Jornalistas da América do Sul conhecem soluções e pesquisas para sustentabilidade da agropecuária brasileira

Como o investimento em ciência e inovação posicionou a agropecuária brasileira como benchmark global, aliando produtividade e conservação ambiental, foi um dos destaques da “2ª Press Tour da BASF Soluções para Agricultura”, realizado em Santo Antônio de Posse, SP, no dia 6 de novembro. O evento deu oportunidade para que jornalistas de países da América do Sul participassem de debates com especialistas sobre este e outros assuntos que impactam o cenário do agronegócio global, como as mudanças climáticas e a adoção de tecnologias inovadoras nos sistemas de produção, destacadamente do cultivo de grãos 

Num painel mediado por Marcelo Batistela, vice-presidente da BASF Soluções para Agricultura Brasil, Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, e Luiz Fernando Gutierrez, consultor de mercado especializado em soja e milho da Safras & Mercado, discutiram questões importantes para o agronegócio. O foco da conversa foram temas como sustentabilidade e as dinâmicas atuais do mercado agrícola. 

Spadotti apresentou dados que demonstram o atual cenário do uso e ocupação das terras no Brasil, ressaltando a contribuição dos produtores de soja para a preservação ambiental. Análises da Embrapa Territorial mostram que as áreas destes imóveis rurais estão reservadas à manutenção da vegetação nativa e seus respectivos serviços ecossistêmicos, como a preservação da fauna, flora e recursos minerais, inclusive a água. Ao cumprir a legislação vigente, destacadamente o Código Florestal Brasileiro, o produtor rural brasileiro, dentre os quais os sojicultores, dedicam cerca de 33% do território brasileiro, ou 49% dos seus imóveis, à preservação da vegetação nativa. “Boa parte destas áreas são aptas para a produção de alimentos, fibras ou bioenergias, mas os produtores as imobilizam em prol da biodiversidade animal, vegetal e mineral”, destaca Spadotti.

Ele também comentou sobre práticas sustentáveis que aumentaram a eficiência agropecuária da produção brasileira e reduziram o impacto ambiental, como o plantio direto, a fixação biológica de Nitrogênio e os sistemas integrados, com destaque para a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Spadotti mencionou ainda a importância de novas tecnologias e boas práticas, como o melhoramento genético, a edição gênica e o uso correto de insumos e defensivos agrícolas para ampliar esses resultados. “Ainda existe uma grande amplitude de produtividade entre os produtores mais tecnificados da média nacional. Nosso papel é não só gerar tecnologias adaptadas aos biomas e tipologias de produtores, mas fazer com que elas sejam transferidas e implementadas junto aos nossos homens em mulheres do campo”, ressalta o chefe da Embrapa Territorial. 

A conversão das pastagens brasileiras degradadas é outra oportunidade promissora, capaz de aumentar a produtividade sem expandir a fronteira agrícola. Spadotti detalhou o Plano Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, um programa do Governo Federal que visa transformar mais de 40 milhões de hectares em áreas produtivas nos próximos 10 a 15 anos. Dentro desse programa, a Embrapa Territorial contribui com estudos para avaliar a aptidão agrícola de pastagens, considerando o seu nível de degradação, e a repartição territorial destas áreas em função do tamanho dos imóveis rurais. Será um elemento-chave no direcionamento e alocação dos recursos desta política pública. 

Em relação às mudanças climáticas, Spadotti informou que a Embrapa vem trabalhando em duas frentes: mitigação e adaptação. Para amenizar os efeitos climáticos, ele deu exemplos de boas práticas, como agricultura regenerativa, soja e carne de baixo carbono, e os sistemas integrados. Para adaptação, a Empresa propõe uma rede de agrometeorologia e genética, cada vez mais adaptada às mudanças climáticas, focadas nas grandes culturas, como soja, milho e trigo e outros cultivos, como frutas, hortaliças e também bioinsumos.

Visão dos jornalistas estrangeiros 

Com várias visitas ao Brasil, o jornalista paraguaio David Mencia já estava familiarizado com o trabalho desenvolvido pela agricultura brasileira, mas contou ter se surpreendido com a informação de que as áreas de pastagens degradadas possuem potencial para serem reintegradas ao sistema de rotação. “Isso demonstra que o Sistema de Semeadura Direta, ou Plantio Direto, continuará a se expandir como modelo conservacionista”, afirmou.

Já a jornalista argentina Carola Urdangarin, inicialmente, associava a agricultura brasileira a um modelo mais voltado para altos rendimentos, semelhante ao dos Estados Unidos, com foco menor em práticas sustentáveis. No entanto, ao comparar os sistemas produtivos de seu país com os do Brasil, ela percebeu semelhanças. Assim como os produtores brasileiros, os agricultores argentinos também adotam novas tecnologias e preocupam-se com a adoção de práticas sustentáveis. Contudo, Carola observa que, apesar disso, os produtores argentinos não conseguem alcançar a mesma rentabilidade que seus pares brasileiros. Ela acredita que as questões regulatórias podem ser um fator que dificulta o processo de maior lucratividade na Argentina.

Carola apresenta o “Rivadavia Agro”, na Rádio Rivadavia. O programa aborda temas da atualidade do setor agrícola nacional.

*EMBRAPA

Post Author: Bruna Oliveira

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