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Ministério da Agricultura atualiza zoneamento agrícola para mamona

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou as novas portarias do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da mamona. A atualização tecnológica, coordenada pela Embrapa e validada com técnicos de diversas áreas ligadas ao setor produtivo, inclui cultivares de ciclo mais curto, risco de chuva na colheita, atualizações na base de dados meteorológicos e ajustes para diminuir os riscos na produção.

Entre as novidades, destacam-se a atualização dos parâmetros de cultura e ciclos representativos, inclusão de um grupo de cultivares de ciclo curto (inferior a 130 dias), extensão do zoneamento da mamona para todos os estados brasileiros, ajuste nos critérios e limites críticos, como índice de satisfação das necessidades de água (ISNA), temperatura e chuva na colheita para estimativa de risco, além da inserção do critério auxiliar de escape para o mofo cinzento em regiões ou épocas chuvosas e da subdivisão do Zarc Mamona Semiárido.

“O objetivo do trabalho técnico e metodológico foi identificar as áreas de plantio de menor risco climático para a cultura, abarcando três níveis de risco: 20%, 30% e 40%, e definir os melhores períodos de semeadura para mamona no Brasil, buscando reduzir perdas de produção e obter rendimentos mais elevados”, afirma o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) Eduardo Monteiro, coordenador do Zarc.

A planta da mamoneira (Ricinus communis L.) apresenta tolerância à seca, sendo, portanto, uma boa alternativa de cultivo para regiões secas do país. O cultivo não é indicado para regiões com períodos de chuvas muito prolongados, que propiciam o aparecimento de doenças como o mofo cinzento, além de prejudicar a colheita e a qualidade do produto.

A cultura é explorada comercialmente devido ao teor de óleo em suas sementes, com aplicação na área de cosméticos, produtos farmacêuticos, lubrificantes e polímeros. Tradicionalmente cultivada por pequenos produtores no Nordeste brasileiro, expandiu-se no Nordeste e para outras regiões do Brasil devido ao incentivo do Programa Nacional de Biodiesel, embora as áreas de produção venham diminuindo atualmente.

Na safra 2018/2019, a cultura da mamoneira no Brasil ocupou uma área de 46,6 mil hectares (ha), com produção de 30,6 mil toneladas de grãos, destacando-se o estado da Bahia pela maior área plantada e maior produção, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a safra 2019/2020, estima-se uma área de 45,5 mil ha, com produção de 40,7 mil toneladas de grãos e produtividade média de 895 kg/ha.

As áreas tradicionalmente produtoras de mamona no Brasil encontram-se, basicamente, nas regiões do semiárido brasileiro e transições. A maior parte da produção nacional está na microrregião de Irecê, na Bahia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos anos, a cultura vem se expandindo fora dessa região, no estado do Mato Grosso em dois municípios, onde a duração média dos ciclos e cultivares utilizados e o sistema de produção são bem distintos daqueles praticados nas áreas tradicionais. 

Condições agrometeorológicas

Para se obter produções economicamente viáveis, a faixa de temperatura deve-se situar entre 20 a 35 graus Celsius (°C), sendo a ideal em torno de 28 °C. A mamoneira desenvolve-se e produz bem em vários tipos de solos, exceto naqueles de textura muito argilosa e que apresentam deficiência de drenagem. O excesso de umidade é prejudicial durante todo o ciclo da cultura, sendo mais crítico nos estádios de plântula, maturação e colheita, de acordo com os especialistas da Embrapa.

Em cultivo de sequeiro, a mamoneira necessita de uma precipitação pluvial acima de 350 milímetros (mm), bem distribuída ao longo do período total de crescimento, e de umidade suficiente. Não deve ocorrer deficiência hídrica no solo, nos dois primeiros meses do período vegetativo.

Com a expansão da cultura para outras regiões e fora das zonas mais secas do Agreste e Semiárido do Nordeste, comprovou-se a dificuldade de controle do mofo cinzento, causado pelo fungo Amphobotrys ricini, em regiões chuvosas ou com estação chuvosa. Sem cultivares resistentes à doença e sem fungicidas registrados para seu controle, o mofo cinzento é a doença mais destrutiva da mamoneira. O patógeno afeta as inflorescências, os cachos e as sementes, reduzindo a produção e o teor de óleo nos frutos.

Considerando que o Zarc tem como objetivos dar indicações para aumentar as chances de sucesso do empreendimento agrícola e que a doença pode inviabilizar a produção da cultura em áreas de expansão, com perda de safra e ônus ao produtor, foi introduzido um critério adicional no Zarc mamona como uma estratégia de escape à ocorrência severa do mofo cinzento.

Os casos mais críticos ocorrem quando a cultura permanece em florescimento durante longos períodos com umidade elevada, o que pode ser mais grave nos ciclos mais longos de 180 a 200 dias, permitindo maior número de gerações e aumento populacional do fungo. Por isso, o zoneamento das áreas e épocas mais adequadas ao cultivo é fundamental.

Semiárido

Em razão das diferenças entre os sistemas de produção, um mais adequado às regiões mais úmidas do Brasil e outro próprio da região do semiárido, os pesquisadores entenderam a necessidade de subdivisão do zoneamento da mamona em Zarc Mamona e Zarc Mamona Semiárido. Assim, com base nos resultados do ciclo mais longo da cultura, foi delimitada a região a ser utilizada pelo Zarc Mamona Semiárido a partir dos municípios com risco de 40% ou maior. Os municípios com risco de 30% ou menor, nesse cenário, foram excluídos desse Zarc específico para o semiárido e transições, pois não apresentam restrições hídricas.

O Zarc Mamona Semiárido se diferencia do Zarc Mamona no restante do Brasil por admitir uma disponibilidade hídrica mais baixa no período produtivo, o que pressupõe produtividades esperadas igualmente mais baixas. Isso é adequado aos sistemas de produção da mamona tradicionalmente adotados no semiárido brasileiro, de baixa produtividade, mas, ainda assim, viáveis, devido ao baixo custo de produção.

 

Edição: Milena di Castro
Informações e fotos: Embrapa

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