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Pesquisa mostra potencial do guaraná do Amazonas em indústrias como a cosmética e a farmacêutica

Estudo conduzido pela Embrapa Amazônia Ocidental seleciona genótipos de guaraná do Amazonas com maior potencial energético e antioxidante

Uma pesquisa avaliou e quantificou a presença de substâncias responsáveis por efeitos energéticos e antioxidantes em genótipos de plantas de guaraná do Amazonas. O resultado permitiu selecionar guaranazeiros com capacidade de produzir frutos com maiores teores de substâncias funcionais. Isso amplia o potencial de uso do guaraná em indústrias como a cosmética e a farmacêutica.

 

Nessa pesquisa, genótipos do programa de melhoramento genético do guaranazeiro conduzido pela Embrapa Amazônia Ocidental (AM), selecionados como mais produtivos, foram analisados em relação ao teor de cafeína, teobromina, teofilina, catequina e epicatequina. A maior concentração de algumas dessas substâncias nos genótipos permite classificá-los como mais energéticos, mais antioxidantes, ou com ambas as características.

O resultado faz parte da pesquisa e tese de doutorado “Divergência genética, adaptabilidade e estabilidade e ganhos de seleção para caracteres agroindustriais de genótipos de guaranazeiro”, defendida pela agrônoma Natasha Nina, com orientação do pesquisador da Embrapa André Atroch e da professora Flávia Schimpl, do Instituto Federal do Amazonas (Ifam).

A tese foi defendida no âmbito do programa de pós-graduação em Agronomia Tropical da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e recebeu, em 2020, premiação na categoria de Melhor Tese do Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical. 

O guaraná do Amazonas tem efeitos anticancerígenos

As propriedades terapêuticas do guaraná são atribuídas às metilxantinas e aos polifenóis. As metilxantinas atuam como estimuladores do sistema nervoso central e são encontradas principalmente no café, chá, cacau, além do guaraná. Já os polifenóis são grupos de moléculas que atuam como antioxidantes, ou seja, atuam na prevenção de radicais livres que oxidam as células, associados a várias doenças.

No grupo das metilxantinas estão inclusas a teofilina, a teobromina e a cafeína.  Nina pontua que o guaraná é a planta conhecida com o maior teor de cafeína, apresentando mais do que o dobro da quantidade presente no café, três vezes a do chá (matéria seca), cinco vezes a da cola, seis vezes a do mate, e oito vezes a do cacau. A teofilina, teobromina e cafeína já são utilizadas na composição de alguns medicamentos para diversas finalidades.

Considerando os polifenóis, o guaraná também se destaca em relação aos demais quando se compara os teores de catequinas. A catequina encontrada nele encontrada é duas vezes a do chá, semelhante à presente na cola e dez vezes a quantidade do cacau. O teor de epicatequina é semelhante ao encontrado no chá, duas vezes ao encontrado na cola e mais de três vezes a quantidade do cacau.

Existem vários efeitos para a saúde a partir desses compostos encontrados no guaraná. Entre as principais, está a ação dos fenólicos como antioxidantes e atribuída principalmente às catequinas (catequina e epicatequina).  

Entre as propriedades antioxidantes do guaraná, indicadas com base em diversos estudos, são citados efeitos anticancerígenos, como controle do processo de metástase, redução da proliferação de células tumorais e aumento da morte de células cancerígenas por apoptose, controle do melanoma, atividade antienvelhecimento, prevenção de trombose, atividade antimicrobiana, controle de doença cardiovascular e dos níveis de colesterol total e o LDL (colesterol ruim), entre outros.

Produtividade e mais resistência a doenças

Nina informa que a pesquisa é inédita não só por estudar a diversidade genética em função de caracteres agroindustriais, como também pela avaliação da função dos metabólitos de sementes do guaraná voltadas à seleção de genótipos para o melhoramento genético. 

Atroch, que é o coordenador do programa de melhoramento de guaranazeiro, conta que desde o começo do programa, há mais de 30 anos, vêm sendo feitas seleções de variedades do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de guaranazeiro da Embrapa com base na avaliação de produtividade, resistência a doenças e características vegetativas como porte da planta e descritores do fruto.

Em decorrência, o programa de melhoramento lançou nos últimos anos 18 cultivares, que apresentam maior produtividade e maior resistência genética à antracnose, principal doença que ataca a cultura no Amazonas.

O pesquisador conta que, mais recentemente, ele e Firmino Filho, que também atua no melhoramento dessa cultura, passaram a buscar material genético com mais alto teor de cafeína por causa do interesse das indústrias farmacêuticas e de bebidas.

“Hoje nós procuramos aliar a resistência a doenças à produtividade de quilos de sementes por planta, além de focar no teor de cafeína nessas sementes, pois não adianta só ter alto teor de cafeína, se a produtividade for baixa”, comenta. Por isso, o trabalho da tese partiu de um grupo selecionado de genótipos de guaranazeiro escolhidos como os oito mais produtivos dentro de experimentos da Embrapa instalados em três municípios do Amazonas. 

“Escolhemos os oito mais produtivos para estudar mais profundamente”, explica Atroch, citando que entre os diferenciais que se destacam nesse aprofundamento está o estudo das catequinas e epicatequinas do guaraná, que atuam como antioxidantes. 

Com informação da Assessoria da  Embrapa Amazônia Ocidental (AM)

Fotos: Divulgação

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