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O mês de julho está castigando os gaúchos e todo o Sul do Brasil, as temperaturas estão abaixo de zero graus e a tendência é piorar

 

Como se não bastasse o frio, também tivemos geada, deixando os campos branquinhos de gelo. A geada é a formação de uma camada de cristais de gelo na superfície exposta, devido a queda de temperatura. Ela ocorre quando a superfície terrestre perde muita energia para o espaço devido ausência de nuvens.

Um Frio de renguear cusco (é a maneira carinhosa que o gaúcho chama seu cão) como se fala por aqui, só falta a água sair congelada da torneira, porque pequenos lagos congelam, vegetais amanhecem branquinhos da geada, a água do bebedouro dos animais congeladas, literalmente onde tem água do lado de fora das casas amanhece um gelo.

O que fazer para se aquecer do frio?

O frio está muito intenso, para amenizar este frio todo o pessoal do Sul veste casacos, poncho, boina, touca, bota, manta no pescoço, luvas, camiseta térmica, meia de lã, tudo que possa passar esse frio que sentimos. É uma sensação de frio que chega a tremer o nosso corpo. Também tomamos chimarrão o dia inteiro, a água quente do nosso amargo ajuda a aquecer, também colocamos muito fogo nas lareiras e no fogão a lenha.

 

 Nas estâncias, nos galpões os peões deixam o fogo aceso o dia inteiro, sempre com a água do chimarrão bem quente, para amenizar um pouco esse frio intenso e para eles poderem campear, que são seus trabalhos: verificar o gado, andar no cavalo, recorrer as cercas, dar comida para os animais… Os peões saem “quebrando geada”, como se fala aqui no sul, por isso precisamos do fogo de chão para ficarmos aquecidos.

O tradicional fogo de chão dos gaúchos

 As longas e frias noites de inverno, nas primitivas tribos indígenas, levaram os nativos a descobrirem o fogo de chão. As brasas incandescentes eram um verdadeiro convite para o doce aconchego, quando o frio parecia congelar tudo e todos. Ao redor do fogo de chão os homens contavam às crianças suas aventuras. O fogo de chão aquecia o sentimento nativo do mestiço, projetando-se no ideal campeiro do gaúcho. Passaram a contar histórias dos primeiros passos da formação do nosso pago como: o cavalo, o gado, as domas, as tropeadas, as carretas, os aramados, as marcações…tudo isso regado com o nosso chimarrão passando de mão em mão e com as alucinações e a bravura de um povo heroico.

Os mais nativos usos e costumes foram aquecidos pelo fogo de chão, foi passado de geração para geração, germinando a nossa tradição gaúcha. A chama acesa confunde-se com a própria história do homem. No fogo de chão aquecemos nosso corpo, nossos corações, a água do chimarrão, nossa comida e o nosso tradicional churrasco.

                                                                                                                                                              

                                    

    

Escritora

Márcia Ximenes Nunes Chaiben

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