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Mais de 200 cientistas apontam mudanças urgentes e ações para recuperação da floresta amazônica

Juruena, MT, Brasil: Antônio Bento de Oliveira caminha em busca de castanheiras por área da reserva legal comunitária do assentamento Vale do Amanhecer. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um grupo de 200 cientistas e pesquisadores se reuniu para debater e analisar a situação em que se encontra a Floresta Amazônica, formando o SPA (Painel Científico para a Amazônia).

A iniciativa foi convocada pela SDSN (Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas) e gerou um relatório que especifica o contexto amazônico e aponta ações  a serem tomadas, com o objetivo de conservar a floresta e seus povos.

O relatório do SPA foi lançado oficialmente durante a COP26 (26ª Conferência das Partes), que aconteceu entre outubro e novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia.

Para a produção do “Relatório de Avaliação da Amazônia 2021”, foram realizadas várias etapas, com estudos, pesquisas, entrevistas com moradores locais e consultas públicas para tornar o resultado final completo e alinhado com a realidade amazônica.

O relatório aponta a necessidade de ações urgentes para conter o avanço do desmatamento e queimadas na Amazônia, antes que a área alcance o chamado ponto de não retorno, resultando em uma perda permanente da floresta tropical.

O Brasil, que responde por 60% da Bacia Amazônica, lidera o ranking de perda de área da floresta, com 457.237 km² de área desmatada entre 1988 e 2020. Os dados chamam a atenção para os anos de 2019 e 2020, período em que o desmatamento anual foi superior a 10.000 km², nível não alcançado desde 2008.

O relatório indica que, aproximadamente, 17% das florestas na Amazônia foram convertidas para outros usos da terra e pelo menos outros 17% foram degradados, com a expansão da agropecuária, especialmente a pecuária sendo o fator principal do desmatamento na Amazônia.

Apesar de se estender apenas pela América do Sul, a Amazônia desempenha um importante papel para todo o mundo e, consequentemente, sua degradação gera impactos mundiais. Tudo isso porque a Amazônia atua como um “ar-condicionado” gigante ao reduzir a temperatura da superfície da Terra e gerar chuvas. Os níveis de precipitação na floresta também impactam na vazão de rios, colaborando com 16 a 22% do total de rios que chegam aos oceanos do mundo. Além disso, serve como um “sumidouro” de carbono, um dos gases do efeito estufa, tendo entre 150 a 200 bilhões de toneladas de carbono armazenados no solo e na vegetação.

Para os cientistas integrantes do SPA, ainda existem maneiras para a recuperação da floresta e seu ecossistema. A prioridade  deve ser  as mais de 47 milhões de pessoas que vivem na Amazônia, incluindo aproximadamente 2,2 milhões de indígenas distribuídos em torno de 400 grupos e que falam mais de 300 idiomas.

Entre as conclusões do Painel Científico para a Amazônia, os cientistas e pesquisadores identificaram estratégias para contribuir para uma Amazônia Viva, apoiada nos pilares de valorização de medidas para conservar, restaurar e remediar os sistemas terrestres e aquáticos; no desenvolvimento de políticas inovadoras de bioeconomia e estruturas institucionais para o bem-estar humano-ambiental; e no fortalecimento da cidadania e da governança amazônica.

O Copresidente da SDSN Amazônia, Adalberto Val, frisa a importância do trabalho para a conservação da floresta.

“Para mim, foi um prazer integrar o Comitê Gestor do Painel Científico da Amazônia, um trabalho intenso e profundo, e que teve como resultado um relatório completo, com três volumes, que abrangem desde questões geológicas, culturais, até os impactos da perda florestal e da degradação ambiental, além de apresentar soluções e recomendações para a Amazônia. Por isso, trata-se de um trabalho único, que servirá de referência para ações seguras direcionadas à inclusão social, geração de renda, redução dos impactos climáticos e conservação ambiental do singular bioma amazônico”, explica.

*Fotos e texto: Comunicação FAS

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