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Petrucio Magalhães fala sobre setor primário no Amazonas em tempos de pandemia

O secretário da Produção Rural do Amazonas, Petrucio Magalhães, concedeu uma entrevista especial sobre o setor apontando o que foi realizado em 2020, durante a pandemia, e o que será feito em 2021. 

1) Qual o balanço do setor primário, neste ano atípico, afetado pela pandemia da Covid19?

No geral o balanço é positivo, o AGRO não parou, embora alguns segmentos tenham sentido mais a pandemia do que outros. 

2) Quais as áreas do agronegócio que mais cresceram?

Os números do IBGE e Conab indicam que a produção de grãos no sul do estado, avicultura, piscicultura, pecuária bovina e bubalina, além de algumas culturas da fruticultura, como por exemplo o abacaxi, tiveram crescimento em 2020.  

3) Como as contratações dos aprovados nos concursos do Idam e da Adaf irão influenciar as ações do setor primário no curto prazo?

Ao meu ver foi a maior conquista do setor em 2020. A decisão do Governador Wilson Lima de convocar os concursados do IDAM e ADAF resgata anos de perdas de técnicos no interior e fortalece o serviço de assistência técnica e extensão rural no Amazonas. Os efeitos dessa decisão acertada virão com mais e novos projetos para que os produtores rurais acessem o crédito rural, orientação a novas tecnologias de produção, apoio à comercialização, entre outros serviços de extensão rural que irá permitir a interiorização econômico e o desenvolvimento sustentável, com geração de empregos e melhoria da renda do povo interiorano. 

4) Com as retiradas da vacina contra aftosa em 13 municípios do Amazonas, como deve se dar a expansão da pecuária de corte e a leiteira?

Uma conquista histórica para a pecuária do Amazonas, o reconhecimento do Ministério da Agricultura dessa área livre de febre aftosa sem vacinação no sul do estado vai valorizar o rebanho bovino e os produtos carne e leite, advindos daquela região. A tendência é que tenhamos nos próximos anos um aumento do rebanho na região sul sem necessariamente termos aumento de desmatamento ilegal. Digo isso porque temos muitas áreas improdutivas e já antropizadas, que são áreas degradadas e podem ser recuperadas com adoção de lavouras de pastagem e a criação em pastejo rotacionado, aumentando a produtividade e o adensamento de até 8 animais por hectare. Para tanto, será necessário avançar na regularização fundiária e no licenciamento ambiental para promoção da pecuária sustentável.  

5) De que maneira o Estado está trabalhando para que todo o Amazonas receba o status de livre de aftosa sem vacinação contra febre aftosa, e quando vamos atingir este estágio?

É preciso reconhecer o trabalho de excelência da ADAF e seus técnicos. O nosso rebanho vem crescendo, são mais de 1,5 milhões de cabeças em todo território e temos avançado nas campanhas de vacinação contra a febre aftosa do nosso rebanho com índices próximos aos 100%. Além disso, instalamos várias barreiras sanitárias em pontos estratégicos de movimentação de gado que garante o planejamento sanitário. Com a convocação dos técnicos que passaram no concurso público, esse controle será maior e tudo isso tá sendo acompanhado de perto pelos técnicos da SFA/MAPA no Amazonas. Por estarmos cumprindo esse plano estabelecido pelo MAPA, acredito que em breve teremos outros municípios que deverão avançar no status sanitário também.  

6) Como vamos ampliar nossa piscicultura e diminuir a dependência de importação de peixes de Rondônia e Roraima. O que estamos agindo na área?

Com tecnologia, profissionalização do setor e mais investimentos. A piscicultura tem sido tratada com prioridade no Governo. Temos um potencial gigantesco hídrico, riqueza de espécies nativas e vocação natural para criação de peixe. Temos investido em sistemas de produção que melhore a produtividade para sermos mais competitivos com o peixe de outros estados. Um exemplo foi a doação onerosa de aeradores, doação de kits de análise de água, doação gratuita de alevinos de Balbina, a criação do Programa Peixe no Prato que garantiu a comercialização do pescado dos piscicultores e em breve teremos também um novo programa voltado para os pequenos criadores com doação onerosa de ração. Além disso tudo, estamos investindo pesado em capacitação dos criadores e apoiando as cooperativas de piscicultores para que de forma coletiva consigam comprar insumos em maior quantidade com menor custo. Para os piscicultores, houve capacitações, por meio do “Pró-Piscicultura”, editais de chamamento público para entrega de 210 kits de análise água, a distribuição de 2,66 milhões de alevinos e a doação de 7.500 mil sacas de ração. A pesca artesanal, ornamental, esportiva, indígena e manejada vem se destacando nos municípios do Amazonas que possuem grande potencial para a atividade. Para se ter uma ideia do apoio a esse segmento, a Sepror realizou em 2020, 12 cursos de capacitação, atendendo 500 pescadores de 5 municípios do Amazonas, 47 orientações e visitas em 10 municípios, capacitando 4.400 pescadores. 

Também vem apoiando o tradicional evento da Pesca do Mapará, em Careiro da Várzea, ações de apoio aos pescadores ornamentais (piabeiros), retomada das atividades de 03 (três) indústrias de pescado no Alto Solimões que estavam há mais de 16 anos parados, entregas de conjuntos de materiais de apoio à pesca ornamental, apoio ao manejo do Pirarucu e a pesca esportiva. Os resultados dessa política de valorização da piscicultura já se observam com o aumento da produção no estado e tendência de sermos autossuficientes e exportadores para algumas espécies. 

