Atrair piscicultores empresariais é o alvo para potencializar o desenvolvimento da atividade no Amazonas

A profissionalização do pequeno produtor é o carro chefe da Sepa mas, para aumentar a produção, volta seu olhar para 60 piscicultores que representam quase a metade da lâmina da água do estado. Avançar em infraestrutura e na burocracia do licenciamento ambiental seguem sendo desafios a superar

A piscicultura no Amazonas tem potencial de expansão. Concentrada na produção de peixes nativos – especialmente tambaqui, matrinxã e pirarucu – a Piscicultura do estado apresentou surpreendente crescimento em 2019, atingindo 20.596 toneladas: salto de 34,9% sobre o ano anterior, mas ainda requer infraestrutura, segundo dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Indiscutivelmente, o resultado é positivo, porém poderia ter sido melhor. Amazonas no Ranking da Produção de Peixes de Cultivo por Espécies passou da posição N°16 com 15.270 toneladas produzidas no ano 2018, para o lugar N°14 com 20.596 toneladas, indica o levantamento da entidade.

Tal crescimento no estado foi o resultado da busca por profissionalização dos piscicultores, com destaque nos cursos com foco em licenciamento ambiental para conseguir a regularização dos pequenos produtores, programa que segue na ativa mesmo com a pandemia pelo Covid-19.

Fonte: Anuário Peixe BR da Piscicultura 2020

Conforme Peixe Br, com o resultado de 2019, no segmento de peixes nativos de cultivo o Amazonas é o maior mercado de tambaqui de cultivo do Brasil.

A novidade do ranking dos cinco maiores produtores é o Amazonas, que substitui Roraima na relação e ficou na quinta posição.

Fonte:Anuário Peixe BR da Piscicultura 2020

Piscicultores de grande porte ganham destaque no planejamento

Para impulsar o aumento da produção e desenvolvimento da atividade a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), por meio da Secretaria Adjunta de Pesca e Aquicultura (Sepa) deverá lançar um programa direcionado para o piscicultor empresarial, aquele piscicultor de um porte maior que tem interesse em investir na atividade no Amazonas, informou o secretário adjunto de Pesca e Aquicultura da Sepror, Leocy Cutrim.

Nesse programa do piscicultor empresarial o planejamento estratégico tem como objetivo apoiar cerca de 60 piscicultores dos 2.700 que estão cadastrados, que representam quase a metade da lâmina da água do estado.

secretário adjunto de Pesca e Aquicultura da Sepror, Leocy Cutrim

Segundo Cutrim, o Amazonas tem uma grande quantidade de pequenos pisicultores que em términos de produção não contribuem muito. “92% dos piscicultores do estado do Amazonas não chegam a 2 hectares de lâmina de água, quantidade que não representa uma grande produção para atender o mercado interno”.

Por isso, a secretaria precisa atrair os grandes empresários para o estado, mas é necessário mostrar para eles que a legislação vai dar segurança para que se estabeleçam e produzam no estado. “Até então, o Amazonas seguirá sendo um grande comprador de peixes nativos de Rondônia e Roraima”, salientou.

A Sepa tem que fomentar a atividade, mas, não é obrigada atender só aos pequenos. Se precisa cada vez mais incentivar aos pequenos produtores se tornarem médios e grandes. Além de continuar dando apoio aos grandes.

 “Estamos educando e conscientizando os produtores para se tornar empresarial e com visão de negócio. A psicultura da resultado financeiro e lucro para quem cuida dela. Não adianta querer criar peixe e colocar um caseiro para cuidar do negócio, e depois cobrar do Estado que não deu certo a psicultura dele”, frisou.

Na opinião do secretário de pesca os piscicultores que têm visão empresarial estão dando certo no Amazonas os “coitadinhos” continuam reclamando, mas, ainda estão ganhando, porque não tem abandonado a atividade. Tem que tirar o lucro e investir nas melhorias.

