Para acalmar a ansiedade da quarentena, nada melhor que a escolha de uma comida nutritiva que ajuda no fortalecimento do sistema imunológico e compartilhar com os seres queridos no aconchego do lar
Meu dia 50 no isolamento social começou com uma tapioca e uma xícara de café. Em Manaus, conheci o tucumã, a primeira vez que o comi não gostei, mas depois de que me falaram que é uma fruta rica em ômega 3, com altos níveis de vitamina A, C e fonte de cálcio, magnésio e potássio, comecei a achar ele muito gostoso.
Ainda mais, neste tempo de quarentena, porque estou ciente que manter uma alimentação equilibrada ajuda a fortalecer o sistema imunológico. Embora não exista comprovação cientifica de que os alimentos ajudam a não contrair o Covid-19, se o sistema imunológico está forte, o organismo, naturalmente, fica mais disposto a lutar contra o vírus, em casos positivos para a doença.
Por isso, em casa as refeições incluem proteínas, sempre acompanhadas de vegetais, legumes e hortaliças. Comer salada traz certa saciedade, nutre e evita ,também, o exagero com relação a outros alimentos.
Temos feito compras no supermercado quinzenalmente, porque as frutas e hortaliças estragam cedo, deixando biscoitos e bolos de fora, para evitar a tentação, o pelo menos, tentar. Porém, no ambiente domiciliar, a oferta de alimentos é maior pela proximidade com a geladeira e a força de vontade para se cuidar tem que ser enorme. Meus filhos, Andrés e Diego, tem o jeito deles, comem mais por serem jovens de 21 e 24 anos, respectivamente
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Luxo
Nestes quase dois meses de quarentena deu para perceber que os preços dos legumes aumentaram consideravelmente e a comida saudável virou luxo, pelos altos preços como consequência das dificuldades da logística em função da pandemia do coronavirus.
Os maiores aumentos de preço se deram no quilo do repolho (R$ 8,19), pimentão (R$ 7,99), cenoura (R$ 5,89), batata inglesa (R$ 5,19), tomate (R$ 4,69), cebola (R$ 4,19), e ovos, 30 unidades (R$ 16,99).
Fazer um suco de fruta em casa é mais caro que comprar um refrigerante de 2 litros. Considerando, por exemplo, que o quilo de melão custa R$ 7,99 e uma coca cola R$ 5,89. Outras frutas que subiram de preços são o abacate (R$ 7,99), banana pacovã (R$ 7,49), maçã (R$ 7,29), entre outras.
A minha estratégia para fazer o dinheiro render com alimentos saudáveis é fazer mudanças. Eu troquei o repolho pela alface, a abobrinha pelo espinafre, a beterraba pela abobara, o brócolis pela batata doce e a mandioca pela berinjela. No caso das frutas, troquei o kiwi pela melancia e o morango pela laranja. Assim, vou dando meu jeito e mantenho um cardápio nutritivo e equilibrado.
Em minha família, durante a quarentena, nós dividimos as tarefas de casa incluindo a preparação das comidas. Meus filhos ,agora, tem um cardápio mais amplo com novos pratos, que aprenderam a fazer no período e eu estou gostando do tempero deles.
Confraternizar e novos desafios
A hora da comida é o momento do encontro profundo da família, para compartilhar, para falar do que temos feito, dos problemas o do que nós estamos sentindo. Sempre foi assim, desde que eles eram crianças e nosso dia era muito corrido, entre o colégio, esportes deles e meu trabalho como jornalista, na Venezuela. Durante o isolamento, seguimos confraternizando e desfrutando de estar juntos e agradecemos a Deus pelas benções de ficar saudáveis, ter alimentos e moradia .
Com o coronavirus chegaram coisas boas para esta família que foram comemoradas também com comida.
O jornalista Antonio Ximenes lançou em 3 de abril o portal: www.groflorestamazonia.com, do qual ele é diretor, e me convidou a fazer parte de sua equipe de repórteres. Eu estou me sentindo muito feliz, porque voltei a atuar na minha profissão e ganhei um novo colega de profissão e amigo.
Também em quarentena, comemorei os aniversários dos meus filhos e o meu com almoços e bolos. Comemoramos a páscoa com um pastel de pirarucu, que na Venezuela seria o pastel de chucho, um peixe de mar. Temos comido banda de tambaqui ou frango assado aos domingos, com vinho o sucos de frutas e gostosos sobremesas. Aprendi a gostar do açaí e o cupuaçu e, agora, são meus sorvetes preferidos, é claro o brigadeiro não fica de fora.
Exercícios físico e mental
O sedentarismo físico e mental é ruim. A nossa varanda virou parque e academia. Pela manhã, em ela, tomamos o café e um banho de sol para revitalizar as células com vitamina D. Ao final da tarde, fazemos um lanche com frutas e meia hora de treino com um aplicativo, tudo com o intuito de não ficar parados.
Além dos exercícios, ouvir música erudita e popular brasileira, enquanto trabalho, me mantém feliz. Minha jornada como jornalista é muito dinâmica e todos os dias falo com pessoas diferentes. Umas estão lutando para sobreviver economicamente a pandemia, e outras cuidam para que não falte alimentos no prato dos brasileiros. Todas essas historias me motivam e alimentam meu espírito.
Tenho feito reportagens que me sensibilizaram, como uma das mulheres empreendedoras que fazem máscaras para salvar vidas e obter uma renda e a do superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Pessoa, que me apresentou a situação do setor primário no Amazonas.
Também a matéria da dirigente sindical Edjane Rodrigues que me disse: “os camponeses precisam melhorar sua renda, ter sua moradia, saúde e educação”, enfim, muito aprendizado em um mês.
E, recentemente, a matéria com a doutora Gato, que cultiva flores tropicais amazônicas e lançou uma promoção para o Dia das Mães, me emocionou pela delicadeza e bom gosto, com algo que amo: as flores.
Cinquenta dias de muito aprendizado culinário, do agronegócio, sobre empreendedorismo, políticas públicas, líderes, solidariedade, amizade, amor e vida saudável.
Me sinto bem escrevendo sobre o setor primário e me mantenho saudável junto aos meus filhos e milhares de leitores.Graças a Deus. Fique em casa. Proteja-se.
Texto e fotos: Dulce Maria Rodriguez