Marinha impulsiona Ensino Profissional Marítimo na Amazônia

A Amazônia é uma região do Brasil que impõe diversos desafios logísticos por conta de sua imensidão, de sua densa floresta e do baixo número de estradas. Historicamente, a população que vive nessa parte do Brasil utiliza as embarcações como principal meio de transporte intermunicipal e interestadual, o que gera um intenso tráfego aquaviário nos diversos rios que cortam a região.

Diante deste cenário, a Marinha do Brasil (MB) tem impulsionado o Ensino Profissional Marítimo na região, com intuito de qualificar cada vez mais aquaviários para o mercado de trabalho e contribuir com a segurança da navegação.

Na Amazônia Ocidental, que engloba os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, o Comando do 9º Distrito Naval (Com9ºDN) vem ampliando a oferta de diversos cursos. Em 2024, 4.173 aquaviários foram formados na região.

Na área de jurisdição do Com9ºDN, os cursos são coordenados pela Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC), Capitania Fluvial de Tabatinga (CFT) e Capitania Fluvial de Porto Velho (CFPV). Essas Organizações Militares (OM) executam o Ensino Profissional Marítimo não apenas nas grandes metrópoles, mas também em cidades do interior, por meio das Agências Fluviais e ações itinerantes. Em Manaus, os cursos são ministrados no Centro Técnico de Formação de Fluviários da Amazônia Ocidental (CTFFAO).

“Eu vejo uma situação bem diferente com essas grandes oportunidades que a Marinha vem dando para os aquaviários se formarem e a quantidade de novos aquaviários formados também está crescendo muito. Isso, para nós, é um avanço na Marinha Mercante. Estamos tendo a oportunidade de avançar e isso é muito importante para nossa carreira”, conta o aquaviário Wildeson Oliveira Mar, que atua na Marinha Mercante desde 1992 e está concluindo o curso de acesso à categoria de Supervisor Maquinista – Motorista Fluvial (SUF), no CTFFAO, em Manaus (AM).

Habilidades aprimoradas

Segundo o Capitão dos Portos da Amazônia Ocidental, Capitão de Mar e Guerra André Carvalhaes, no ano de 2024, a CFAOC bateu recorde de cursos ofertados, com mais de 2,1 mil alunos formados, em mais de 70 turmas.

“Em 2025, estamos com projetos de levar os cursos para municípios e comunidades que nunca receberam nossas equipes. Já estamos com um edital aberto para o processo seletivo com 300 vagas do Ensino Profissional Marítimo para Manaus e outras cidades do Amazonas, e estamos facilitando o processo de inscrição, que pode ser feito por e-mail ou presencial”, afirma o Comandante Carvalhaes. O edital pode ser conferido no site da CFAOC.

Há cursos voltados para o acesso às categorias de Marinheiro Fluvial, Contramestre, Mestre e Capitão Fluvial, além de cursos especiais, de adaptação e o Curso Especial para Tripulação de Embarcações de Estado no Serviço Público (ETSP).

Aquaviários realizam curso de acesso à categoria de Supervisor Maquinista – Motorista Fluvial (SUF), no CTFFAO, em Manaus – Imagem: Marinheiro Welington

O Comandante Carvalhaes destaca que a economia em torno da navegação na Região Amazônica é muito forte e a capacitação ofertada pela Marinha permite aumentar a disponibilidade de aquaviários de alto nível no mercado de trabalho. Com suas habilidades aprimoradas, eles estão aptos para contribuir para a segurança da navegação e eficiência das operações fluviais.

“A Marinha está atenta às necessidades do Ensino Profissional Marítimo na nossa região, inclusive no quesito inovação. As empresas estão cada vez mais modernas e nossas instalações também vêm acompanhando isso. Em Manaus, por exemplo, temos um simulador que proporciona uma imersão realista e interativa no passadiço de um navio”, ressalta. “Estamos entregando profissionais bem formados, atentos à segurança, atentos às suas responsabilidades e que, com certeza, contribuirão no crescimento da economia da região.”

Rio Madeira

A Capitania Fluvial de Porto Velho (CFPV) impulsiona o Ensino Profissional Marítimo no estado de Rondônia e em alguns municípios do Acre e Amazonas, onde possui Agências Fluviais subordinadas. A região também é considerada estratégica por conta da importância que a navegação no Rio Madeira representa para a economia da região amazônica.

“O aumento do atendimento às comunidades, no que se refere à execução dos cursos, é de grande importância para a segurança da navegação e qualificação profissional desses cidadãos. Com essa qualificação, a Marinha proporciona uma elevação na condição socioeconômica dessas pessoas e multiplica a informação da segurança da navegação”, explica o Capitão dos Portos de Porto Velho, Capitão de Fragata Matheus de Athaides Firmino.

Em 2024, 966 aquaviários foram formados e 784 servidores públicos qualificados pela CFPV e suas agências subordinadas, totalizando 1.750 alunos capacitados pelos cursos de Ensino Profissional Marítimo, o que corresponde a um aumento de 22% no número de alunos formados em comparação com o ano anterior. Para 2025, a previsão é de aumentar em 33% a mais de cursos no Programa do Ensino Profissional Marítimo para Aquaviários.

“Um dos desafios enfrentados está relacionado às distâncias das localidades e o difícil acesso a elas. Nessas comunidades, ainda há problemas como a dificuldade das populações mais vulneráveis apresentarem a documentação completa exigida para a inscrição nos cursos. Apesar desses desafios, os cursos executados foram ministrados com qualidade, disponibilizando material instrucional, com instrutores experientes e qualificados”, relata o Comandante Matheus.

Alto Solimões

Na região do Alto Solimões, no Amazonas, onde fica localizada a Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, as ações do Ensino Profissional Marítimo são desenvolvidas por meio da Capitania Fluvial de Tabatinga (CFT). No ano passado, 323 aquaviários foram formados na área.

“Reforçamos o empenho da CFT em buscar otimizar os recursos de pessoal e material, além de estudar novas oportunidades que possam incrementar o Ensino Profissional Marítimo na região do Alto Solimões. Para 2025, temos a expectativa de realizar 16 cursos, formando em torno de 440 novos aquaviários. Estamos em contato com os órgãos federais e municipais visando buscar parcerias de forma que haja a possibilidade de ampliar esses números”, destaca o Capitão dos Portos de Tabatinga, Capitão de Fragata Santos Soares.

O Capitão dos Portos explica que existem dificuldades logísticas pelo fato de a área de jurisdição ser muito grande. “Esses fatores são mitigados com o apoio e parcerias das instituições públicas e civis locais e dos Soamarinos, que admiram e valorizam o trabalho que a Marinha realiza em suas comunidades.”

Imagens: Marinha do Brasil e Primeiro-Tenente (RM2-T) Victor Cruz

Agência Marinha de Notícias
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Post Author: Bruna Oliveira

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