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Quem destrói Amazônia não é agropecuária; é sobretudo grilagem e extração de madeira, saiba

Roraima 15 06 2018 Ibama apreende 7.387 toras extraídas ilegalmente da Terra Indígena Pirititi, em Roraima Foto: Felipe Werneck/Ibama

As atividades agropecuárias não são o principal responsável pelo desmatamento da Amazônia, afirmou há pouco o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Alexandre Saraiva. A derrubada da floresta é feita, principalmente, para a extração ilegal de madeira e para a grilagem de terras, a cargo de uma “organização criminosa”, segundo o delegado.

“Não estou dizendo que o setor agrícola não tenha cota de responsabilidade [no desmatamento], mas uma grande parte do desmatamento é produzida por uma organização criminosa”, afirmou o superintendente da PF no Amazonas.

“O tráfico internacional de madeira é a mola mestra do desmatamento”, acrescentou Saraiva, num painel durante a Semana BNDES Verde, iniciada na última segunda-feira, 19, com seminários transmitidos pela internet todos os dias até a sexta-feira, 23. “O desmatamento é feito por uma organização criminosa, com tentáculos em várias áreas da sociedade, incluindo o serviço público”, completou o superintendente da PF no Amazonas.

Segundo Saraiva, investigações como as da Operação Arquimedes mostraram que servidores públicos de órgãos ambientais, incluindo estaduais, participam de esquemas de extração ilegal de madeira, dando licenças fraudulentas para a exploração de terras. Por isso, o combate ao desmatamento passa pela investigação e o enfrentamento do tráfico internacional de madeira.

O Superintendente da PF no Amazonas destacou que a observação de campo mostra que as áreas desmatadas na Amazônia não são ocupadas por produção agropecuária. Em geral, as terras ficam degradadas, após a extração de madeira para o tráfico internacional, e depois são griladas.

Para sustentar a observação, Saraiva citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontariam que, nos últimos dez anos, o rebanho bovino de Apuí (AM), município onde o desmatamento mais cresce, se manteve inalterado em torno de 140 mil cabeças. Enquanto isso, é possível encontrar, em sites nos Estados Unidos e na Europa, o ipê brasileiro a preços equivalentes aos de madeiras nativas desses locais, como o pinus.

Saraiva aproveitou para criticar a postura de países europeus, que cobram do Brasil o controle do desmatamento, mas fazem pouco pelo controle da compra de madeira ilegal. Segundo o superintendente da PF no Amazonas, enquanto a legislação da União Europeia (UE) impõe severas regras de rastreabilidade da carne bovina exportada pelo Brasil, nada cobra sobre a origem da madeira brasileira e amazônica vendida na Europa.

Texto Vinicius Neder

Fotos: reprodução

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