A estatística é um desafio

O estado Amazonas é uno dos maiores consumidores de pescado do mundo, na avaliação de Cutrim  “Em Manaus temos uma média de 100 gramas por dia por pessoa, no interior passa para 400 gramas/dia e nas comunidades ribeirinhas, onde se pesca pode chegar a 800 gramas/dia. O consumo é exagerado e a cidade cresce absurdamente e não temos área suficiente para fazer, para estimular uma produção que atenda essa demanda do município de Manaus, por exemplo”.

Embora o Amazonas seja diferente de outros estados do Brasil, aqui se tem que preservar uma reserva legal de 80%. Um produtor que tem 100 hectares, mas ele só pode usar 20, além disso tem que preservar as áreas.

O secretario salientou “no Amazonas não temos estatísticas oficiais da atividade pesqueira nem aquícola a anos. A equipe está fazendo o levantamento in loco e poderemos ter uma proximidade maior da produção no interior, que as vezes é comercializada no próprio município e não é computada. A estimativa é 25 mil toneladas”

Explicou que quando tiverem estatísticas certas poderão estabelecer políticas públicas mais adequadas a determinado polo de psicultura o de pesca. “É um desafio, é uma meta, de montar antes do final do ano essa estatística do setor da pesca e da aquicultura”, disse.

Ele espera a implementação de uma lei estadual que estabeleça esses procedimentos para que a secretaria tenha recursos específicos para se fazer um projeto para a obtenção de desses dados.

No entanto, o  “Anuário Peixe BR da Piscicultura 2020”, da  Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), mostra dados sobre a produção de peixes de cultivo, em nível nacional, com informações regionais e estaduais, inclusive do Amazonas que podem nortear o trabalho governamental nas ações de desenvolvimento e de políticas públicas.

Fonte: Anuário Peixe BR da Piscicultura 2020

Para chegar aos números no “Anuário Peixe BR da Piscicultura 2020”, se basearam  em informações advindas de fundamentais parcerias, dentre as quais estão: Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Associações e cooperativas de produtores estaduais e regionais, Órgãos estaduais vinculados à produção e assistência técnica, Produtores de alevinos e de peixes de cultivo, Principais frigoríficos em diversas regiões, Compradores de peixes (atacadistas e varejistas)

Na pesca

A pesca no estado produz 125.000 toneladas por ano, aproximadamente, mas o consumo é exagerado na época da safra, comentou o secretário. No entanto isso impacta na psicultura, porque aquela matrinxã, pirarucu o tambaqui que vem do rio, tem custos de produção diferenciado daqueles criados em viveiro.

Por isso estão colocando outros produtos como o tambaqui curumim, de até 500 gramas, que está pegando nas feiras ADS e no programa “Peixe no prato”, calando no gosto popular.

É uma opção para que o pequeno produtor possa obter renda, porque pode produzir várias vezes um peixe pequeno, do que passar um ano para produzir um peixe de 3 quilos que demora de 13 a 14 meses para ser despescado. Não adianta ter um hectare e achar que vai ter viabilidade económica que não tem, explicou.

O que mostram os resultados, os municípios da região Metropolitana de Manaus são os que tem maior potencial porque estão mais próximos da unidade consumidora que é Manaus. Outros polos importantes são o Alto do Solimões, Benjamin Constant, Coari, Humaitá que tem potencial para crescerem. 

Psicultura brasileira em crescimento constante

A Piscicultura brasileira manteve a rota de crescimento em 2019. A produção avançou 4,9% e chegou a 758.006 toneladas. Foi o maior índice entre todas as proteínas animais no país.

O Brasil reforça a posição de 4º maior produtor de tilápia do mundo. A espécie, aliás, já representa 57% da produção nacional. Os peixes nativos mantêm-se fortes, com 38%

Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, os produtores de peixes de cultivo esperam um crescimento na produção em 2020 acima dos 4,9% do ano passado, disse o diretor-presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros.

Texto Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Divulgação Sepror

Post Author: Agro Floresta

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