7) Como equilibrar desenvolvimento rural com preservação ambiental?

Todos os avanços que temos tido no setor primário comprova que é perfeitamente possível promover desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Precisamos quebrar o tabu de que não temos cultura para produção de alimentos no Amazonas. A vocação principal do interior é o setor primário, a bioeconomia, a produção agrícola, pecuária sustentável, pesca artesanal, extrativismo e piscicultura. Temos que agregar mais valor aos produtos da sociobiodiversidade Amazônica com criatividade, fortalecer o empreendedorismo, cooperativismo e atrair empresários e novas agroindústrias que queiram investir nos produtos da Amazônia.  

8) De que maneira a Sepror está trabalhando a bioeconomia para diversificar suas ações?

Temos no nosso planejamento estratégico do setor primário e no permanente diálogo com a SEDECTI, tratado de algumas cadeias produtivas de grande potencial que podem alavancar nossa bioeconomia no interior gerar emprego e renda. Podemos citar a borracha, castanha, açaí, óleos vegetais, entre outros produtos da nossa sociobiodiversidade. Nosso objetivo é atrair empresas e cooperativas que queiram investir nesses produtos amazônicos. Daremos todo o apoio técnico para que essas agroindústrias se instalem no interior do Amazonas e possam ser incentivadas com tratamento tributário diferenciado e crédito facilitado.   

9) Como está o projeto de construção do Parque de Exposições Eurípedes Lins?

Em andamento. O projeto técnico está pronto. Em 2021, será dado início a construção do novo Parque Multiuso do Governo do Amazonas, localizada no quilômetro 02 da BR174.  Em breve será licitado o primeiro módulo de construção, em razão do porte da obra, faremos sua execução por etapas. Temos tido o importante apoio da SEINFRA e nossa meta é realizarmos a 43a EXPOAGRO já no novo parque que não estará ainda 100% concluído, mas já permitirá a realização da feira, isso tudo se tivermos resolvido a questão da pandemia.  

10) Que novas parcerias estão sendo feitas com o Mapa, CNA,Embrapa e universidades para melhorar o desempenho do setor primário amazonense?

Temos dois projetos inéditos com a Faculdade de Ciências Agrárias/UFAM em análises. Um projeto que visa análise de solos gratuito para pequenos agricultores e o outro voltado para pecuária sustentável. Temos também dialogado com a EMBRAPA e vários projetos em execução com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA. Podemos destacar o Projeto Amazonas +Verde, com recursos da ordem de 7,5 milhões de reais para desenvolver Sistemas Agroflorestais e Piscicultura no Sul do Amazonas nos próximos 2 anos. 

11) Quais serão as novidades para o próximo Plano Safra 2021/2022?

Nossa equipe está trabalhando na elaboração do nosso Plano Safra 21/22, que faz parte agora de um Programa maior que é o Agro Amazonas. Podemos destacar os investimentos na recuperação de ramais que tem sido a nossa maior demanda dos produtores rurais. O Programa S.O.S Vicinais, programa inédito do nosso Governo, recuperou mais de 25 quilômetros de ramais e vicinais de três (03) comunidades da zona rural de Manaus, que se encontravam intrafegáveis. Essa reforma vai beneficiar os produtores rurais para o escoamento da produção. Em 2021, o Governo do Amazonas dará início a nova fase do Programa com um investimento de mais R$ 8 milhões para beneficiar um número maior de comunidades, facilitando o transporte de produtos e insumos. Outro Programa de destaque é a compra dos agricultores familiares, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que realiza a compra de produtores oriundos da agricultura familiar do Amazonas, destinando para 157 entidades socioassistenciais, beneficiando 162 mil pessoas do Estado. O Recurso da Ordem de R$ 13,4 milhões, para o ano biênio 2020/2021, destinado pelo Governo Federal, é o maior investimento na compra de produtos rurais do Norte, beneficiando mais de 2 mil produtores de 55 municípios do Amazonas. 

12) Qual será o orçamento da Sepror para 2021?

Vamos superar essa pandemia em 2021 e retomar as ações e projetos do Programa AGRO Amazonas que busca diversificar a matriz econômica e interiorizar o desenvolvimento com o apoio às cadeias produtivas de grande potencial. O objetivo do Governador Wilson Lima é gerar oportunidades, emprego e melhorar a renda dos homens e mulheres do interior. Toda essa identidade do Governo do Amazonas com o interior  tem gerado bons resultados. O PIB do setor agropecuário vem se destacando com uma participação de cerca de 6 % do PIB e o valor bruto da produção agropecuária superou os 7 bilhões de reais, a maior série dos últimos 18 anos. Estamos plantando o futuro e confiantes nos investimentos que o Programa Agro Amazonas vai fazer no setor primário nos próximos 2 anos. São mais de 800 milhões de reais de investimentos para diversificar a matriz econômica do Amazonas e garantir nossa biodiversidade. 

13) Como a ADS atuou na pandemia em 2020?

A ADS tem feito um trabalho muito importante, principalmente durante a pandemia. A decisão de não parar com o PREME em razão da suspensão das aulas dos alunos da rede pública e a continuidade da compra da agricultura familiar foi decisiva para garantir a segurança alimentar e nutricional das pessoas que mais precisam e também a garantia da economia das associações e cooperativas. Além disso, os feirantes da ADS, mesmo com a suspensão das feiras, continuaram recebendo 50% da média produtiva, garantindo a atividade econômica. 

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