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Números do agro crescem em meio à pandemia e queda brusca do PIB

Fazenda Santa Rita, em Humaitá, colhe primeira safra de soja

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta semana (1) números referentes ao PIB (Produto Interno Bruto) que colocam o agronegócio como o salvador da economia brasileira em tempos de pandemia. De acordo com o instituto, apesar do PIB ter despencado 9,7% no segundo trimestre de 2020, a agropecuária apresentou alta de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mesmo o setor tendo uma expectativa de crescimento de 2,5%, os efeitos do novo coronavírus, como o fechamento de restaurantes e escolas, e a queda no consumo doméstico (12,5%, segundo o IBGE), não foram capazes de parar as atividades.

De acordo com os superintendentes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) Cleverton Santana – Informações do Agronegócio – e Allan Silveira dos Santos – Gestão da Oferta -, o número é importante para tranquilizar produtores e mostrar que o setor conseguiu se manter organizado mesmo durante uma pandemia, abastecendo o país e o mundo.

“Isso é importante para que o produtor mantenha a confiança na atividade, continue investindo em tecnologia, em manejo da propriedade, o que irá permitir um novo ciclo de produtividade e crescimento da produção. O resultado é importante também para os outros setores, na medida em que o crescimento do setor agropecuário mitigou parte da crise e fez com que a queda do PIB no período de análise tenha sido menor do que poderia ser. O setor agropecuário se mostrou bem resiliente”, ressaltam os técnicos.

Destaque para a expansão da produção de soja (5,9%), arroz (7,3%) e café (18,2%). No caso da soja, é interessante destacar que a colheita acontece geralmente no final do primeiro trimestre, mas esse ano, devido ao atraso no plantio por conta da janela climática, avançou até abril, o que acabou impactando positivamente os resultados.

Queda de 4%

Em relação à pecuária bovina, o porta-voz e assessor técnico do Núcleo Econômico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Paulo Camuri, afirma que a expectativa para 2020 é de queda de 4%. Segundo ele, os números não têm ligação com a pandemia, mas com o fato da @boi estar alta desde o fim do ano passado, o que gerou o abate de muitas fêmeas e a indisponibilidade de animais suficientes para o abate, o que se agrava com as exportações para a China, que tiveram aumento de 114%.

Paulo Camuri, porta-voz e assessor técnico do Núcleo Econômico da CNA

“Não temos animais suficientes prontos para o abate para atender toda a demanda que hoje é bastante alta em termos internacionais. A China está comprando muita carne bovina, muita soja também. A gente sabe que a China enfrentou a peste suína africana e, desde então, o plantel de suínos foi afetado, fazendo com que o país compre mais carne suína e bovina do Brasil. Então, o cenário hoje é de alta no preço da arroba e uma queda esperada da produção”.

Apesar dos bons números, muitos segmentos da atividade agropecuária e do agronegócio têm sentido fortemente os impactos negativos da crise. É o caso dos setores de flores, produtos da aquicultura, hortifruti e etanol, que sentiu bastante os efeitos das medidas de distanciamento social, mas não teve seus números divulgados no estudo de ontem.

“No caso dos hortifrútis e dos produtos da aquicultura, o fechamento de escolas e restaurantes impactou severamente a demanda e esses produtores têm sentido bastante esses efeitos. Em linhas gerais, o agronegócio mantém a sua contribuição, mantém a sua taxa de crescimento, se destaca em relação ao restante da economia, mas não está imune à crise”, analisa Camuri.

Plano Safra 2020/21

Os primeiros dados do Plano Safra 2020/21, iniciado em 1º de julho, mostram que a demanda por crédito aumentou consideravelmente: foram R$ 24,15 bilhões contratados no primeiro mês, o que representa 50% a mais que o mesmo período do ano passado. Os produtores têm comprado mais máquinas e equipamentos e investido em tecnologia, mesmo em um momento de crise, o que aumenta a produção e reduz o custo final para o consumidor brasileiro.

“A produtividade tem aumentado repetidamente todos os anos, os produtores têm usado mais pacotes tecnológicos e a gente espera que nos próximos anos o crescimento do setor também continue sendo pautado em aumento de produtividade. Para 2021, esperamos que à medida que o Brasil for superando a questão da pandemia, o próprio setor do agronegócio, principalmente o segmento da agroindústria, vai poder respirar com mais tranquilidade. E à medida que a economia volta a girar, as famílias voltam a consumir com mais intensidade”, concluiu o porta-voz da CNA.

Texto Priscilla Torres

Fotos: Divulgação

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