Agro Floresta Amazônia – Principais Notícias do Agro!

A riqueza que vem das águas

Estande da Sepa trouxe um tanque de tambaquis e a atividade de pesque e solte

A piscicultura é a atividade do setor primário que mais cresceu no últimos anos no Amazonas e é vista com um grande potencial econômico para a próxima década, na avaliação da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror).

Fatores naturais como a grande disponibilidade de recursos hídricos, variedade de espécie aquáticas, tecnologia de produção e o maior consumo per capita de carne de pescado são motivos do crescimento da setor pesqueiro amazonense.

O segmento inclui a pesca extrativista, a piscicultura (criação em tanques), a pesca esportiva, o peixe ornamental, o manejo de espécies (pirarucu, tartaruga, jacaré).

Durante a 41ª Feira de Exposição Agropecuária do Amazonas (Expoagro), a Secretaria Executiva de Pesca de Aquicultura (Sepa) manteve um espaço para mostrar ao visitantes os resultados da produção pesqueira no Estado. Um tanque com espécies como tambaqui e pirarucu chamou a atenção do público que também pode interagir com a atividade lúdica do “Pesque e solte infantil”.

A ocasião também serviu para o lançamento de programas para impulsionar o segmento. O mais importante foi a assinatura do decreto do Pró-Insumos, que regulamenta a subvenção do Governo do Estado, para o Programa Pró-Piscicultura, desenvolvido pela Sepa/Sepror. No programa Pró-Ração, o piscicultor poderá comprar a ração de forma mais barata. O financiamento será por meio da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam).

“Deste modo, o piscicultor que está parado poderá subsidiar esse custo de tanques de pesca em 50%, através da Sepror, com financiamento da Afeam”, explicou o secretário da Sepa, Leocy Cutrim, que deu uma entrevista exclusiva para a revista FLORESTA sobre um panorama do segmento pesqueiro.

Números

Leocy Cutrim é engenheiro de pesca, com mestrado em Aquicultura de Água Doce, e afirma que o Amazonas tem um potencial pesqueiro imenso que não consegue ser dimensionado pelos números oficiais. 

“É um dado errado dizer que o Amazonas importa pescado. Ele importa peixe da piscicultura, o tambaqui mais precisamente. Temos que somar todos os números. A pesca esportiva gera milhões. Tem turistas que nem pousam aqui em Manaus e pagam um pacote de viagem mais barato que custa a partir de R$ 4 mil. As pessoas só vêem que estamos trazendo peixe de Rondônia. Temos que contar com a pesca extrativa, esportiva e ornamental. Se somar tudo isso, vai dar duas zonas francas de Manaus em termos de emprego”, ressaltou o secretário da Sepa.

Por isso, ele questionou os dados divulgados em setembro de 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o Amazonas teve um baixo desempenho em sua produção em 2018 e que é responsável por apenas 1,6% da produção nacional.

Piscicultura

Segundo a Sepror, no ano passado a produção de pescado da piscicultura alcançou 15.270 toneladas. “É um trabalho a médio e longo prazo. Temos potencial para chegar a 40 toneladas”, acrescentou Leocy.

As modalidades de produção mais comuns são: viveiros escavados e barragens; tanque-rede; e canais de igarapé.

Atualmente, há 3,5 mil piscicultores cadastrados no Amazonas, pela Sepa.

Pesca extrativa

Outro dado relevante é o da pesca extrativa, feita através da captura de pescado diretamente dos rios. Segundo o secretário da Sepa, 125 toneladas são produzidas no período da safra e entressafra por ano, enquanto a piscicultura chegou ao máximo de 25 toneladas em 2017.

Na pesca extrativa as espécies mais capturadas são curimatã; jaraqui; matrinxã, pacu e sardinha, encontradas nas feiras, mercados, frigoríficos e supermercados do Amazonas. Essas espécies também são beneficiadas e exportadas.

Pesca esportiva

A pesca esportiva movimenta cerca de R$ 140 milhões por ano e emprega 20 mil pessoas (direta e indiretamente), segundo a Sepa. Por isso é vista como fundamental para a atividade pesqueira como um todo, segundo o secretário.

 Oportunamente, o governador Wilson Lima durante a feira, lançou o 1º Festival de Pesca Esportiva da comunidade agrícola de São Francisco do Caramuri, em Rio Preto da Eva, que ocorreu no final de outubro. 

Em fevereiro de 2020, outro evento promete trazer mais turistas para o Estado, quando será realizado o 1º Torneio Internacional de Pesca Esportiva em Barcelos, a 400 quilômetros de Manaus.

Os municípios de Barcelos, Santa Izabel do Rio Negro, Nova Olinda do Norte, Borba, Careiro, Autazes, Apuí e São Sebastião do Uatumã são os destinos mais procurados pelos pescadores esportivos.

As principais espécies de interesse são tucunaré, aruanã, pirarucu e bagres, encontradas principalmente nas regiões do Rio Negro, Rio Madeira e Baixo Amazonas.

Assistência técnica rural

O maior resultado da piscicultura virá com assistência técnica, financiamento, bem como comprometimento com o negócio do próprio piscicultor, reforçou o secretário Leocy Cutrim.

“Não adianta você querer criar peixe e colocar um caseiro lá. Precisamos colocar isso na cabeça do nosso produtor rural. Não só da piscicultura, mas de todas as atividades. Se você não tiver a frente do negócio, não funciona. Queremos mudar e fazê-lo entender que peixe se cria com técnica, não com resto. Nós estamos com esse papel, o sistema Sepror como um todo, com o Idam fazendo assistência técnica e a ADS trabalhando na comercialização do peixe”, conclui.

Reportagem: Cinthia Guimarães; Fotos: William Rezende.

Sair da versão mobile