Ativistas, líderes comunitários, especialistas e pesquisadores do mundo todo participaram ontem, sábado, 16 de novembro, de um evento no CRIA G20, em que foi apresentado o Capítulo Brasileiro da Iniciativa para a Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima, que será lançada oficialmente em 19 de novembro, durante a Cúpula de Líderes do G20. A iniciativa, em parceria com a ONU e a Unesco, faz parte dos esforços do governo brasileiro para promover a integridade da informação como elemento indispensável para a agenda climática.
O documento foi apresentado pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta. “O governo brasileiro insere no G20 a agenda de integridade da informação. Vamos sair daqui com um compromisso. Esse tema estará presente pela primeira vez. Isso é um marco”.
VISÕES
Para o pesquisador Philip Howard, presidente do IPIE (International Panel on the Information Environment, na sigla em ingês), plataforma internacional de investigação e estudos para o combate à desinformação, fake news prejudicam a tomada de decisões acerca do clima. “As narrativas falsas sobre o clima estão tomando grandes dimensões e isso é perigoso.” Ele sugere etiquetar o conteúdo de artigos científicos e estudos para marcar o nível de confiabilidade.
“O que torna a desinformação do clima algo único? O clima tem uma máquina de desinformação profissionalizada que está conectada com a indústria.
Há vários atores que ajudam a normalizar posições que são da indústria para torná-las em uma posição de consenso entre a população”, afirmou Jenny King, do Instituto para o Diálogo Estratégico, um grupo independente que se propõe a defender os direitos humanos e combater a onda crescente de polarização, extremismo e desinformação.
Mariane Castro, gestora de comunicação do Observatório de Marajó, afirmou que a desinformação enfraquece ações de mitigação e prevenção. “No observatório temos trabalhado para aproximar o debate climático de quem realmente vive essa realidade, criando metodologia e debates.”
O líder indígena guarani Thiago Karai Djekupe criticou o impacto do agronegócio sobre o meio ambiente. “Nosso modo de vida protege todas as outras vidas, mas nossa natureza está sofrendo com ações externas. Nosso aquífero está sendo contaminado pelo veneno que o agronegócio joga no chão. Nossos reservatórios estão secando, os primeiros que ficarão sem água somos nós.”
Também participaram do painel a jornalista Thaís Lazzeri, do FALA, Estúdio de Impacto, Camille Grenier, do Forum on Information and Democracy, Artur Romeu, dos Repórteres sem Fronteiras, Jullie Pereira, Associação ABaré, Louise Cardoso, da Red Dot Foundation Global, Sallie Ncube, da Equality Now, e o rapper e ativista Rafa Rafuagi.
OFICINA
Antes da apresentação do documento, a oficina “Mapeando a Desinformação sobre Clima no Brasil” apresentou os principais trabalhos de sistematização do cenário de desinformação realizados por organizações da sociedade civil e da academia. Participaram a jovem ativista sul-africana Ayakha Melithafa, e a ativista brasileira Paloma Costa.
“Enfrentar a crise climática consiste também em combater a desinformação. A integridade da informação é essencial para garantir que as decisões políticas e as ações climáticas sejam baseadas em dados e critérios científicos sólidos. É preciso aproximar a política da ciência”, disse Ayakha.
ENCERRAMENTO
O CRIA G20 encerra hoje com a oficina” Usando o humor para debater temas sociais”.
Foto: Divulgação / CRIA G20
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República