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Locação de caminhões no Brasil está ganhando terreno em razão da falta de liquidez das empresas

Agronegócio está entre os setores que mais demandam o serviço de locação. Cálculos indicam que o custo do aluguel chega a ser 30% menor que o da aquisição de um caminhão

A crise provocada pelo coronavírus está acelerando o segmento de locação de caminhões e contribuindo com montadoras na retomada da produção. Diante da falta de liquidez no mercado em razão da insegurança do setor financeiro em liberar crédito, várias empresas estão optando por essa modalidade.

Segundo locadoras, além de não imobilizar capital, o aluguel dispensa a empresa de serviços de manutenção. Para as fabricantes dos veículos, ajuda a amenizar a alta ociosidade das fábricas, que este ano deve ficar em cerca de 80% da capacidade instalada.

o Grupo Vamos, da JSL, com 13,5 mil unidades para locação, foi responsável nos últimos 12 meses por 4% das vendas de caminhões das montadoras, informa o presidente da locadora Gustavo Couto,  a maior do Brasil no segmento. Criada no fim de 2015 em São Paulo, a empresa registrou crescimento de 30% ao ano, ritmo mantido mesmo no período de pandemia.

Custo do aluguel é 30% menor que o da aquisição.

Couto afirma que, da frota total de caminhões em circulação no país, apenas 1% é alugada. Ele acredita que a participação da modalidade vai crescer, pois as empresas estão percebendo que não é preciso “carregar o custo de ter a propriedade do caminhão”, que implica, por exemplo, em ter equipe para administrar a frota e sua manutenção. Cálculos indicam que o custo do aluguel chega a ser 30% menor que o da aquisição.

O grupo tem mais de 400 contratos e também atua na locação de máquinas agrícolas. Os setores que mais demandam o serviço, segundo Couto, são os de agronegócio, logística e transporte, varejo e serviços como de telefonia, distribuição de energia e coleta de lixo. Os preços de locação partem de R$ 3 mil ao mês.

Um dos principais fornecedores do Grupo Vamos, a Volkswagen Caminhões e Ônibus tem cerca de 15% de sua produção voltada às locadoras. Em 27 de abril, a empresa e a Scania foram as primeiras montadoras a retomar atividades após as paradas de mais de um mês em razão da pandemia.

O presidente da VWCO, Roberto Cortes, diz que a locação “está ganhando terreno em razão da falta de liquidez das empresas” para adquirir veículos próprios neste momento. O complexo da empresa em Resende (RJ) emprega 4,5 mil pessoas, e apenas 1 mil voltaram ao trabalho por enquanto.

Expectativa de aumento de 50% nas vendas

A Mercedes-Benz espera um aumento de mais de 50% nas vendas de caminhões para clientes de locadoras neste ano em relação a 2019. Roberto Leoncini, vice-presidente da divisão de caminhões, afirma que a demanda está aquecida pois várias empresas passaram a ver o aluguel como nova alternativa.

O aluguel de caminhões torna-se opção para empresas com capacidade de caixa impactada neste momento para investimentos.” Em sua opinião, a demanda deve vir de atividades básicas como coleta de lixo, limpeza urbana e empresas de distribuição de energia, que precisam de caminhões para manter suas atividades.

A Scania informa que têm recebido muitas consultas de locadoras mas não fechou nenhum negócio ainda. A empresa retomou atividades com equipe completa, dividida em dois turnos. Na semana passada, recebeu da PepsiCo encomenda de 18 caminhões movidos a GNV e/ou biometano, tecnologia lançada recentemente. As primeiras entregas estão previstas para agosto.

O presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Paulo Miguel Junior, não tem números específicos da locação de caminhões neste ano, mas afirma que o segmento está crescendo bastante. Um dos setores que tem usado a modalidade, diz, é o da construção civil, que não suspendeu atividades na quarentena.

Texto Dulce Maria Rodriguez com informação do Canal Rural

Fotos: Reprodução

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