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Nascimento, vida e morte de um vinho

Para a maioria dos vinhos o auge é agora!!! 90% deles não melhoram depois de postos à venda e são cada vez mais produzidos para serem comercializados e bebidos jovens entre um e cinco anos de idade.

O que é então o vinho de guarda?

Para respondermos essa pergunta precisamos entender um pouco sobre a vida do vinho, em uma analogia com o homem, todo vinho nasce, amadurece, mantém a maturidade por um tempo, decai até ficar decrépito e morre.

 A fase de guarda do vinho se inicia após o seu engarrafamento e chamamos essa fase de envelhecimento, durante esse tempo, os vinhos tintos sofrem uma redução quando perdem cor e ganham complexidade e sedimentos, há também perda de tanicidade e acidez, tendendo a se harmonizar e a ganhar complexidade, formando o buquê. (O buquê é o aroma do vinho maduro e engloba as mutações físicas e químicas que ocorrem à medida que o vinho envelhece).

 Porém expectativa de vida do vinho é variável indo de poucos meses até décadas. Os principais fatores que contribuem para a longevidade dos vinhos são: a acidez, os taninos, o álcool e a doçura, vinhos com boas quantidades desses fatores são mais longevos sendo que a curva evolutiva varia de vinho para vinho, de safra para safra, porém o veredicto final sempre será na abertura da garrafa.

Na escolha de um vinho de guarda é importante se observar algumas informações como a vinícola produtora, a safra, o processo de produção e engarrafamento e após a compra devemos ter um local adequado para fazer a guarda do vinho, para que ele descanse e evolua sem interferências externas com luz, mudanças bruscas de temperatura e vibrações.

O ideal é comprar mais de uma garrafa e degustar ao longo dos anos fazendo anotações das características marcantes e acompanhar a evolução do vinho até o seu auge.

 Algumas sugestões de vinhos com potencial de guarda:

Velho mundo: clássicos como os Grands Crus de Bordeaux e Borgonha, Barolo, Bararesco, Brunello di Montalcino, Chianti Riserva, os Supertoscanos, a maioria dos tintos tradicionais portugueses, espanhóis Reserva e Gran Reserva são todos vinhos que podemos ter em nossas adegas por alguns ou muitos anos.

Quanto aos brasileiros???

Sim temos excelentes vinhos com potencial para longa guarda, a principal dica é procurar pelas melhores safras das quais se destacam os anos de 1999, 2005, 2012, 2018 e 2020, essa última considerada a safra das safras  e seus melhores vinhos ainda estão amadurecendo nas adegas das vinícolas e devem chegar nos próximos anos no mercado.

 Abaixo segue o relato sobre uma degustação guiada de vinhos brasileiros de guarda que comprova a longevidade dos nossos vinhos.

Uma experiência única, abrindo em grande nível os trabalhos do 2º dia de Masterclasses da ViniBraExpo 2020, sob a condução do Sommelier e Curador do evento Gustavo Guagliardi Pacheco.

Sommelier e Curador do evento Gustavo Guagliardi Pacheco

Degustação de vinhos brasileiros de guarda, onde tivemos a oportunidade de provar vinhos que já tem a sua capacidade de guarda comprovada e alguns inusitados como o Almadén Ugni Blanc 1998 que chega aos 22 anos com uma evolução muito interessante.

Vinhos degustados:

Almadén Ugni Blanc 1998;

Foi a maior surpresa, cor dourada intensa, o vinho estava fantástico, notas de cognac, damasco, volume e intensidade de boca excelente e persistência muito longa.

Miolo Cabernet Sauvignon Reserva, 1997

A proposta desse vinho não era a guarda, e aos seus 23 anos mostrou bem a evolução cor granada. Aromas bem evoluído de charuto e musgo, na boca já perdeu bastante estrutura, mas ainda apresentava marcas de taninos e acidez moderada. Já atingiu o seu auge, mas ainda estava bebível mostrando a qualidade dos processos na elaboração do vinho brasileiro.

Milantino Merlot, 2004

Granada-claro. Bouquet complexo, de média intensidade, com notas intensas de frutas negras, especiarias, na boca elegante, muito equilibrado.

Tem estrutura para mais alguns anos de guarda.

Don Laurindo Tannat, 2000

Cor rubi com reflexos granada. Aromas de especiarias, terra e couro. Na boca apresenta menos estrutura, característica dos Tannat da SG, equilibrado com uma boa persistência ainda com equilíbrio perfeito, pronto, não deverá evoluir mais.

Luiz Argenta Cuvee, Cabernet Sauvignon e Merlot, 2005

Coloração vermelha rubi intenso com reflexos granadas. Bouquet complexo e delicado, frutas vermelhas maduras, café e tabaco. Na boca média estrutura, elegante ao estilo bordalês.

Gheller Cabañas Tannat, 2006

Cor vermelho púrpura com halos granadas. Bouquet complexo de frutas negras, aromas terrosos, especiarias e couro. Na boca e concentrado e intenso, rústicos com taninos e acidez bem presentes.

Artigo João Ricardo
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