora da “Amazônia das Amazônias”, é composta por militares que conhecem e respeitam profundamente a realidade da floresta, muitos deles oriundos de comunidades indígenas. É esse conhecimento tradicional, aliado ao preparo militar, que fortalece a missão de proteger fronteiras, garantir a soberania nacional e promover a integração social na região.
Neste Dia do Exército, mais do que celebrar a força e a estrutura da instituição, é momento de reverenciar as origens desse espírito de defesa. Um espírito que nasce nas aldeias, cresce com os ensinamentos dos mais velhos e se transforma em compromisso com o Brasil.
Selva!
Texto: Beatriz Costa
Fotos: Reprodução