Com enredos que celebraram resistência, fé e superação, as escolas emocionaram o público no sambódromo, dando início a uma festa cheia de cultura e tradição
Na quinta-feira (27/02), abriram-se oficialmente os desfiles carnavalescos no Sambódromo, com as escolas do grupo de acesso B desfilando com enredos diversos. Os desfiles fazem parte da programação do Carnaval na Floresta 2025, iniciativa do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Oito escolas passaram pela passarela do samba, chamando a atenção pela evolução da qualidade de alegorias e fantasias, em relação a anos anteriores. Os desfiles foram transmitidos ao vivo pela TV Encontro das Águas e pelos canais do YouTube do Governo do Amazonas e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Assistindo de perto a todos os desfiles, o Secretário de Cultura e Economia Criativa, Caio André, percebeu a qualidade maior dos desfiles, neste ano, e afirmou que o Carnaval na Floresta 2025 vai ser o melhor dos últimos anos.
“Este ano será o ano do ressurgimento do nosso grande Carnaval. E eu tenho certeza que no dia 1º de março, já passando a meia-noite, virando o dia 2 de março, nós estaremos aqui comemorando a grande apoteose do samba, dizendo ao Brasil inteiro, ‘voltamos’. Manaus e o Amazonas voltarão a ser o melhor Carnaval do Brasil depois do Rio de Janeiro”, afirmou.
O diretor geral dos Grupos de Acesso A e B, Iomar Japonês, também comentou sobre a qualidade dos desfiles do Acesso B. “E [o crescimento] não é só de público, mas das próprias escolas de samba, em quantitativo bem maior, com alegorias bem maiores”, comentou. “E já convido para a sexta-feira, para as escolas do Grupo de Acesso A, que são aquelas consideradas maiores, bem mais niveladas”, convidou.
O gerente comercial Arthur Azevedo estava entre o público que foi conferir o primeiro dia de desfiles no Sambódromo. “Eu sempre venho prestigiar e acho interessante porque é algo inesperado. A gente tem a metamorfose da apresentação aqui na passarela. Gostaria de agradecer ao Governo do Estado, que incentiva desde quem está iniciando a quem é grandioso. É assim que se começa”, elogiou.
Unidos do Coophasa
Primeira a desfilar, a Unidos do Coophasa trouxe para o Sambódromo o enredo “Salve Maria Padilha – A Rainha de Todas as Giras”, exaltando a trajetória de Maria Padilha, de rainha póstuma da Espanha a pombagira cultuada no Brasil. Assinado por Jander Thomaz e desenvolvido pelo carnavalesco Jeferson Coelho, o desfile entregou magia, paixão e resistência, celebrando a força e o misticismo dessa figura histórica e espiritual.
Legião de Bambas
A Legião de Bambas levou para a avenida do samba o enredo “Vasco da Gama – O Gigante Cruzmaltino: Um Grito pela Igualdade e Resistência”, demonstrando a trajetória do clube que desafiou barreiras e se tornou o símbolo de inclusão no esporte. Com um desfile emocionante, a escola celebrou desde a fundação do Vasco até sua histórica luta contra o racismo, destacando os “Camisas Negras” e seu impacto no futebol brasileiro. Sob a direção de Xuxa Rakelly, Laura Lazer (Laurinha) e Mestre Castro, e com enredo assinado por Getulio Lôbo, a Legião entregou um espetáculo grandioso que marcou essa história de resistência e conquista.
Gaviões do Parque Dez
A Gaviões do Parque Dez desfilou sob o enredo “O Triunfo de um Sonhador: Edmilson Taveira – A trajetória de um empreendedor de sucesso”, uma homenagem a um legítimo amazonense que transformou sua história com garra e dedicação. A escolha do tema surgiu do reconhecimento da própria comunidade, que viu Edmilson crescer, superar desafios e se tornar um empresário de destaque no ramo do fast-food. Sob a criação do carnavalesco Junior Thompson, com Altelía Ribeiro e Pollyana Scarlet no comando do enredo, e Eloisa Cardoso à frente da elaboração do roteiro do desfile, a Gaviões emocionou e inspirou o público ao celebrar essa trajetória de sucesso e resiliência.
Ipixuna
O enredo “A Cor do Inconsciente”, da Ipixuna, com a assinatura do carnavalesco Rodrigo Fernandes Pinto e o enredo, sinopse e roteiro elaborados por João Bosco Souza da Silva, o Bosco das Letras, propôs um mergulho profundo nas raízes do racismo e do preconceito, temas que permeiam a história do Brasil. Através de uma forte narrativa, a escola revelou o sofrimento psicológico causado pelo racismo e a luta diária do indivíduo negro para se reafirmar em uma sociedade que constantemente tenta silenciá-lo.
Império do Mauá
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Império do Mauá se preparou para o Carnaval de 2025 com um enredo emocionante e de grande relevância social. Intitulado “Sangue: Combustível da Vida, Doar para Salvar – A Império Canta Hemoam num Gesto de Amor”, o enredo homenageou o Hemocentro do Amazonas (Hemoam) e destacou a importância da doação de sangue. Com direção do carnavalesco Cleumar Ferreira, roteiro e enredo de Aldenor Maciel e Rodão de Oliveira, o desfile foi uma celebração vibrante da solidariedade, ciência e da dedicação dos profissionais do Hemoam, que trabalham incansavelmente para salvar vidas.
Leões do Barão Açu
O enredo “Cura: O Ritual de Renovação”, desenvolvido pelo carnavalesco Ian Marinho de Carvalho e escrito por Dudson Carvalho, com a sinopse de Igor Marinho de Carvalho, trouxe para a avenida uma celebração da força transformadora da cura. A narrativa, que se iniciou na África, onde os tambores ecoaram a resistência e a libertação, seguiu por um caminho sagrado de rituais indígenas na floresta amazônica, em que pajés transformaram ervas em milagres.
Primos da Ilha
O enredo “Primos da Ilha: Santa Luzia – História e Memória do Povo do Emboca”, produzido por Ivo Neto e sinopse de Jorge Granjeiro, celebrou as raízes e transformações do bairro de Santa Luzia, em Manaus. Através do samba, o desfile resgatou a história do bairro, que nasceu como morada de pescadores e seringueiros, e se reinventou ao longo do tempo.
Balaku Blaku
O enredo da Balaku Blaku, “Mãos que Fazem: Do Divino Toque à Obra dos Gênios”, com organização do carnavalesco Almir Nascimento, celebrou a força e a resistência da comunidade que fez da espera pelo retorno da escola ao Carnaval de Manaus um ato de fé e esperança. Após um período longe da avenida, a Águia de Ouro ressurgiu com um desfile que exaltou o poder das mãos: aquelas que moldam, criam, curam e acolhem. O enredo de Jackson Sicsú homenageou o trabalho, a arte e a paixão de um povo que nunca deixou de acreditar, mostrando que cada detalhe da história da Balaku Blaku foi erguido pelas mãos daqueles que, com dedicação, transformaram sonhos em realidade.
FOTOS: Arthur Castro / Secom