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ONGs atuam na Amazônia como um ‘governo paralelo’, diz Aldo Rebelo

Por que o senhor se transformou num crítico do trabalho das ONGs na Amazônia? 

Viajei durante quatro meses pela Amazônia e estou escrevendo um livro sobre esse assunto. Você tem ONGs de vários tipos tipos atuando no Brasil. Algumas são humanitárias, desenvolvem um trabalho de assistência. Outras representam apenas interesses internacionais, inclusive com financiamento externo em larga escala. Elas estão lá, na Amazônia, atuando como se fosse uma espécie de governo paralelo.

Governo paralelo? 

A Amazônia é disputada antes de ser conhecida, quando os portugueses e espanhóis celebraram o Tratado de Tordesilhas. É a região mais rica do Brasil, tem a maior biodiversidade do mundo, a maior reserva de água e, paradoxalmente, uma população que possui os piores indicadores sociais do país. As dificuldades da população tendem a continuar assim se nada for feito para desenvolver a região.

O governo diz que o desenvolvimento sustentável é prioridade. 

A política do governo Lula para a região é uma tragédia, uma política de renúncia da soberania nacional. Todos os gestos até agora são para partilhar a soberania da Amazônia com as ONGs. Basta dizer que o Ibama impede a prospecção de petróleo no litoral do Amapá e a Funai acaba de criar um grupo de trabalho para demarcar como terra indígena uma área onde está uma das maiores minas de potássio do mundo. Tudo isso é influência das ONGs.

Mas o Ibama e a Funai são órgãos públicos. 

É isso que estou dizendo. O governo Lula entregou para as ONGs as políticas públicas da Amazônia. Essas entidades influenciam e, de certa forma, determinam as políticas para a região. O discurso é bonito, mas, na prática, elas defendem mesmo é o interesse de seus financiadores, que são as fundações ligadas a governos estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos e da Europa. Essas ONGs obedecem quem as financia. O Ministério do Meio Ambiente tem pessoas ligadas a essas entidades sustentadas pelos interesses internacionais.

O senhor está dizendo que o governo não tem compromisso com a sustentabilidade, como ele prega.

Isso é conveniência dele e das alianças feitas com certos setores para ganhar as eleições de 2022. O único compromisso que o governo demonstra é com essa agenda do clima, uma pauta imposta ao Brasil. Uma agenda que ninguém lá fora pratica e que agora querem obrigar o Brasil a praticar.

Vindo de um ex-militante comunista, ex-ministro de Dilma Rousseff, esse discurso, em linhas gerais, surpreende, já que é semelhante ao da direita. 

Esse discurso sempre foi meu. Fui relator do Código Florestal e sempre vi essa realidade. Não estou disputando bandeira com ninguém. Sou um nacionalista e fui do Partido Comunista do Brasil por quarenta anos. Essas ONGs são nocivas para o desenvolvimento da região. Tudo que temos na tabela periódica está lá na Amazônia. Elas não querem uma China na América do Sul. Não querem uma potência, um país forte e desenvolvido por aqui. Querem impedir o uso de nossos recursos para o nosso próprio desenvolvimento. Essa é a maior demonstração do fracasso das políticas que temos na Amazônia.

 

*Veja

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