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Manejo integrado não usa químicos para controlar o bolor verde da laranja

Uma combinação de tecnologias é a solução apresentada pela Embrapa Meio Ambiente (SP) para controlar o fungo causador do bolor verde da laranja, doença responsável pelas piores perdas na fase de pós-colheita. Testes comprovaram que a agregação de quatro métodos – tratamento hidrotérmico por aspersão e escovação (Thae), radiação ultravioleta C, agentes de biocontrole e uso de compostos bioativos – conseguiu obter desempenho similar ao do controle químico por fungicidas, em um processo limpo e sustentável de manejo integrado da doença.

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo. Uma significativa parcela da produção se perde devido a doenças na pós-colheita, sendo o fungo Penicillium digitatum, que provoca o bolor verde, o principal causador dessas perdas. O bolor verde se caracteriza, inicialmente, por uma podridão mole na casca, que ganha tonalidade verde com a produção dos esporos do fungo. Esses esporos se desprendem facilmente quando a fruta é movimentada durante o armazenamento e transporte, resultando em rápida disseminação da doença, contaminação e comprometimento de todo o lote.

“A tecnologia que estamos propondo vem ao encontro do aumento na demanda de produtores e comerciantes do setor de citricultura por métodos eficazes e alternativos ao uso de fungicidas. O setor está dependente de apenas uma molécula química de fungicida para tratamento pós-colheita, que está gradativamente perdendo a eficiência no controle de doenças. Além disso, o tratamento hidrotérmico atualmente usado não tem apresentado eficácia no controle. Existe, também, uma demanda crescente do consumidor, cada vez mais esclarecido, por alimentos livres de resíduos de agroquímicos. A nossa tecnologia é limpa e não deixa nenhum resíduo tóxico”, explica Daniel Terao, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.

A adoção desse modelo agrega sustentabilidade à cadeia da citricultura e contribui com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS 12), que prevê assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. Mais especificamente, reduzir o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e também reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas na pós-colheita.

Inovação no tratamento hidrotérmico conjuga eficiência e economia

O método desenvolvido pela Embrapa mantém a sustentabilidade ao longo de todo o processo. Além de eliminar o descarte de agroquímicos tóxicos, as tecnologias utilizadas reduzem ainda o consumo de água e a necessidade de energia elétrica.

No Brasil, o tratamento hidrotérmico mais comum é por imersão das laranjas em água aquecida, em torno de 52 ºC durante cinco minutos. No entanto, além de usar grande volume de água quente não renovável, e do alto consumo de energia elétrica, não tem apresentado bons resultados. Ademais, acumula grande quantidade de detritos, matéria orgânica e propágulos dos fitopatógenos ao longo do dia. 

Já o tratamento hidrotérmico por aspersão e com escovação (Thae) é um processo que trata as frutas, enquanto giram sobre escovas rolantes, com spray de água quente em temperaturas mais elevadas que a imersão (de 55 °C a 70 °C), por um período curto de tempo (de 10 a 30 segundos), seguido imediatamente de aspersão com água fria a 15 °C, para cessar o efeito do calor.

Nos estudos sobre Thae verificou-se que, usando o binômio temperatura x tempo, de 55 oC por 30 segundos , houve controle de aproximadamente 67% de bolor verde em laranja Valência, além de aumentar o tempo de vida útil de prateleira dos frutos tratados, prolongando a firmeza, sem alterar o sabor da fruta. 

Terao explica que esse tratamento proporciona, além da limpeza superficial da fruta, um espalhamento da cera natural da casca, cobrindo e selando estômatos, que servem como locais de penetração e infecção pelo fungo. 

Fonte: Embrapa

Fotos: Reprodução/Embrapa

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