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Produtores rurais de comunidades em Autazes afetados pela cheia recebem cestas básicas do programa Agro Fraterno

Com a maior cheia da história já registrada do Rio Negro no Amazonas, muitos munícipios foram afetados, entre eles muitos produtores rurais perderam sua fonte de renda ou ficaram isolados em suas comunidades. 

Com o intuito de ajudar essa população mais afetada o Governo do Amazonas e a Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA) se uniram para entregar cerca de 4.000 mil cestas básicas em comunidades carentes. 

As doações começaram no munícipio de Iranduba no dia 02 de junho, onde foram distribuídas 210 cestas para os produtores da Ilha do Baixio, e nos dias 10 e 11 de junho foram entregues duas mil cestas no munícipio de Autazes (113 quilômetros distante de Manaus). 

A doação faz parte do Programa Agro Fraterno, uma parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e do Programa Agro Amazonas, do Governo do Estado, executada por meio da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) e Fundo de Promoção Social (FPS).  

O secretário da SeprorPetrucio Magalhães Júnior, falou da importância que o Governo do Estado tem dado ao setor primário da região.  

“O setor primário em Autazes é um dos mais fortes do Estado, onde possui uma das maiores bacias leiteiras do Amazonas. Intervir nesse momento de grande cheia, somado à pandemia da Covid-19, é de suma importância ao auxiliar esse produtor afetado. A Sepror, a Faea e o FPS trouxeram, hoje, 2 mil cestas básicas a serem doadas para o homem do campo, que produz o alimento”, afirmou Petrucio. 

No caminho percorrido até Autazes é visível o quanto a cheia do rio afeta muitas comunidades e o quanto dificulta o trajeto pela BR-319, onde em muitos trechos estão cobertos por água e com correntezas fortes que por vezes arrastam carros para fora da pista. E foi o que aconteceu com uma das viaturas da Força Nacional que seguiam para Manaus para reforçar a segurança da cidade, a força da água foi tanta que jogou o carro para fora da pista, caindo no rio e ficando submersa.  

Viatura da Força Nacional na BR-319

Em outros trechos só é permitido continuar o percurso usando balsas como na travessia de Manaus para o Careiro da Várzea, embarcando no Porto da Ceasa. E no km 2 da AM-254 para chegar até Autazes. 

Travessia de balsa

Na Aldeia São Félix, às margens do Rio Madeirinha, ainda no km 2 da AM-254 antes de embarcar na balsa é possível conhecer peças arqueológicas encontradas por moradores locais em 2008, atualmente estão armazenadas na Escola Municipal Indígena Dr Jacobina, mas segundo o professor de Ciências Exatas, Everton Monteiro há uma necessidade de um local específico para que seja feita a exposição das peças. 

“Esse material está na escola desde 2008, e nós estamos lutando para colocar esse material em lugar adequado. Que a gente possa apresentar para os visitantes, quando chegarem na nossa aldeia possa ter acesso a esse material e até as próprias crianças da aldeia. Tem criança que ainda não viu esse material, não tocou porque ele não está em um local adequado. O que a gente sempre pediu é que o governo pudesse olhar para nós e construir um mini museu para que a gente possa expor o material e que ele não fique pegando chuva, então a gente almeja por isso”, contou o professor. 

Everton Monteiro, professor de ciências extas e uma peça arqueológica

Entrega das cestas

Já em Autazes, as cestas foram distribuídas para os agricultores de 4 comunidades, entre elas Terra Prometida e Novo Céu, Cooperativa de Produtores da Agricultura Familiar (Coopjafa), Cooperativa dos Produtores da Região do Lago do Sampaio (Cooperasa) e Cooperativa de Leite em Autazes (Cooplan). 

Na Cooperativa dos Produtores da Região do Lago do Sampaio os moradores além de perderem sua renda e alimentação com a cheia, também ficaram ilhados sem poder chegar até Autazes por conta das dificuldades encontradas no trajeto. Para eles foi um alívio essa ajuda, como contou dona Anete Rodrigues que divide a sua casa com mais duas famílias. 

“Para nós é uma ajuda tão grande, porque com essa enchente nós ficamos ilhados para cá sem poder ir para Autazes comprar nada. No interior é difícil para a gente, então foi uma ajuda muito boa para nós que precisamos, como a gente mora em comunidade então a gente precisa ir de ônibus, moto e com a enchente ficamos isolados. Para nós foi bem vinda essa cesta básica, quem dera se todo mês pudesse receber”, disse dona Anete. 

O presidente da cooperativa, seu Lucas, disse o quanto é gratificante receber essas cestas para ajudar a comunidade. 

“É uma ajuda muito fundamental para o pessoal porque muita gente aqui carente que perdeu tudo. Teve lugares que perderam os produtos, então a gente fica muito grato ao Senar, que trouxe essas cestas para a gente porque são um pessoal carente e humilde que precisa, então a gente agradece profundamente. Inclusive o apoio do governo que veio nos beneficiar e ao FPS”, comentou seu Lucas. 

Graças a uma grande mobilização social, que contou com representantes das entidades envolvidas aqui no Estado e das cooperativas, milhares de famílias puderam ter um alívio diante de perdas e reacenderam as esperanças de dias melhores. 

Seu Adalberto Ferreira contou com lágrimas nos olhos a importância de receber a cesta básica. 

“Eu estou grato por essa ajuda para a gente. Agradeço a cada um que está nos ajudando”, disse seu Adalberto. 

Seu Adalberto recebendo sua cesta

Já dona Valdete Lima que ficou sabendo da entrega das cestas básicas através da professora da escola dos filhos, falou das dificuldades que tem enfrentado nesse período com seis pessoas para alimentar na sua casa. 

“Com moramos no interior é tudo difícil para nós. Onde eu moro é difícil o acesso de transporte, como moro dentro das cabeceiras a água está muito em cima. A gente está sem trabalho, sem condições, temos que aproveitar essas cestas que vem para a gente porque tudo é benção, então estou feliz por isso”, falou Valdete. 

Dona Valdete

A professora Cintia Ramos, acompanhada do marido e do filho foram juntos para receber a cesta básica que ajudará a família nesse período difícil que estão enfrentando.

“Nesse momento é muito importante estarmos recebendo agora essa cesta básica, foi bem legal. Foi uma calamidade como fomos afetados pela cheia dessa forma, só quem sabe é quem está vivendo aqui dentro. Então veio em um bom momento para nós, foi até uma surpresa”, disse a professora. 

A professora Cintia Ramos, acompanhada do marido e do filho

No total, serão destinadas quatro mil cestas básicas, para beneficiar os agricultores de Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Autazes e a zona rural de Manaus. 

Fotos: William Rezende

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