Montar um hospital itinerante já não é uma tarefa fácil. Realizar o atendimento a uma população que não fala a língua portuguesa dificulta ainda mais o processo. Mas não é por isso que os militares da Força Aérea Brasileira (FAB) acionados para atuarem na Operação Yanomami não irão realizar a missão. “Os desafios são muitos, mas o resultado sempre vai recompensar”, destacou a Comandante do Hospital de Campanha da Aeronáutica (HCAMP) em Boa Vista (RR), Major Médica Juliana Freire Vandesteen.
“Assim que nós chegamos aqui, identificamos a necessidade de um atendimento prioritário para as crianças. Por isso, em paralelo à montagem do HCAMP, nós separamos os pediatras e a ginecologista para fazer o atendimento das grávidas, aproveitando a estrutura já montada pela Operação Acolhida e começamos o atendimento antes mesmo da
A estrutura do HCAMP conta com 31 militares, entre oficiais e graduados, e foi instalada para que os médicos consigam estabilizar os casos mais graves e enviá-los às redes hospitalares do estado, e assim obterem atendimento mais completo. Para isso, a FAB e o Exército Brasileiro disponibilizaram, também, ambulâncias altamente equipadas para realizar o transporte dos pacientes aos hospitais.
Os profissionais de saúde que estão empenhados nessa missão com a população indígena relatam ser uma experiência muito marcante. “É uma situação muito diferente da que a gente está acostumada a viver no dia a dia. São pessoas com uma condição de desnutrição grave, generalizada, doenças graves como malária e pneumonia. Tem sido muito comovente”, afirmou a Capitão Médica Pediatra Juliana Mattos do Amaral Tavares.
“Além disso, por estar desnutrida, a criança tem um peso que não corresponde à sua faixa etária. Às vezes, tem dois anos, mas, quando a gente olha, pensa que tem menos de um ano, de tão alto o grau de desnutrição”, completou a Capitão.
Os meninos e meninas que estão em estado de emergência precisam de uma primeira assistência, onde são realizados exames visando a identificação de doenças e administrações de medicações. Nos casos mais graves, são direcionadas ao hospital que presta assistência mais completa na região.
Diversidade cultural
De acordo com a militar médica, a demanda em ginecologia é, principalmente, para diagnóstico e tratamento de infecções ginecológicas e coleta de preventivo para rastreamento de câncer de colo uterino. “Já na obstetrícia, atendemos gestantes que não faziam acompanhamento pré-natal com desnutrição, verminoses e malária”, comentou a Oficial.
Atendimento integrado
E é em parceria com essa Unidade do SUS que a FAB atua no preparo das refeições e suplementação alimentar aos indígenas que precisam de atendimento específico para cada caso. “Tenho aproveitado para conversar com os profissionais de saúde que são da região e já têm uma vivência sobre saúde indígena há anos, para aprender sobre a cultura e os costumes de cada etnia,” concluiu a Tenente Médica Larissa Alvim.
*FAB