O objetivo é mostrar à comunidade internacional que o Brasil ‘não tem o que esconder’ em relação à floresta, diz vice-presidente
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, embarcou na manhã desta quarta-feira (4) para a Amazônia, onde visitará regiões da floresta com embaixadores da comunidade internacional. Mourão disse que pretende mostrar tanto partes afetadas pela ação humana quanto partes preservadas.
A viagem foi organizada após oito países europeus enviarem uma carta ao vice-presidente afirmando que a alta do desmatamento poderia dificultar a importação de produtos brasileiros. A tentativa do governo é dar uma resposta às críticas que o país sofre na área ambiental. Mourão preside o Conselho da Amazônia.
“O grande objetivo da nossa viagem era mostrar que o governo brasileiro não tem o que esconder e que nós estamos abertos a todo e qualquer diálogo necessário para demonstrar à comunidade internacional os nossos compromissos”, afirmou Mourão antes de embarcar.
“Nós vamos fazer uma viagem que vai abranger parte da Amazônia que está antropizada e parte que não está. De modo que, ao final desse percurso, esses diplomatas tenham condições de tirar as suas próprias conclusões”, completou o vice-presidente.
Os convidados
De acordo com a Vice-Presidência da República, participam da viagem os chefes das missões diplomáticas de:
- África do Sul
- Alemanha
- Canadá
- Colômbia
- Espanha
- França
- Peru
- Portugal
- Reino Unido
- Suécia
Além das representações dos países, devem participar da viagem os chefes diplomáticos da União Europeia e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que tem sede em Brasília.
O Executivo brasileiro é representado na comitiva, além de Mourão, pelos ministros Tereza Cristina (Agricultura), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Eduardo Pazuello (Saúde), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho.
Roteiro
Segundo o embaixador Juliano Féres Nascimento, chefe da assessoria diplomática da Vice-Presidência a ideia é que o avião saia de Brasília em direção à Serra do Cachimbo, localizada na divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará. De lá, a aeronave deve reduzir altitude e seguir o traçado da BR-163, no trecho que vai da divisa os dois estados até a cidade de Santarém (PA).
Nascimento diz que, nesse trecho, será possível sobrevoar áreas recém desmatadas, que enfrentam incêndios frequentes e áreas que apresentem as “cicatrizes” do fogo. Depois, disse o assessor, a comitiva será apresentada à parte da Amazônia que está preservada.
Em Manaus, o roteiro prevê atividades em organizações militares e no laboratório de investigação da Polícia Federal.
Em Iranduba, o grupo deve visitar um projeto de colonização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A comitiva também deve passar pelo local onde as águas dos rios Negro e Solimões se encontram para formar o Rio Amazonas.
Em São Gabriel da Cachoeira, os embaixadores devem ser levados à Casa de Apoio à Saúde Indígena, da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, além de visitar organizações militares.
Roteiro alternativo
Em tempo, o Greenpeace já sugeriu um roteiro alternativo do programado por Mourão, para que os embaixadores vejam o que realmente está acontecendo. E é preciso lembrar que imagem de satélite não costuma mentir.
Na rota do Greenpeace foram incluídas áreas vulneráveis no bioma e que têm registrado focos de desmatamento e incêndio nos estados do Pará e Amazonas.
“Uma viagem diplomática pela Amazônia brasileira que não inclua na rota os desafios e graves danos ambientais que a região enfrenta é uma viagem incompleta e uma oportunidade perdida”, afirma a ONG.
Texto Dulce Maria Rodriguez com informação da Agência Brasil e G1
Vídeo: Agência Brasil